São Paulo, quarta-feira, 18 de maio de 2011 |
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Special Two Fenômeno mundial da prancheta , o técnico André Villas-Boas, 33, comanda o Porto na decisão da Liga Europa na trilha de Mourinho, o "Special One" RODRIGO BUENO DE SÃO PAULO Ser jogador é o sonho de muitos garotos. Mas o sonho de André Villas-Boas era ser técnico. Adolescente, fazia estatísticas e relatórios. Jogou tanto "Football Manager" no videogame que tem hoje uma final de verdade. Aos 33 anos, o técnico do Porto enfrenta o Braga na decisão da Liga Europa como favorito ao título e ao posto de sucessor de José Mourinho, o treinador que se autointitulou "Special One". Eles mostram muitas coisas em comum: são portugueses, têm estilo de trabalho parecido, conseguiram resultados impressionantes logo cedo e assombraram a Europa guiando o Porto. Enquanto desenvolvia as habilidades de manager num game, Villas-Boas conseguiu virar "olheiro" do Porto. Isso de tanto apresentar seus trabalhos ao então treinador Bobby Robson. Tal qual Mourinho, Villas-Boas lucrou por conta do bom inglês, sendo um intérprete muitas vezes. Aos 17 anos, já tinha licença da Uefa para treinar. Aos 21, assumiu uma seleção: as Ilhas Virgens Britânicas. O sucesso precoce o colocou ao lado do "Special One". Villas-Boas virou auxiliar do famoso conterrâneo e moldou de vez seu perfil de treinador. Acompanhou Mourinho nas bem-sucedidas passagens por Chelsea e Inter e quis a carreira solo. Assumiu a Acadêmica de Coimbra na temporada 2009/2010. Tirou um time desenganado da lanterna do Campeonato Português e o levou à semifinal da Taça da Liga de Portugal. E isso com um futebol surpreendente. Tão atraente era o futebol da Acadêmica que Sporting e Porto logo quiseram contratar o jovem técnico. O Porto contratou Villas-Boas e faturou a Supercopa de Portugal e, impressionante, o Campeonato Português invicto. Com o jovem treinador, o Porto encaixou 36 jogos sem perder, superando o recorde de 33 partidas de invencibilidade de Mourinho na equipe. Villas-Boas ficou 21 pontos à frente do Benfica, a quem derrotou por 2 a 1 no estádio da Luz no jogo do título. Começava a crescer o mito do "Special Two". As inevitáveis comparações com Mourinho só aumentaram com o interesse de grandes clubes estrangeiros, dentre esses a Inter, por Villas-Boas. Em Portugal, há quem o chame de "Another One", prevendo para ele êxitos iguais ou maiores que os de Mourinho. Após um grande sucesso nacional, o atual técnico do Real Madrid deu um grande salto na sua carreira ganhando com o Porto em 2003 a Copa da Uefa, antecessora da Liga Europa, e depois a Copa dos Campeões, em 2004. O esperado título hoje contra a "zebra" Braga só aumentaria o paralelo entre o criador e a criatura. Ambos poderão se cruzar na próxima temporada na Copa dos Campeões. Mas André Villas--Boas não gosta das seguidas comparações com "One". Mesmo considerado um grande amigo dos atletas e sendo avesso a entrevistas exclusivas, características de Mourinho, a nova sensação da prancheta mundial não tem a pecha de egocêntrico. E tenta conservar a alegria e a fama de montar times vistosos, diferentemente do que tem acontecido com o tão polêmico ex-chefe na Espanha. O Porto do artilheiro Hulk marcou 36 gols na Liga Europa, média de 2,57 por partida, a maior da competição. Fez 5 a 1 no Villarreal na semifinal. Mas Villas-Boas mantém a humildade. "O Braga nos coloca um enorme desafio. Vai ser muito difícil. Temos de abraçar o jogo com nossa maior ambição. Temos de estar no melhor nível. Os times manterão a mesma identidade que os trouxe até aqui." E a identidade do "Special Two" também estará no jogo. Texto Anterior: Copa do Brasil: Título pode reafirmar reviravolta dos clubes Próximo Texto: Braga aposta em Paciência e brasileiros Índice | Comunicar Erros |
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