São Paulo, segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

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CIDA SANTOS

A palavra de Ricardinho

O levantador diz que nunca pensou em jogar pela seleção italiana e que sempre teve orgulho de defender o Brasil

DEPOIS DE QUATRO meses e três dias em silêncio, o levantador Ricardinho resolveu falar -e escolheu esta coluna. Recebi um e-mail dele propondo uma entrevista por telefone. Ele diz que decidiu quebrar o silêncio porque, mesmo quieto, não param de circular informações equivocadas.
Ricardinho está revoltado com a informação, divulgada na última semana, de que iria abrir mão da seleção brasileira, viraria cidadão italiano e poderia defender o país europeu dentro de dois anos.
"Isso é uma mentira. Em nenhum momento passou pela minha cabeça trair o meu país. Nunca pensei em jogar pela seleção italiana. Para mim, sempre foi um orgulho muito grande defender a seleção brasileira", comenta o levantador.
O que está acontecendo é o seguinte: o presidente da Federação Internacional de Vôlei, Ruben Acosta, anunciou a possibilidade de restringir para dois o número de estrangeiros nas ligas nacionais. O Modena, equipe dele na Itália, hoje conta com cinco brasileiros.
Os jogadores com ascendência italiana, ou casados com mulheres também com ascendência italiana, podem tirar o passaporte do país. Ricardinho e o central Sidão são os dois estrangeiros do Modena que se encaixam nesse perfil.
"Não estou correndo atrás da cidadania italiana. Já tenho cidadania espanhola há cinco anos", afirma o levantador, que é filho de espanhol.
Quem está iniciando o processo para tirar o passaporte italiano é a sua mulher, Fabiane.
Depois que ela obtiver o documento, basta registrar o casamento deles no país para Ricardinho ter direito ao passaporte italiano.
Como o contrato dele com o Modena vai até 2012, o levantador diz que o passaporte italiano vai facilitar a vida da sua família no país. "Para as crianças na escola, para viajar. Vai ficar tudo mais fácil", diz o jogador.
O atacante Giba, por exemplo, tem passaporte italiano há mais de dois anos e nem por isso deixou de defender a seleção brasileira.
O que pode acontecer é que daqui a dois, três anos, se por acaso entrar em vigor a norma que restringe o número de estrangeiros por time, o levantador, com o novo passaporte na mão, pode, se quiser, jogar como italiano no Modena.
Antes do corte, Ricardinho, 32, e Giba, 31, tinham planos de defender a seleção até os Jogos de Pequim, em 2008, quando teriam a chance de conquistar o bicampeonato olímpico. Mas, nos últimos tempos, os dois já estudavam a possibilidade de continuar até o Mundial de 2010.
Ou seja, se o levantador atuar como italiano, no Modena, será somente em 2010, ano que sempre traçou como limite para encerrar a carreira na seleção brasileira.
Para terminar, o assunto mais aguardado: o possível retorno à seleção. Sobre esse tema, poucas palavras do levantador. "Eu não tenho o que falar. Eu fui cortado", afirmou.


cidasan@uol.com.br

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