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Isolado, Nastás antecipa eleição e abdica da Davis
Com denúncias de irregularidades e combatido pelos tenistas, dirigente abre mão de indicar capitão e diz que por "razões pessoais" sai em maio
FERNANDO ITOKAZU
DA REPORTAGEM LOCAL
Sem apoio nem mesmo entre
seus aliados, o presidente da Confederação Brasileira de Tênis, Nelson Nastás, decidiu antecipar a
eleição, com o compromisso de
não ser candidato, renunciar ao
cargo em maio e dar total autonomia aos jogadores para montar a
comissão técnica da Copa Davis.
Em comunicado oficial divulgado ontem, a CBT afirma que Nastás, 53, não quer ser "partícipe,
ainda que involuntariamente, de
eventual boicote à Copa Davis".
O dirigente declara que tomou a
decisão por "razões pessoais" e
que atendeu pedido de 12 federações que não fazem parte da oposição intitulada Tênis Brasil.
A eleição para a sucessão de
Nastás, no poder desde 1994, foi
marcada para 15 de maio, data sugerida pelas federações.
Com isso, o presidente espera
que o boicote à Copa Davis, anunciado inicialmente por Gustavo
Kuerten e que ganhou adesão da
maioria dos principais tenistas
profissionais do país, não ocorra.
Guga disse que não integraria a
equipe contra os paraguaios pelo
Zonal Americano, entre os dias 9
e 11 de abril, na Costa do Sauípe,
nem em outros confrontos enquanto Nastás estivesse no cargo.
"Dessa forma, a CBT espera que
os jogadores, em especial Gustavo
Kuerten e o técnico Larri Passos,
repensem sua posição", afirma o
comunicado da confederação.
O estopim que causou a grave
crise na CBT envolveu justamente
o principal torneio entre países.
Em fevereiro, dois dias antes do
Torneio da Costa do Sauípe, o
único evento de primeira linha no
país, Nastás anunciou, sem consulta aos jogadores, que Jaime
Oncins substituiria Ricardo
Acioly no cargo de capitão.
Descontentes com a gestão de
Nastás, os jogadores, que já haviam pedido sua saída em reunião
em setembro, no Canadá, após o
rebaixamento na Copa Davis,
passaram a falar em boicote.
Na terça-feira da semana passada, Guga anunciou sua decisão.
Depois dele foi a vez de André Sá,
Flávio Saretta e Ricardo Mello
adotarem a mesma posição.
Sem poder contar com os jogadores que defenderam a equipe
nos dois últimos confrontos na
Davis, Oncins entregou o cargo.
Além da crise na parte técnica,
Nastás enfrentou também problemas com a oposição, que o acusa
de várias irregularidades.
Um dia após o anúncio de Guga,
a sede da CBT foi devassada por
policiais que cumpriam mandado
de busca e apreensão. Um inquérito policial investiga o presidente
da entidade por formação de quadrilha e falsidade ideológica.
Com esse cenário, a oposição
tentou viabilizar uma assembléia
extraordinária para pedir a destituição de Nastás do cargo.
O movimento disse ontem não
saber se iria dar prosseguimento
ao processo para tentar afastá-lo.
A CBT classificou o comunicado de ontem como "uma saída
conciliadora" para a atual situação do tênis, mas a oposição não
cessou os ataques ao dirigente.
Segundo ela, antes do comunicado, Nastás teria proposto a
aprovação das contas referentes
aos anos de 1999 a 2004 "no escuro" e de um estatuto falso em troca da renúncia ao cargo.
"Aceitar as condições oferecidas
pelo Nastás seria uma incoerência
inconcebível de nossa parte", afirma o presidente da Federação Catarinense, Jorge Lacerda Rosa.
"Queremos que ele saia, mas
não a qualquer preço", afirmou
Carlos Alberto Braga, presidente
da Federação do Espírito Santo.
O presidente da CBT repudiou
as informações. "Tal proposta jamais aconteceu", afirmou em
uma nota de esclarecimento.
Nastás disse que o que ofereceu
inicialmente foi uma licença e a
criação de um colegiado, com cinco federações -três indicadas
pela oposição e duas pela CBT-,
para administrar a confederação
até a data da eleição.
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