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TÊNIS
De Internet a chinelo, parceiros devem faturar mais de R$ 100 mi em 2001
Marca Guga impulsiona a
velha e a nova economia
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Internet, celulares, televisão,
agências de publicidade, banco,
chinelos e cadernos. Com seu sucesso nas quadras, Gustavo Kuerten, 24, ajuda a nova e a velha economia a faturar milhões.
Diretamente, com produtos que
levam seu nome, ou indiretamente, como no caso do Banco do
Brasil, o tenista vai garantir um
retorno para seus patrocinadores
que deve superar os R$ 100 milhões em 2001.
Com seu "estilo simpático e moderno", segundo publicitários,
Guga impulsiona vendas e garante novos negócios.
Na temporada passada, quando
conquistou a Corrida dos Campeões, ele garantiu R$ 64 milhões
em mídia espontânea para o Banco do Brasil, que lhe paga US$ 1
milhão (não declarados) por ano.
Mas não é só no espaço que o logo na camisa de Guga garante na
TV que o BB fatura com o tenista.
"Em eventos importantes, como a Davis, podemos convidar
nossos principais clientes para assistir um produto do BB: o Guga",
diz Renato Nagele, diretor de
marketing do banco estatal.
Se no caso de um banco o retorno que Guga produz depende de
cálculos mais complexos, no varejo fica claro o sucesso do tenista.
A Tilibra, por exemplo, vendeu
250 mil cadernos com a foto do tenista na capa em seis meses.
Kuerten vence outros ícones do
esporte. Desde meados do semestre passado, por exemplo, o caderno de dez matérias com sua
imagem vendeu 80 mil exemplares, com um faturamento de cerca
de R$ 760 mil.
No mesmo período, o modelo
com a imagem de Ayrton Senna
vendeu 70 mil cópias e do Corinthians 36 mil.
Neste verão, 600 mil brasileiros
já compraram um dos modelos
de chinelo da Rider que têm
Kuerten como garoto-propaganda, com um faturamento que supera os R$ 6 milhões.
A Head, fornecedora de raquetes e patrocinadora de Guga desde
a metade da década passada, cresce em ritmo alucinante depois
que o tenista começou a se destacar. Só em 2000, as vendas da empresa no país cresceram 90%.
Hoje, a Head vende cerca de 30
mil raquetes a mais por ano do
que na era pré-Kuerten.
Com um preço médio de R$ 145
nos modelos mais baratos, o aumento nas vendas supera os R$ 4
milhões a cada 12 meses.
"A Head é uma referência do
público depois do Guga", diz
Marcelo Nery, gerente de marketing da unidade da Head que mais
cresce no mundo.
A Diadora aumentou sua participação no mercado de tênis em
50% patrocinando o astro brasileiro da modalidade.
Centrando suas campanhas
com o tenista em algumas praças,
a Motorola também comemora.
"Em Porto Alegre, a participação da empresa quintuplicou",
diz Loredana Mariotto, diretora
de marketing da empresa, que vai
deixar de patrocinar o futebol do
São Paulo.
"Se a Motorola tem hoje a imagem de melhor marca no setor, o
Guga tem muito a ver com isso",
completa a executiva.
Além das empresas que pagam
para ter Kuerten como garoto-propaganda, outros ramos da
economia se aproveitam da imagem do tenista para faturar.
A vinculação de filmes publicitários com o jogador rende milhões para as emissoras de TV.
Só no ano passado, por exemplo, o Banco do Brasil gastou R$
7,5 milhões em espaço publicitário para peças com Kuerten.
A Grendene, dona da Rider,
gastou R$ 280 mil apenas com a
exibição do seu novo filme em um
intervalo do último capítulo da
novela "Laços de Família", um
dos maiores sucessos da TV.
Além da TV, agências de publicidade, produtoras de filmes e
institutos de pesquisa faturam
com o melhor tenista do país.
A premiada Conspiração, por
exemplo, recebeu R$ 160 mil pela
produção do filme da Rider, em
que a agência W/Brasil precisou
usar de muita criatividade.
Como o contrato atual do tenista com a Grendene não prevê o
uso do tenista em filmes, a agência produziu uma peça em que
uma equipe de TV inglesa tenta
achar Kuerten em Florianópolis,
mas, obviamente, pelo roteiro e
pelo contrato, não tem sucesso.
Os institutos de pesquisa também ganham dinheiro com o tenista -uma propaganda da Motorola, em que Kuerten tira o telefone do cabelo, foi criada após um
levantamento em que as pessoas
apontaram o cabelo do jogador
como uma coisa interessante.
Na Internet, Guga também faz
barulho. Em uma promoção com
o tenista de dez dias antes da Copa
Davis, o Banco do Brasil cadastrou 4.947 pessoas, sendo que metade não era cliente do banco.
"Essa é uma grande oportunidade que o BB tem de conquistar
novos clientes", diz Nagele.
A Globo.com, que patrocina o
tenista e hospeda seu site, não tem
números mostrando o impacto
causado por Guga, mas celebra.
"Nosso ganho é total. Ele é um
internauta. Nos chats, não precisa
de ajuda de ninguém para operar
a máquina", diz Mariana Pizarro,
diretora da Globo.com.
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