São Paulo, sexta-feira, 17 de novembro de 2006

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quase

Brasil cai de virada, e prata repete 94

Invicta com Zé Roberto desde 2004, seleção feminina perde da Rússia no tie-break da decisão do Mundial de vôlei

Seleção fica a dois pontos de fechar, mas, como nos Jogos de Atenas, permite reação e sacramenta equipe russa como sua maior algoz

MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

O sentimento era ambíguo ao fim da partida em Osaka. A medalha de prata no pescoço das atletas simbolizava a volta do país ao topo do Mundial de vôlei. Desde 1994, primeira e única vez, um time feminino não subia ao pódio do torneio.
Mas, para uma seleção que construiu invicta seu caminho à final e desde 2004 só acumulava vitórias, a prata era pouco. O time do técnico José Roberto Guimarães novamente parou diante da Rússia. O Brasil chegou a estar a dois pontos de fechar o jogo, mas permitiu a virada de sua maior rival: 15/25, 25/23, 25/18, 20/25 e 15/13. Apesar de ser o sexto título, a conquista no Japão também representa um feito para as européias. A equipe desde 1990 não conquistava o Mundial.
A forma como aconteceu a derrota na madrugada de ontem lembrou, e muito, a Olimpíada de Atenas. Na semifinal, diante da mesma Rússia, o Brasil desperdiçou quatro chances de fechar o jogo e sucumbiu.
Após ficar em quarto lugar, Zé Roberto iniciou uma reformulação. Veteranas perderam espaço, e o técnico resgatou atletas que estiveram no Mundial-2002, quando, em crise, o time amargou o sétimo posto. Desde então, só vitórias.
E, neste Mundial, as apostas se confirmaram. Os destaques foram a oposto Sheilla e a ponta Jaqueline, quase impecáveis. Fabiana se firmou no meio-de-rede, e Fabi, como líbero.
"É a primeira vez que perdemos uma final. Agora é levantar a cabeça e aprender com o que aconteceu. É uma pena, o grupo merecia", disse Fofão, 36, única remanescente do time medalha de prata em São Paulo, que contava com Ana Moser, Fernanda Venturini e Bernardinho.
Como naquela época -Ana Moser, por exemplo, tinha 24 anos-, a equipe atual também é jovem. A diferença é que a seleção de 1994 ainda não havia obtido títulos expressivos.
Apesar da derrota na final, Zé Roberto disse ter ficado satisfeito com o desempenho de suas jogadoras. Ainda vê Pequim-2008 como seu principal alvo. Por isso, sua primeira preocupação agora é como recuperar o astral do elenco. "Precisamos de muita força para manter o grupo assim, coeso, alegre, no qual as jogadoras sempre incentivam umas às outras", afirmou o treinador.
"Atingimos quase todos os objetivos traçados e precisamos acreditar cada vez mais nos nossos sonhos", completou. No Mundial, a equipe deu grandes sinais de maturidade.
Primeiro para superar as lesões de Fofão, Fabiana e Sassá, desfalques constantes. Depois, nas vitórias sobre a Rússia e a China, de virada, que colocaram o país em situação confortável. Ontem, porém, as jogadoras voltaram a cometer vacilos.
"Tentamos, fizemos tudo o que foi possível. Lutamos até o final, nos afobamos e elas tiveram seus méritos. Não foi desta vez", disse a oposto Sheilla.


BRASIL - Fofão (3 pontos), Sheilla (22), Walewska (5), Fabiana (16), Jaqueline (19), Sassá (4), Fabi; Carol, Renatinha (3), Mari (9), Carol Gattaz;
RÚSSIA - Akulova (4), Gamova (28), Merkulova (9), Borodakova (3), Godina (13), Sokolova (19), Kryuchkova; Safronova (1), Bruntseva, Kulikova, Sheshenina.


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