São Paulo, domingo, 17 de dezembro de 2000

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São Caetano obtém destaque nacional também nos esportes olímpicos
A cidade da bola e do resto


Com investimento de R$ 1,5 milhão por ano, município mandou 19 atletas a Sydney e participou da conquista de 3 medalhas do país


FERNANDO ITOKAZU
DA REPORTAGEM LOCAL

Como no futebol, a cidade de São Caetano também conseguiu destaque nos esportes olímpicos com ""pouco dinheiro" em 2000.
Enquanto o Vasco gastou cerca de R$ 30 milhões neste ano em seu projeto olímpico, a Prefeitura de São Caetano investiu 20 vezes menos: R$ 1,5 milhão.
Com 19 representantes entre os 205 atletas da delegação brasileira (9,26%), São Caetano do Sul, na região do ABC, participou da conquista de 3 medalhas (todas de prata) das 12 obtidas pelo Brasil (25%) na Olimpíada de Sydney.
O leve Tiago Camilo e o médio Carlos Honorato defendem o judô da cidade. E os velocistas Claudinei Quirino, André Domingos e Edson Ribeiro, do revezamento 4 x 100 m rasos, são da equipe São Caetano/Funilense, a mais tradicional do atletismo brasileiro.
Também neste ano, a cidade de 15 km quadrados, de cerca de 140 mil habitantes (segundo o censo do IBGE de 1996) e considerado pela ONU em 1998 o município brasileiro com melhores condições de vida, conquistou o tetracampeonato dos Jogos Abertos, torneio que reuniu cerca de 6.000 atletas de 130 municípios do interior do Estado de São Paulo.
O destaque esportivo da cidade é resultado de um projeto iniciado no período de 1989 a 1992, no primeiro mandato do prefeito Luiz Tortorello (PTB), de acordo com o diretor do Detur (Departamento de Esporte e Turismo) de São Caetano, Walter Figueira Jr.
Segundo Figueira, o desenvolvimento mais consistente, porém, só aconteceu a partir de 1997, quando o prefeito foi eleito para o seu segundo mandato.
Desde então, a prefeitura vem investindo R$ 1,5 milhão por ano em 28 modalidades esportivas.
Essa quantia é dividida em dois segmentos: o esporte de alto rendimento e o PEC (Programa Esportivo Comunitário).
No primeiro, o plano é contratar ídolos para conquistar títulos para a cidade e estimular os iniciantes com aulas e clínicas.
""Foi isso que fizemos com o Aurélio Miguel, quando ele defendeu São Caetano", afirma Figueira.
O judoca, campeão olímpico em Seul-88 e medalha de bronze em Atlanta-96, integrou a equipe da cidade de 91 a 92 e de 97 e 98, até ser contratado pelo Flamengo.
Segundo o Detur, 945 atletas representam a cidade neste ano.
No segundo, um dos objetivos é a formação de atletas. O programa, que abrange participantes a partir dos 5 anos, contava com 5.606 matrículas até novembro.
Esses participantes estão distribuídos em 17 centros esportivos (entre clubes e parques).
O diretor de São Caetano também ressaltou o investimento feito na infra-estrutura da cidade.
Desde o início do atual mandato de Tortorello, Figueira destaca a construção um piscina semiolímpica e a reforma de outra, olímpica, ambas cobertas e aquecidas, dois ginásios poliesportivos e uma pista de atletismo.
A supervisora do Detur, Maria Aparecida Benta Apone, destaca também o investimento em recursos humanos feito pelo município. Segundo ela, são 79 profissionais, entre técnicos do esporte de rendimento e os professores do PEC, envolvidos no projeto.
Figueira informa que a prefeitura costuma fornecer basicamente a infra-estrutura e as demais despesas são pagas pelos patrocinadores de cada modalidade.
Ironicamente, a equipe de judô, uma das mais destacadas de São Caetano, não possui nenhum patrocinador (leia texto abaixo).
De acordo com Figueira, a tendência é que a política esportiva da cidade continue, já que o prefeito Tortorello foi eleito para seu terceiro mandato com 78,21% dos votos no primeiro turno.
A oposição da cidade, porém, faz críticas ao projeto esportivo da atual administração.
Para o vereador Horácio Neto, presidente do diretório municipal do PT, os resultados obtidos acontecem apenas pela contratação de atletas já consagrados.
""Muitos desses atletas nunca apareceram na cidade. Além disso, não adianta nada construir obras e não haver recursos para utilizá-las", disse Horácio Neto.
De acordo com o vereador, uma das novas quadras está sendo utilizada para reuniões de pais, já que falta material esportivo e profissionais habilitados.


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