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São Paulo, segunda-feira, 17 de novembro de 2003

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FUTEBOL

Acossado pelo Peru, time perde controle da bola e reage com antifutebol

Brasil bate, toma cartão, dá chutão e esquece Parreira

DO ENVIADO A LIMA

O primeiro tropeço do Brasil nas eliminatórias coincidiu com a falta de brilho e o excesso de violência dos brasileiros, que só empataram em 1 a 1 com o Peru, ontem, no estádio Monumental.
Os toques refinados das duas primeiras rodadas do classificatório sul-americano deram lugar ao futebol "brucutu" no Peru. Recorde de faltas e os primeiros amarelos marcaram o jogo que tirou do Brasil a liderança do torneio.
Sem Roberto Carlos e Ronaldinho, cortados por causa de contusão, a seleção brasileira perdeu em finalizações, cruzamentos, posse de bola e qualidade de passe, as principais características do time de Carlos Alberto Parreira. O meio-campo com três volantes (Emerson, Gilberto Silva e Zé Roberto) não conseguia armar as jogadas. As chances do time se limitaram a lances de Kaká e Rivaldo.
O limitado Peru passou melhor (85% de eficiência x 79,3%) e teve mais posse de bola (56% x 44%) que os brasileiros -a primeira "lição" da cartilha de Parreira.
A performance do Brasil foi o avesso do que havia ocorrido nos dois primeiros jogos das eliminatórias: poucos passes (288 contra média de 441 diante de Colômbia e Equador), muitos chutões (Dida, por exemplo, errou as 12 reposições de bola que tentou com chutes longos), poucos cruzamentos e o sumiço dos dribles.
A média de faltas explodiu. O mesmo time que havia cometido só sete faltas contra a Colômbia e 13 contra o Equador derrubou os adversários 26 vezes ontem. Quatro brasileiros (Emerson, Gilberto Silva, Alex e Zé Roberto) saíram de campo com o cartão amarelo -o que não tinha acontecido nenhuma vez nestas eliminatórias.
"O fato de o time levar cartões não tem relação com a violência", afirmou o técnico Parreira.
O nervosismo tomou conta até de Dida, que só não comprometeu o jogo porque os peruanos não aproveitaram as suas falhas depois que Rivaldo, de pênalti, abriu o placar aos 21min.
Kaká, que logo no primeiro minuto havia perdido boa chance depois de ter recebido passe de Rivaldo, serviu o companheiro de Milan, que foi derrubado dentro da área. Pênalti cobrado e convertido pelo próprio Rivaldo.
O resultado favorável não mudou o panorama do jogo. A marcação falha obrigava os brasileiros a apelarem para as faltas.
Os peruanos só saíram para o intervalo em desvantagem porque não acertaram o pé -tentaram cinco chutes contra Dida, mas acertaram apenas um.
"O time precisa avançar mais. Estamos dando espaço no meio-campo", disse Kaká no intervalo.
No segundo tempo, o "espaço" continuou aberto e os peruanos, rápidos pelas laterais, passaram apostar nas bolas alçadas.
Tentaram três vezes até que Solano, aos 13min, acertou cabeceio e empatou a partida. O poder ofensivo do Brasil foi ainda pior no segundo tempo -seis chutes.
As melhores chances caíram nos pés de Ronaldo, que teve até um gol anulado pelo juiz aos 25min. Mas as finalizações brasileiras poucos problemas causaram para o goleiro Ibáñez. Já Dida trabalhou para assegurar o empate com o Peru, que também não demonstrou entusiasmo com o resultado. "Este resultado não é excelente, mas é satisfatório", resumiu o técnico do Peru, Paulo Autuori. (PAULO COBOS)


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