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CIDA SANTOS
A palavra de Ricardinho
O levantador diz que nunca pensou em jogar pela seleção italiana e que sempre teve orgulho de defender o Brasil
DEPOIS DE QUATRO meses e
três dias em silêncio, o levantador Ricardinho resolveu
falar -e escolheu esta coluna. Recebi um e-mail dele propondo uma entrevista por telefone. Ele diz que decidiu quebrar o silêncio porque,
mesmo quieto, não param de circular informações equivocadas.
Ricardinho está revoltado com a
informação, divulgada na última semana, de que iria abrir mão da seleção brasileira, viraria cidadão italiano e poderia defender o país europeu dentro de dois anos.
"Isso é uma mentira. Em nenhum
momento passou pela minha cabeça
trair o meu país. Nunca pensei em
jogar pela seleção italiana. Para
mim, sempre foi um orgulho muito
grande defender a seleção brasileira", comenta o levantador.
O que está acontecendo é o seguinte: o presidente da Federação
Internacional de Vôlei, Ruben Acosta, anunciou a possibilidade de restringir para dois o número de estrangeiros nas ligas nacionais. O
Modena, equipe dele na Itália, hoje
conta com cinco brasileiros.
Os jogadores com ascendência italiana, ou casados com mulheres
também com ascendência italiana,
podem tirar o passaporte do país. Ricardinho e o central Sidão são os
dois estrangeiros do Modena que se
encaixam nesse perfil.
"Não estou correndo atrás da cidadania italiana. Já tenho cidadania
espanhola há cinco anos", afirma o
levantador, que é filho de espanhol.
Quem está iniciando o processo
para tirar o passaporte italiano é a
sua mulher, Fabiane.
Depois que ela obtiver o documento, basta registrar o casamento
deles no país para Ricardinho ter direito ao passaporte italiano.
Como o contrato dele com o Modena vai até 2012, o levantador diz
que o passaporte italiano vai facilitar
a vida da sua família no país. "Para as
crianças na escola, para viajar. Vai ficar tudo mais fácil", diz o jogador.
O atacante Giba, por exemplo,
tem passaporte italiano há mais de
dois anos e nem por isso deixou de
defender a seleção brasileira.
O que pode acontecer é que daqui
a dois, três anos, se por acaso entrar
em vigor a norma que restringe o
número de estrangeiros por time, o
levantador, com o novo passaporte
na mão, pode, se quiser, jogar como
italiano no Modena.
Antes do corte, Ricardinho, 32, e
Giba, 31, tinham planos de defender
a seleção até os Jogos de Pequim, em
2008, quando teriam a chance de
conquistar o bicampeonato olímpico. Mas, nos últimos tempos, os dois
já estudavam a possibilidade de continuar até o Mundial de 2010.
Ou seja, se o levantador atuar como italiano, no Modena, será somente em 2010, ano que sempre traçou como limite para encerrar a carreira na seleção brasileira.
Para terminar, o assunto mais
aguardado: o possível retorno à seleção. Sobre esse tema, poucas palavras do levantador. "Eu não tenho o
que falar. Eu fui cortado", afirmou.
cidasan@uol.com.br
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