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"Fominha", Bubka salta nos bastidores olímpicos
Aposentado e ainda recordista, cartola acumula cargos e sonha em comandar COI
Ex-atleta, que vê marca de 1994 perdurar até hoje, leva o esporte para o leste e é apontado a 11ª pessoa mais influente do olimpismo
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Filho de pai militar, que repetia em casa a rigidez do Exército, Sergei Bubka descobriu o
atletismo aos nove anos.
Em meio a centenas de crianças de um clube de salto com
vara da ex-URSS, iniciou uma
das mais impressionantes trajetórias do esporte mundial.
Tão impressionante que hoje,
quase oito anos após a aposentadoria, ele ainda é o recordista
mundial de sua prova (6,14 m).
O atleta Bubka rodou o mundo, ganhou regalias de um regime severo, viu seu país se dividir e outro nascer. Por quase 20
anos foi ídolo, lenda, e é dono
de feitos nunca superados.
Quando, enfim, aposentou-se, percebeu que não poderia
mais ficar longe daquele mundo. E traçou uma meta.
Agora cartola, começa a ostentar o mesmo respeito dos
tempos de saltador. Bubka, 44,
foi eleito neste mês o 11º dirigente que mais influenciará o
esporte mundial em 2008 pela
publicação "Around the Rings",
especializada em olimpismo.
"Esporte é a minha vida. É
por isso que eu faço todos os esforços, uso todo meu conhecimento e minhas habilidades
para promover seu desenvolvimento e resolver os problemas
que eu enfrentei quando era
atleta", afirmou Bubka à Folha.
A mesma obstinação de saltador, que superou 35 vezes o
recorde mundial -18 delas em
estádios cobertos-, conquistou seis Mundiais e um ouro
olímpico, o ucraniano demonstra agora como cartola.
O dirigente foi figura-chave
para a escolha da Ucrânia e da
Polônia como sedes conjuntas
da Eurocopa de 2012, badalado
torneio entre as seleções de futebol do continente. E ajudou
na vitoriosa campanha de Sochi
(Rússia) à organização da
Olimpíada de Inverno de 2014.
Bubka também preside o comitê olímpico de seu país, é
executivo do Comitê Olímpico
Internacional (COI), lidera a
comissão de atletas da entidade
máxima do esporte e é vice-presidente sênior da federação
internacional de atletismo.
A notoriedade de atleta aliada à habilidade para articulações políticas o transformaram
em influente dirigente olímpico. Cotado até para ocupar a
principal cadeira do COI.
"Sou jovem e preciso aprender. Não penso agora em ser
presidente do COI, mas a vida
muda a cada dia. Fico feliz em
ser útil", disse Bubka.
Com o acúmulo de cargos, o
ex-saltador afirma que descobriu a importância de fazer trabalho em equipe, situação bem
distinta da que vivenciou quando era um competidor.
"A vida de dirigente é tão dura quanto a de atleta, mas quando eu competia, estava sozinho,
no máximo precisava dos conselhos do meu técnico", afirmou o maior nome do esporte
ucraniano em todos os tempos.
Como membro do COI, uma
de suas missões é ajudar a supervisionar a organização dos
Jogos de Pequim. Na associação de atletas, além de zelar pelos direitos dos que estão na ativa, comanda programa de
apoio aos aposentados.
O ucraniano viveu de perto o
auge esportivo da URSS e assistiu à sua queda. De repente, tinha nova pátria para defender.
Não à toa se empenhou tanto
para levar dois dos mais importantes eventos do mundo para
o leste. Tradição esportiva não
falta à região, mas as condições
financeiras não são mais as
mesmas da ex-potência. Acredita que as competições possam ajudar a alavancar a economia de seu país de origem.
"Quando você se candidata
para algo como uma Olimpíada,
deve ter clareza sobre o que isso
implica. A preparação é complexa e necessita de aeroportos,
hotéis, estradas etc. É um grande erro achar que os Jogos são
só estádios e centros esportivos. Isso pode ajudar a Ucrânia
a incrementar seu desenvolvimento muito mais rápido", declarou o dirigente.
Nos Jogos de Atenas-2004, o
país conquistou 23 medalhas,
nove delas de ouro. Foi a 12ª delegação no quadro geral. O Brasil ficou em 16º lugar, com dez
medalhas (cinco ouros).
Os sucessos das últimas empreitadas, porém, não aceleram
os sonhos de Bubka. Olimpíada
é meta só a longo prazo.
"É claro que é necessário se
esforçar para ter a honra de receber um dos maiores eventos
do mundo, mas isso deve ser
feito de forma inteligente. Para
a Ucrânia o primeiro passo é a
Eurocopa de 2012", concluiu.
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