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TÊNIS
Socorro!
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
Idéias fantásticas e palavras otimistas não faltaram
quando Gustavo Kuerten, ainda
cara de menino e há quase sete
anos, ergueu seu primeiro troféu
em Roland Garros e colocou o tênis nas manchetes dos jornais.
Foi aí, naquele 1997, a descoberta geral de uma modalidade outrora elitista, a consagração de
um esporte cuja prática acabava
restrita "a uma panelinha".
Fala-se, desde então, em construir quadras país afora, de capacitar milhares de professores para
divulgar o esporte, de arranjar
um meio para baixar os preços
das raquetes, das bolinhas.
Fala-se também, e muito, em
um centro de treinamento nacional, que reúna os melhores infanto-juvenis do país em um só lugar,
onde pudessem ter orientação de
especialistas como médicos, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas, além de, obviamente, treinar com ex-tenistas, experientes.
Fala-se muito, desde então, em
crescer para todos os lados.
Fala-se bastante em ter um calendário nacional inteligente, um
circuito organizado e forte, que
privilegie a formação de novos tenistas, de mais dois ou três Gugas.
Percebe-se, porém, que nada
disso saiu do papel, que ficou tudo no discurso, nas boas intenções. Chegamos à triste conclusão
de que a oportunidade não foi
aproveitada e que, no fundo, perdemos nosso tempo.
Essa frustração é, enfim, transferida para a Confederação Brasileira de Tênis, a quem caberia
fomentar o esporte, liderar sua
expansão e sua popularização.
Inoperante, a atual administração da CBT não conseguiu, em sete longos anos, mostrar a que
veio. Projetos eficientes e boas
idéias em execução? Planejamento estratégico? Nada a registrar.
Por isso tudo, o anúncio de que
havia um grupo de oposição à
atual gestão foi recebido com certo alívio, alegria até.
Afinal, como ser contra a quem
é contra essa administração?
Acontece que os que são contra
hoje eram, até há poucos meses, a
favor. Os que hoje alimentam as
suspeitas contra a CBT são os
mesmos senhores que, até pouco
tempo atrás, riam e sorriam do
outro lado do balcão, endossando
tudo o que era feito.
Essa incoerência amedronta
aqueles que, no primeiro momento, colocaram-se a favor da mudança na direção da CBT. Tenistas que antes assinavam embaixo
o movimento por renovação agora exigem calma e, gentilmente,
pedem que seus nomes não fiquem vinculados à oposição.
Bons dirigentes (sim, eles também existem) já trazem consigo
suspeitas em relação às reais intenções da oposição; pais de jovens tenistas que se empolgavam
com o grupo contrário agora já se
mostram mais reticentes.
Se já se tem a certeza de que o
caminho seguido nestes últimos
anos pela CBT não é o desejado,
começa a comunidade do tênis a
perceber que também não é com
essa oposição que chegaremos lá.
O que fazer a partir de agora?
Deixar que situação e oposição
continuem fazendo o que sempre
fizeram: cuidando de seus negócios. E torcer que alguém escute o
nosso grito de socorro e apareça
para nos salvar.
Começo de ano
O Harmonia recebe o qualifying nacional que dará uma vaga, de
convidado, no Torneio da Costa do Sauípe. Entre os favoritos à vaga,
Marcos Daniel, André Sá, Alexandre Simoni e Pedro Braga.
Meio ano
Torneio da Costa do Sauípe e Roland Garros são as prioridades de
Gustavo Kuerten para o primeiro semestre.
Fim de ano
Ricardo Hocevar e Bárbara Costa ganharam o Masters da CBT, em
Serra Negra. Victor Melo e Carla Caetano (16 anos), Fernando Romboli e Natasha Lotuffo (14 anos) e Bruno Orlandini e Nicole Herzog
(12 anos) foram os outros campeões. O circuito teve oito etapas.
E-mail reandaku@uol.com.br
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