São Paulo, domingo, 18 de janeiro de 2009

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Sobrevivente, Murray inicia sua vida de favorito

Tenista, que se salvou de massacre infantil aos 8, começa 1º Grand Slam da temporada cotado para conquistar o título

Escocês passou drama em Dunblane, quando 16 crianças foram mortas por ex-líder escoteiro, que se suicidou depois de chacina

ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Sobrevivente de um trauma na infância, Andy Murray, 21, inicia o Aberto da Austrália com um inédito status de favorito. O torneio, primeiro Grand Slam da temporada, tem início na madrugada de amanhã.
O escocês, quarto do ranking mundial, estreia contra o romeno Andrei Pavel após conquistar o título do Torneio de Doha. Nesse evento, derrotou dois tenistas top 10: o suíço Roger Federer, segundo da classificação, na semifinal, e o norte-americano Andy Roddick, oitavo colocado, na decisão.
Além de Federer, Murray também saiu vitorioso de quadra em seus últimos jogos contra o espanhol Rafael Nadal, líder do ranking, e o sérvio Novak Djokovic, terceiro da lista.
Sua aventura nas quadras, porém, poderia nunca ter ocorrido. Murray tinha só oito anos quando esteve perto da morte em um dos episódios mais chocantes da história britânica.
Em 13 de março de 1996, o ex-líder escoteiro Thomas Hamilton, 43, invadiu o ginásio de uma escola primária em Dunblane (norte de Glasgow) portando quatro revólveres.
Era por volta das 9h30 quando Hamilton, de forma intempestiva, passou a atirar em direção às crianças que se exercitavam na quadra. Alvejados, 16 menores, entre quatro e seis anos, morreram. A professora Gwen Mayor também não resistiu. Desarrazoado, Hamilton se matou em seguida. Havia ferido mais 12 jovens.
Com o pânico, todos correram pelos corredores, escondendo-se nas salas. Um deles era Andy, que se ocultou sob a mesa do diretor com o irmão Jamie, então com dez anos.
"Alguns amigos de meus irmãos foram mortos naquele dia. Retive na memória só pequenas impressões", contou Murray, em sua autobiografia.
Hamilton era um habitué do carro conduzido pela mãe do garoto. Em várias ocasiões, o genocida dividiu o carro com o futuro campeão. "Essa é provavelmente outra razão pela qual não gosto de lembrar disso. Não é confortável pensar que tive um assassino no nosso carro, sentado ao lado de mamãe."
O massacre de Dunblane motivou a aprovação, sete meses depois, de lei que proibia porte de armas no Reino Unido.
Do menino amedrontado de Dunblane, Murray se tornou um dos mais temidos rivais a serem batidos na Austrália.
"Se a pergunta é se ele está perto de ganhar um torneio de Grand Slam, a resposta é sim", reconheceu Federer, ao ser questionado sobre o escocês, após ser eliminado no Qatar.
"A cada ano as chances de Andy aumentam porque ele está se tornando um tenista cada vez melhor", elogiou o suíço.


Com agências internacionais NA TV - Aberto da Austrália ESPN, ao vivo, à 0h30 de amanhã

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