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BASQUETE NO MUNDO
Socorro
MELCHIADES FILHO
Imagine que você seja um técnico de basquete. Sua equipe está um ponto atrás no placar, restando somente alguns segundos
para que arrisque um ataque
derradeiro. A que jogador você
confiaria a bola?
Com a aposentadoria precoce
de Michael Jordan, a NBA não
oferece mais uma resposta automática a essa pergunta.
Emocionante e, de certa forma, esquizofrênica, a primeira
temporada sem o supercraque
do Chicago Bulls só fez enevoar
a situação.
O torneio deste ano derrubou
vários nomes consagrados pela
habilidade, visão de jogo e frieza
em momentos cruciais. Grant
Hill, Jason Kidd, Gary Payton e
Rod Strickland já estão gozando
indesejadas férias.
A rigor, entre os 96 que ainda
disputam os playoffs, restaram
somente dois atletas com esse
perfil -capazes de "achar" sozinhos a cesta, mas também dotados de inteligência tática para
trabalhar a bola a fim de desmarcar um companheiro.
O primeiro é o veterano John
Stockton, 37, do Utah Jazz. Ele
perdeu o fôlego que o transformou no melhor passador da história do basquete, mas continua
sendo o mais criterioso jogador
da liga norte-americana.
O outro é o polêmico Allen
Iverson, 23, do Philadelphia
76ers, a grande surpresa do ano.
Em seu terceiro campeonato, o
armador mudou de posição (de
"point guard" para "shooting
guard"), poliu o estilo mercurial
e criativo e, mais maduro, interrompeu a sua longa carreira de
indisciplinas.
Transformou-se no principal
cestinha da NBA, com média de
26,8 pontos por partida na fase
classificatória, sem descuidar do
passe (4,6 assistências) e da defesa (2,3 desarmes, terceiro da
liga). E todos esses índices subiram nos playoffs (28,3, 6,0 e 4,0,
respectivamente), prova inequívoca de seu enorme talento.
Com o meu time em apuros, eu
pediria socorro a Stockton, ainda. Mas, anote, a NBA estará
chamando Iverson.
NOTAS
Dínamo 1
Com 1,81 m, Allen Iverson é o
menor jogador a liderar a artilharia da NBA. A marca pertencia até este ano a Nate Archibald, 1,84 m, cestinha em 72/73.
Dínamo 2
Nos 52 anos da NBA, sete calouros anotaram mais de 20
pontos e jogaram mais de 40
minutos em sua temporada de
estréia. Seis acabaram eleitos
para o Hall of Fame, espécie de
galeria dos melhores da história. O outro é Iverson, que registrou 23,5 pontos e 40,1 minutos em 96/97 -o único novato, aliás, a alcançar essa proeza nos últimos 30 anos.
Dínamo 3
Iverson também tem o mérito
de devolver a auto-estima a
Philadelphia, tradicional pólo
do basquete e há 16 anos sem
festejar um título. Quando visitei o ginásio do First Union
Center, no ano passado, a torcida vaiava até as dançarinas.
E-mail melk@uol.com.br
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