São Paulo, segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

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JUCA KFOURI

Palmeiras, Serra e o conto da CBF

A Fifa pode dizer o que quiser em relação aos campeões mundiais de clubes. O mundo sabe bem quem são eles

O MILAN é tetracampeão mundial de clubes depois de derrotar, com sobras, o Boca Juniors, vítima de um rigor exagerado da Fifa que não permitiu a participação de Riquelme em seu torneio, mesmo que ele tenha disputado a Libertadores pela equipe portenha. Indiscutíveis 4 a 2.
Mas o Milan é tetracampeão só para nós, amantes do futebol. Porque pela Fifa não é não. Para a entidade, o Milan é o primeiro clube europeu a ser campeão mundial, depois que três clubes brasileiros o foram de 2000 para cá.
Decisão do Comitê Executivo da Fifa, registre-se, algo bem mais sério do que a produção dos jornalistas que fazem sua página na internet, com mais erros do que os deste colunista -que, ao menos, não trabalha para nenhum órgão "oficial".
Por mais que os europeus sempre tenham tratado a Copa Intercontinental como tal, o fato é que a América do Sul sempre a tratou como equivalente ao título mundial.
E por quê?
Porque era. E é.
América do Sul que ganhou 25 dos 47 títulos interclubes disputados com os europeus e nove, a metade, das Copas do Mundo de seleções e que, portanto, deve ser levada em conta por quem cuida da cultura do futebol mundial.
Ou alguém vai nos convencer de que o Santos de Pelé, o Flamengo de Zico, o Grêmio de Renato Gaúcho e o São Paulo de Telê não foram campeões mundiais?
Bobagem. E das grossas.
A decisão tem, porém, o efeito de ser mais uma demonstração de como é pouco sério o presidente da CBF, que informou, com pompa e circunstância, em palácio, ao governador de São Paulo, que o Palmeiras seria reconhecido como campeão mundial por ter vencido a Copa Rio em 1951.
Serra, serra, serrador, serra o papo do governador, brincou Ricardo Teixeira com o palestrino militante que ora ocupa o posto mais alto do Estado mais importante do país.
E José Serra acreditou, apesar de não poder ser ingênuo alguém que já foi presidente da UNE, deputado federal, senador, secretário de Estado, ministro, candidato à Presidência da República etc. Acreditou tanto que serrou (sem trocadilhos, hein) fileiras com outros 11 governadores no convescote homologatório, em Zurique, que anunciou o Brasil como sede da Copa de 2014.
E até aceitou convite para entregar a Rogério Ceni o troféu de craque do ano na festa da CBF, no Rio, embora, no último instante, tenha preferido ir a Belo Horizonte se encontrar com Aécio Neves.
Trocou seis por meia dúzia, é verdade, mas ficou em seu mundo, com falsidades de outro tipo.
Será que Serra pedirá desculpas aos seus camaradas palmeirenses?
Ou, mais importante, será que Serra se convencerá de que São Paulo não tem por que se curvar diante da CBF, mas, ao contrário, só exigir a parte que lhe cabe na Copa de 2014, sem rapapés diante de gente tão despreocupada com a seriedade?
Porque não só seus eleitores ficarão ao seu lado caso haja alguma retaliação como, também, é óbvio que, se Teixeira puder escolher entre ele e Aécio Neves, entre São Paulo e Minas, a escolha já está feita.
E o Palmeiras perderá de novo.


blogdojuca@uol.com.br

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