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BASQUETE
Alessandra, considerada pelo técnico Barbosa a única jogadora brasileira da posição, quer parar em 5 anos
Única pivô "forte" anuncia aposentadoria
LUÍS CURRO
enviado especial a Havana
A única verdadeira pivô de força
da história da seleção brasileira, e a
mais internacional jogadora do
basquete nacional, diz já ter definida uma data para parar de jogar.
Alessandra Santos de Oliveira,
25, 2,00 m, campeã mundial em
1994 e vice-olímpica em 1996, titular absoluta do Brasil que chegou à
final do Pré-Olímpico que terminaria ontem em Havana (Cuba),
encerra a carreira em quatro anos.
Neste Pré, o Brasil obteve a vaga
para a Olimpíada de Sydney-2000
ao vencer o México, anteontem.
O motivo de Alessandra para se
aposentar é o desejo de ter um filho
(com seu atual namorado, um italiano), estudar línguas e cursar turismo em uma universidade (provavelmente na Itália).
"O jogador de basquete tem a
carreira curta. Não sei se na Olimpíada de 2004 vou estar assistindo
ou jogando. Mas quero ter um filho aos 29 anos e devo parar."
Isso deve ser um problema para o
Brasil, que só conta hoje com mais
uma pivô alta e forte, Cíntia Tuiú,
24, 1,96 m, mas menos competente
sob a cesta do que Alessandra.
""A Alessandra é a única pivô forte que o Brasil teve em todos os
tempos", diz o técnico da seleção,
Antonio Carlos Barbosa.
A nova geração de pivôs "fortes",
presente no Pré-Olímpico, é bem
mais baixa: Kelly, 19, tem 1,89 m, e
Kátia Denise, 21, 1,88 m.
Até 2003, a primeira brasileira a
conseguir emprego fixo em dois
países estrangeiros ao mesmo
tempo (EUA e Itália) tem como
principal objetivo ganhar um título europeu. "Quero ser a primeira
brasileira campeã européia."
Neste ano, quase conseguiu. Sua
equipe, o Como, foi vice-campeã,
perdendo na decisão para o Ruzomberok, da Eslováquia.
Na WNBA, quer apenas "jogar
bem" pelo Washington Mystics
(outra brasileira, Janeth, já tem
dois títulos pelo Houston Comets),
para provar que o basquete sul-americano tem seu valor. ""As norte-americanas dizem que só lá estão as melhores pivôs do mundo.
Vou elevar o nome do Brasil."
Forçada por seu pai a jogar vôlei
até os 14 anos, quando ele morreu,
Alessandra credita seu progresso
no basquete ao técnico Nestor
Mostério e equipe, que lhe deram
em Jundiaí uma chance de continuidade após ser dispensada do
BCN/Piracicaba, aos 16 anos.
"Fiquei em Jundiaí três anos. Foi
minha escola. Em 91, cheguei à seleção juvenil. Em 93, à seleção
adulta. Joguei a Copa América, na
qual comecei a me firmar."
Uma das mais guerreiras da seleção na quadra, Alessandra rejeita
assumir um papel de líder (há um
vácuo desde a saída de Hortência e,
agora, de Paula), mas não o de incentivar as mais jovens: "Não pode
errar e baixar a cabeça. Você tentou, não se omitiu".
Alguns números mostram a capacidade de Alessandra: melhor
aproveitamento de dois pontos no
Mundial-98 (72% -70% neste
Pré-Olímpico) e vice-reboteira, na
média por jogo, também no Mundial (10,5 -7,3 neste Pré, no qual
tem jogado nove minutos a menos,
em média, por partida).
Ciente disso, diz que é uma das
cinco melhores do mundo em sua
posição. Cita como maiores concorrentes Natalia Zassoulskaia, da
Rússia, e Lisa Leslie, dos EUA.
O ponto fraco de Alessandra é o
lance livre. No Mundial, teve acerto de 55% das tentativas. No Pré,
sem contar a decisão contra Cuba,
tinha 40% de sucesso. O técnico
Barbosa considera aceitável um índice de pelo menos 80% para uma
atleta de seleção brasileira.
"Sei que tenho que melhorar no
lance livre", afirma ela. "Mas não
sei o que acontece comigo. Mais do
que treino, impossível. Acho que é
uma questão psicológica."
O jornalista
Luís Curro viaja a convite da Companhia Pan-Americana de Esportes
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