São Paulo, domingo, 17 de dezembro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Fifa faz pente-fino em agentes credenciados

RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL A ROMA

Depois de tantos passaportes falsos de jogadores e negociações suspeitas de atletas, a Fifa decidiu mudar o seu sistema de agenciamento de empresários.
A decisão foi tomada em meio ao encontro da máxima entidade do futebol em Roma, na Itália, no último final de semana.
Agora, para um empresário ser oficializado como ""Agente Fifa" terá que passar por uma rigorosa entrevista e providenciar uma apólice de seguros. Antes, bastava o depósito de uma garantia bancária de cerca de US$ 100 mil e a apresentação de atestado de antecedentes criminais para ter a licença -entrevistas eram uma opção das federações nacionais.
""É um regulamento totalmente novo. Queremos que as federações nacionais tenham controle agora sobre a atuação dos empresários", disse Michel Zen-Ruffinen, secretário-geral da Fifa.
Pelo regulamento da Fifa, só seus agentes credenciados podem fazer transações internacionais.
Vários empresários no Brasil conseguiram virar Agentes Fifa nos últimos anos -hoje, são 19 agentes credenciados no país.
Mesmo com o rótulo da entidade, alguns empresários, como o uruguaio Juan Figer, estão sob suspeita de produzirem passaportes falsos para atletas do país que vão à Europa -Figer cuidou, por exemplo, da transferência frustrada de Edu, do Corinthians, para o Arsenal, da Inglaterra.
""Tivemos que rever o credenciamento para os Agentes Fifa", disse Zen-Ruffinen.
No Brasil, chegou a ser criada uma associação com os Agentes Fifa. O grupo reúne os empresários mais conhecidos do futebol brasileiro. Mesmo esses agentes de jogadores deverão passar agora por uma ""triagem" na entidade presidida por Joseph Blatter.
A operação ""pente fino" da Fifa nos agentes deverá começar efetivamente no ano que vem.
A tendência é que o número de Agentes Fifa diminua -hoje são mais de 600 em todo o mundo.
As Justiças de Inglaterra, Itália e Portugal têm investigações adiantadas sobre os casos recentes de falsificação de passaportes de jogadores não-comunitários, especialmente os sul-americanos.
Os empresários é que cuidariam das falsificações, o que acaba beneficiando os atletas e os clubes na Europa -os jogadores com alguma cidadania européia não ocupam vaga de ""estrangeiro".
A Europa também passou a questionar bastante nesta temporada os altos valores que estão sendo pagos pelos atletas. O português Figo custou quase US$ 60 milhões ao Real Madrid e estabeleceu um novo recorde para o mercado do futebol mundial.
Na Itália e na Espanha, os clubes mais ricos já chegam a investir mais de US$ 100 milhões em contratações de jogadores.
Até o Vaticano fez pronunciamento oficial contra os altos valores do mercado do futebol atual.
Na Itália, onde a cúpula da Fifa esteve reunida na última semana, suspeita-se que algumas transações de jogadores seriam, na verdade, lavagem de dinheiro.


Texto Anterior: Rivais saem na frente na luta pelo Mundial
Próximo Texto: Panorâmica: Brasileiro decide Masters da Copa Ericsson
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.