São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 2008

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Mineirão pune um em cada quatro torcedores

Dados de tese de doutorado da USP mostram que estádio tem 27.532 pontos cegos, sendo que 13.760 deles estarão ocupados hoje

MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O Mineirão passa hoje pelo primeiro teste internacional após o Brasil ser eleito sede da Copa-2014. Mas é provável que uma parte da torcida fique insatisfeita com o que for ver.
Segundo a tese de doutorado de Carlos de La Corte sobre estádios brasileiros, de 2007, a arena mineira apresenta a pior avaliação no quesito "conforto do torcedor" se comparada ao Morumbi e ao Maracanã.
De acordo com o levantamento, o Mineirão tem hoje 27.532 pontos cegos. Se forem descontados os assentos mais populares (geral), interditados para o jogo, ainda haverá 13.760 lugares que terão a visibilidade prejudicada por placas de publicidade, pilastras de sustentação ou bancos de reservas.
Em outras palavras, mais de 24% dos torcedores presentes vão ter problemas para ver integralmente os lances de Brasil x Argentina nesta noite.
O estudo indica que o setor mais afetado é o térreo, que possui inclinação de 10 na geral e 13 nas cadeiras, consideradas baixas se comparadas aos assentos de estádios modernos, que têm entre 25 e 30.
O governo de Minas Gerais investiu R$ 1,1 milhão em pequenas reformas tentando se adequar às exigências da Fifa. É quase quatro vezes o valor gasto no Morumbi antes do confronto entre Brasil e Uruguai.
No Mineirão, foram feitas obras nos bancos de reservas, no vestiário dos árbitros, na sala de exame antidoping e nos locais destinados à imprensa.
Mais R$ 1,1 milhão acabou desembolsado no aluguel de dois telões gigantes de 78 m2.
O montante desses investimentos correspondem a quase metade do que a Ademg (Administração de Estádios de Minas Gerais) arrecada em um ano. Parte desse dinheiro é empregado na manutenção da arena.
Além dos lugares cegos, problemas de evacuação, armadura exposta na fachada, estacionamento escasso e distância do público em relação ao gramado são os principais pontos críticos apontados pelo especialista consultado pela Folha.
"O espectador, muitas vezes, sai perdendo porque as normas da Fifa atendem, prioritariamente, a imprensa, atletas, árbitros e autoridades e delega as questões de segurança e conforto às normativas locais. Então, para se adequar à Fifa, apenas pequenas reformas já resolvem o problema", analisa ele, que defende a demolição do Mineirão e a construção de um estádio monumento, como o Allianz Arena, em Munique.
Atualmente, cinco empresas concorrem pelo direito de elaborar o projeto de modernização do Mineirão, visando à Copa do Mundo de 2014. A reforma deve ocorrer em 2009.
"Não dá para o estádio ser demolido porque o Mineirão é um prédio tombado. Acho que uma grande reforma já pode resolver os problemas do estádio", acredita José Eustáquio Natal, diretor-geral da Ademg.


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