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São Paulo, sábado, 18 de janeiro de 2003

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Brasil poupa equipes estrangeiras, mas ignora competições locais na hora de fazer seu calendário

Seleção bagunça ano dos clubes

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

No novo calendário do futebol brasileiro, a seleção nacional vai proteger em 2003 os clubes estrangeiros e bagunçar a programação das equipes locais.
Todos os compromissos do time treinado agora por Carlos Alberto Parreira na temporada estão agendados para datas em que o futebol de clubes na Europa vai estar parado. Já as agremiações brasileiras podem ficar desfalcadas até em momentos decisivos de torneios internacionais.
Em competições oficiais, a seleção brasileira vem sendo dividida nos últimos anos por atletas "estrangeiros" e jogadores que atuam em clubes do país.
Assim, uma dezena de futebolistas estará servindo o time administrado pela CBF enquanto seus clubes jogam torneios oficiais.
Isso acontecerá logo na estréia da seleção na temporada, no próximo dia 12 de fevereiro, em amistoso contra a China na Ásia.
O confronto acontece numa data em que praticamente todos os Estaduais têm rodadas marcadas. A viagem da delegação está prevista para o dia 8. Assim, quem pertencer a um clube que irá atuar em 9 de fevereiro, um domingo, também não poderá jogar.
Já os "estrangeiros" só irão para a China após a rodada de final de semana. No dia do confronto, não haverá jogos de clubes na Europa.
O pior, no entanto, vai acontecer na Copa das Confederações, na segunda quinzena de junho.
O certame, organizado pela Fifa e que vai acontecer já no recesso europeu, está agendado para a mesma época que as finais da Libertadores. Assim, jogadores elogiados por Parreira, como os santistas Diego e Robinho e os corintianos Kléber e Gil, podem desfalcar suas equipes no momento mais importante da temporada.
No segundo semestre também devem acontecer problemas. Com a necessidade de 46 datas para a realização do Campeonato Brasileiro de pontos corridos com turno e returno, será muito difícil a colocação de "janelas" na tabela do Nacional para que a seleção possa convocar todos os atletas disponíveis para os jogos das eliminatórias sul-americanas.

"Bom senso"
O comando da seleção só pretende aliviar a situação dos clubes brasileiros nos amistosos.
"Nesse primeiro jogo, contra a China, vamos levar mais estrangeiros. Nos outros amistosos, iremos tentar convocar um jogador, no máximo, de cada clube. Já quando o jogo for oficial, como nas eliminatórias, não vai ter jeito, iremos convocar os melhores", afirma Zagallo, o coordenador técnico da seleção.
O principal auxiliar de Parreira na nova comissão técnica da seleção não acha que o conflito de datas vá prejudicar o time nacional.
"Eu e o Parreira já tivemos experiências desse tipo. É só usar o bom senso", afirma Zagallo.


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