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FUTEBOL
Síndrome do futebol louco
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
O que não falta no futebol
atual é escândalo. Há um
bom tempo o assunto principal
na ""grande imprensa esportiva"
não é a bola rolando mesmo.
Para o futebol brasileiro, isso
está sendo ótimo internamente,
já que a estrutura podre do esporte nacional pode sofrer algumas alterações, mas, externamente, a imagem do país está
sendo bastante afetada.
Vemos agora um ar bem patriótico (normalmente visto só
em época de Copa) com as recentes disputas comerciais com
o Canadá. Governo, empresas,
sindicatos de trabalhadores, imprensa, praticamente toda a sociedade saiu em defesa da vaca
nacional e mostrou força ao
chamado Primeiro Mundo.
O Brasil está apostando em
seus produtos, seja avião ou gado, e vem ganhando destaque
no mercado mundial, aparecendo, por exemplo, entre os três
primeiros na lista dos melhores
países para se investir no globo.
O futebol, produto brasileiro
mais reconhecido no exterior,
continua encabeçando lista de
melhores do mundo, prova é
que o país está para completar
80 meses como o líder disparado
do ranking de seleções da Fifa.
Porém o futebol brasileiro está
mostrando tanta sujeira ao planeta que pode acabar colocando
em risco a boa imagem de todos
os outros produtos do país.
No último campeonato nacional, o mundo viu uma tragédia
em São Januário, sendo que alguns jornalistas estrangeiros vivenciaram pessoalmente a confusão no estádio vascaíno, que
aglomerou gente como gado.
Eurico Miranda, que comandou a ""boiada" na ocasião, está
envolvido em possível desvio de
dinheiro de um tradicional investidor norte-americano.
O HMTF, fundo dos EUA, ""fechou as torneiras" desconfiando
do poder de gerenciamento dos
dirigentes nacionais -é o melhor que pode fazer, já que o seu
parceiro Corinthians teve a ""coragem" (leia-se ""cara-de-pau")
de resgatar Luxemburgo.
A Parmalat encerrou seu ciclo
no Palmeiras, mas ainda sofre,
por exemplo, com a falta de profissionalismo de Argel, limitado
zagueiro que segue no time paulista por força da multinacional
e que não aceita a reserva.
A Nike, que injetou milhões
em nosso país para patrocinar
seleção, clubes e atletas, acabou
dando nome a uma CPI -seu
contrato com a CBF poderia sim
ser investigado por uma única
CPI do Futebol, mas não ser
vendido como o ""mal" do país.
Os ""gringos" seguem importando nossos jogadores, de já
discutível qualidade, mas estão
começando a ""pagar" pelos passaportes falsos dos mesmos, por
""gatos", por alguns inescrupulosos empresários nacionais etc.
O prodígio mais recente do futebol brasileiro, Ronaldinho,
nem bem alcançou à Europa e
tem que responder por documento falso (no caso, é carteira
de motorista, e não passaporte).
Pelé, o maior prodígio que o
país já teve, acenou com acordo
com a ""banda podre" do futebol
e depois deu as mãos ao seu ex-desafeto Ricardo Teixeira.
Tantos exemplos negativos recentes desestimulam o investimento estrangeiro no futebol
nacional. Não é à toa que os clubes do país estão com dificuldades para pegar patrocinadores.
Estou com saudade de escrever sobre o melhor do futebol
(acho que a última vez foi na
Eurocopa), mas tenho que dizer
algo: a vaca brasileira não deve
ser mesmo louca, mas o futebol
nacional é certamente maluco.
Europa
A Copa dos Campeões voltou. Destaque para o Real Madrid, time que tem portas abertas para Juan Figer e que bateu por 3 a 2
a Lazio, que teme pelo passaporte de Verón. Na Copa da Uefa,
holofotes na Roma, que teme por vários passaportes e que perdeu por 2 a 0 para o Liverpool, que preserva seus hooligans.
América do Sul
A Libertadores ganhou o noticiário no campo especialmente
por algumas surpresas, como as derrotas do Peñarol e do Deportivo Cali em casa. Porém já registrou 38 mudanças de datas e
horários em sua tabela original. O Vasco (difícil desassociar de
Eurico Miranda) protagonizou sete alterações na tabela.
Canadá
A candidatura a sede da Copa-2010 do maior ""inimigo" brasileiro hoje teve mais repercussão mesmo no Brasil. Copa louca?
E-mail rbueno@folhasp.com.br
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