São Paulo, domingo, 18 de fevereiro de 2001

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TÊNIS

De Internet a chinelo, parceiros devem faturar mais de R$ 100 mi em 2001

Marca Guga impulsiona a velha e a nova economia

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Internet, celulares, televisão, agências de publicidade, banco, chinelos e cadernos. Com seu sucesso nas quadras, Gustavo Kuerten, 24, ajuda a nova e a velha economia a faturar milhões.
Diretamente, com produtos que levam seu nome, ou indiretamente, como no caso do Banco do Brasil, o tenista vai garantir um retorno para seus patrocinadores que deve superar os R$ 100 milhões em 2001.
Com seu "estilo simpático e moderno", segundo publicitários, Guga impulsiona vendas e garante novos negócios.
Na temporada passada, quando conquistou a Corrida dos Campeões, ele garantiu R$ 64 milhões em mídia espontânea para o Banco do Brasil, que lhe paga US$ 1 milhão (não declarados) por ano.
Mas não é só no espaço que o logo na camisa de Guga garante na TV que o BB fatura com o tenista.
"Em eventos importantes, como a Davis, podemos convidar nossos principais clientes para assistir um produto do BB: o Guga", diz Renato Nagele, diretor de marketing do banco estatal.
Se no caso de um banco o retorno que Guga produz depende de cálculos mais complexos, no varejo fica claro o sucesso do tenista.
A Tilibra, por exemplo, vendeu 250 mil cadernos com a foto do tenista na capa em seis meses.
Kuerten vence outros ícones do esporte. Desde meados do semestre passado, por exemplo, o caderno de dez matérias com sua imagem vendeu 80 mil exemplares, com um faturamento de cerca de R$ 760 mil.
No mesmo período, o modelo com a imagem de Ayrton Senna vendeu 70 mil cópias e do Corinthians 36 mil.
Neste verão, 600 mil brasileiros já compraram um dos modelos de chinelo da Rider que têm Kuerten como garoto-propaganda, com um faturamento que supera os R$ 6 milhões.
A Head, fornecedora de raquetes e patrocinadora de Guga desde a metade da década passada, cresce em ritmo alucinante depois que o tenista começou a se destacar. Só em 2000, as vendas da empresa no país cresceram 90%.
Hoje, a Head vende cerca de 30 mil raquetes a mais por ano do que na era pré-Kuerten.
Com um preço médio de R$ 145 nos modelos mais baratos, o aumento nas vendas supera os R$ 4 milhões a cada 12 meses.
"A Head é uma referência do público depois do Guga", diz Marcelo Nery, gerente de marketing da unidade da Head que mais cresce no mundo.
A Diadora aumentou sua participação no mercado de tênis em 50% patrocinando o astro brasileiro da modalidade.
Centrando suas campanhas com o tenista em algumas praças, a Motorola também comemora.
"Em Porto Alegre, a participação da empresa quintuplicou", diz Loredana Mariotto, diretora de marketing da empresa, que vai deixar de patrocinar o futebol do São Paulo.
"Se a Motorola tem hoje a imagem de melhor marca no setor, o Guga tem muito a ver com isso", completa a executiva.
Além das empresas que pagam para ter Kuerten como garoto-propaganda, outros ramos da economia se aproveitam da imagem do tenista para faturar.
A vinculação de filmes publicitários com o jogador rende milhões para as emissoras de TV.
Só no ano passado, por exemplo, o Banco do Brasil gastou R$ 7,5 milhões em espaço publicitário para peças com Kuerten.
A Grendene, dona da Rider, gastou R$ 280 mil apenas com a exibição do seu novo filme em um intervalo do último capítulo da novela "Laços de Família", um dos maiores sucessos da TV.
Além da TV, agências de publicidade, produtoras de filmes e institutos de pesquisa faturam com o melhor tenista do país.
A premiada Conspiração, por exemplo, recebeu R$ 160 mil pela produção do filme da Rider, em que a agência W/Brasil precisou usar de muita criatividade.
Como o contrato atual do tenista com a Grendene não prevê o uso do tenista em filmes, a agência produziu uma peça em que uma equipe de TV inglesa tenta achar Kuerten em Florianópolis, mas, obviamente, pelo roteiro e pelo contrato, não tem sucesso.
Os institutos de pesquisa também ganham dinheiro com o tenista -uma propaganda da Motorola, em que Kuerten tira o telefone do cabelo, foi criada após um levantamento em que as pessoas apontaram o cabelo do jogador como uma coisa interessante.
Na Internet, Guga também faz barulho. Em uma promoção com o tenista de dez dias antes da Copa Davis, o Banco do Brasil cadastrou 4.947 pessoas, sendo que metade não era cliente do banco.
"Essa é uma grande oportunidade que o BB tem de conquistar novos clientes", diz Nagele.
A Globo.com, que patrocina o tenista e hospeda seu site, não tem números mostrando o impacto causado por Guga, mas celebra.
"Nosso ganho é total. Ele é um internauta. Nos chats, não precisa de ajuda de ninguém para operar a máquina", diz Mariana Pizarro, diretora da Globo.com.



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