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Sobrevivente, Murray inicia sua vida de favorito
Tenista, que se salvou de massacre infantil aos 8, começa 1º Grand Slam da temporada cotado para conquistar o título
Escocês passou drama em Dunblane, quando 16 crianças foram mortas por ex-líder escoteiro, que se suicidou depois de chacina
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Sobrevivente de um trauma
na infância, Andy Murray, 21,
inicia o Aberto da Austrália
com um inédito status de favorito. O torneio, primeiro Grand
Slam da temporada, tem início
na madrugada de amanhã.
O escocês, quarto do ranking
mundial, estreia contra o romeno Andrei Pavel após conquistar o título do Torneio de
Doha. Nesse evento, derrotou
dois tenistas top 10: o suíço Roger Federer, segundo da classificação, na semifinal, e o norte-americano Andy Roddick, oitavo colocado, na decisão.
Além de Federer, Murray
também saiu vitorioso de quadra em seus últimos jogos contra o espanhol Rafael Nadal, líder do ranking, e o sérvio Novak Djokovic, terceiro da lista.
Sua aventura nas quadras,
porém, poderia nunca ter ocorrido. Murray tinha só oito anos
quando esteve perto da morte
em um dos episódios mais chocantes da história britânica.
Em 13 de março de 1996, o
ex-líder escoteiro Thomas Hamilton, 43, invadiu o ginásio de
uma escola primária em Dunblane (norte de Glasgow) portando quatro revólveres.
Era por volta das 9h30 quando Hamilton, de forma intempestiva, passou a atirar em direção às crianças que se exercitavam na quadra. Alvejados, 16
menores, entre quatro e seis
anos, morreram. A professora
Gwen Mayor também não resistiu. Desarrazoado, Hamilton
se matou em seguida. Havia ferido mais 12 jovens.
Com o pânico, todos correram pelos corredores, escondendo-se nas salas. Um deles
era Andy, que se ocultou sob a
mesa do diretor com o irmão
Jamie, então com dez anos.
"Alguns amigos de meus irmãos foram mortos naquele
dia. Retive na memória só pequenas impressões", contou
Murray, em sua autobiografia.
Hamilton era um habitué do
carro conduzido pela mãe do
garoto. Em várias ocasiões, o
genocida dividiu o carro com o
futuro campeão. "Essa é provavelmente outra razão pela qual
não gosto de lembrar disso.
Não é confortável pensar que
tive um assassino no nosso carro, sentado ao lado de mamãe."
O massacre de Dunblane motivou a aprovação, sete meses
depois, de lei que proibia porte
de armas no Reino Unido.
Do menino amedrontado de
Dunblane, Murray se tornou
um dos mais temidos rivais a
serem batidos na Austrália.
"Se a pergunta é se ele está
perto de ganhar um torneio de
Grand Slam, a resposta é sim",
reconheceu Federer, ao ser
questionado sobre o escocês,
após ser eliminado no Qatar.
"A cada ano as chances de
Andy aumentam porque ele está se tornando um tenista cada
vez melhor", elogiou o suíço.
Com agências internacionais
NA TV - Aberto da Austrália
ESPN, ao vivo, à 0h30 de amanhã
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