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JUCA KFOURI
Palmeiras, Serra e o conto da CBF
A Fifa pode dizer o que quiser em relação aos campeões mundiais de clubes. O mundo sabe bem quem são eles
O MILAN é tetracampeão mundial de clubes depois de derrotar, com sobras, o Boca Juniors, vítima de um rigor exagerado
da Fifa que não permitiu a participação de Riquelme em seu torneio,
mesmo que ele tenha disputado a
Libertadores pela equipe portenha.
Indiscutíveis 4 a 2.
Mas o Milan é tetracampeão só
para nós, amantes do futebol. Porque pela Fifa não é não.
Para a entidade, o Milan é o primeiro clube europeu a ser campeão
mundial, depois que três clubes brasileiros o foram de 2000 para cá.
Decisão do Comitê Executivo da
Fifa, registre-se, algo bem mais sério
do que a produção dos jornalistas
que fazem sua página na internet,
com mais erros do que os deste colunista -que, ao menos, não trabalha
para nenhum órgão "oficial".
Por mais que os europeus sempre
tenham tratado a Copa Intercontinental como tal, o fato é que a América do Sul sempre a tratou como
equivalente ao título mundial.
E por quê?
Porque era. E é.
América do Sul que ganhou 25 dos
47 títulos interclubes disputados
com os europeus e nove, a metade,
das Copas do Mundo de seleções e
que, portanto, deve ser levada em
conta por quem cuida da cultura do
futebol mundial.
Ou alguém vai nos convencer de
que o Santos de Pelé, o Flamengo de
Zico, o Grêmio de Renato Gaúcho e
o São Paulo de Telê não foram campeões mundiais?
Bobagem. E das grossas.
A decisão tem, porém, o efeito de
ser mais uma demonstração de como é pouco sério o presidente da
CBF, que informou, com pompa e
circunstância, em palácio, ao governador de São Paulo, que o Palmeiras
seria reconhecido como campeão
mundial por ter vencido a Copa Rio
em 1951.
Serra, serra, serrador, serra o papo
do governador, brincou Ricardo Teixeira com o palestrino militante que
ora ocupa o posto mais alto do Estado mais importante do país.
E José Serra acreditou, apesar de
não poder ser ingênuo alguém que já
foi presidente da UNE, deputado federal, senador, secretário de Estado,
ministro, candidato à Presidência da
República etc. Acreditou tanto que
serrou (sem trocadilhos, hein) fileiras com outros 11 governadores no
convescote homologatório, em Zurique, que anunciou o Brasil como
sede da Copa de 2014.
E até aceitou convite para entregar a Rogério Ceni o troféu de craque do ano na festa da CBF, no Rio,
embora, no último instante, tenha
preferido ir a Belo Horizonte se encontrar com Aécio Neves.
Trocou seis por meia dúzia, é verdade, mas ficou em seu mundo, com
falsidades de outro tipo.
Será que Serra pedirá desculpas
aos seus camaradas palmeirenses?
Ou, mais importante, será que
Serra se convencerá de que São Paulo não tem por que se curvar diante
da CBF, mas, ao contrário, só exigir a
parte que lhe cabe na Copa de 2014,
sem rapapés diante de gente tão despreocupada com a seriedade?
Porque não só seus eleitores ficarão ao seu lado caso haja alguma retaliação como, também, é óbvio que,
se Teixeira puder escolher entre ele
e Aécio Neves, entre São Paulo e Minas, a escolha já está feita.
E o Palmeiras perderá de novo.
blogdojuca@uol.com.br
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