São Paulo, quarta-feira, 18 de julho de 2001

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Rogério acha desculpa para ficar

EDUARDO ARRUDA
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO


DA REPORTAGEM LOCAL

Sem proposta para sair do São Paulo, Rogério atrapalhou-se ao anunciar sua intenção de continuar no clube do Morumbi.
Na entrevista que deu ontem para anunciar seu futuro, o goleiro não conseguiu provar que o Arsenal lhe fez uma proposta em abril, como havia alardeado para tentar obter aumento de salário, e disse que ficaria no São Paulo apenas pelo carinho da torcida.
"Sou são-paulino e quero cumprir meu contrato até o fim [2004]. Devo tudo a esse clube."
Apesar das juras de amor, Rogério continua irritado com o presidente Paulo Amaral e o diretor José Dias, que o criticaram publicamente, e exigiu uma retratação dos dois. Amaral, no entanto, não irá se retratar. Para o dirigente, o atleta, além de ter usado uma proposta inexistente para pedir aumento, está tentando jogar a torcida contra a diretoria.
O presidente chegou a mostrar um fax em que o Arsenal nega o interesse por Rogério. Ele acha também que o jogador chegou a simular uma contusão para tentar ficar fora de um jogo pela Copa do Brasil, o que deixou o goleiro ainda mais irado.
Sem a retratação, o atleta estuda processar Amaral. "Ela terá que vir de uma maneira sensata, de uma forma espontânea. Caso não venha assim, virá judicialmente", disse a advogada Gislaine Nunes, acrescentando ""ser muito cômodo o Arsenal dizer agora que não tem interesse por ele".
A suposta oferta do clube inglês desencadeou a crise entre o atleta e a diretoria são-paulina. Para prosseguir no Morumbi, ele teria recebido da direção a promessa de um aumento, o que acabou não acontecendo.
Em seguida, a diretoria passou a dizer que a proposta do Arsenal nunca existiu e que não haveria razão para alterar o salário do goleiro -R$ 130 mil mensais.
"Eu jamais pedi aumento, e o meu relacionamento com a diretoria é profissional", afirmou o atleta, embora acrescentando que não pretende mais ""ter contato com estas pessoas".
Segundo Rogério, o conselheiro Pérsio Rainho, que não aparecia em sua primeira versão, foi quem o procurou para falar do interesse do Arsenal. Rainho, atualmente na oposição, confirma, mas apenas até aí. Diz, ao contrário do que sustenta a defesa do goleiro, que nunca viu a suposta proposta dos ingleses, até porque ela não teria passado de uma sondagem.
"Um amigo meu [Silvio Cassiano] foi quem me procurou em nome do Arion Oliveira Júnior [intermediário na negociação]. Um empresário argentino que mora na Alemanha queria ver se o Rogério teria interesse de defender o Arsenal. Ele aceitou negociar e foi feita uma reunião em abril, mas eu nem participei do encontro", disse Rainho.
Da reunião, teria sido feita uma sondagem a Rogério, nada mais do que isso. "Foi uma conversa informal", disse Oliveira Júnior. "Pelo que sei, não foi nada oficial", completou Rainho.
Apesar das declarações dos intermediários, o goleiro continuou dizendo que ""foi passada uma proposta, sim". Mas ele não chegou a mostrá-la, tampouco sua advogada, Gislaine Nunes. "Quem tem de mostrar é ele [Pérsio Rainho]", disse Gislaine.
A confusão não pára por aí. Outro ponto de divergência é em relação ao valor que teria de ser pago pela rescisão contratual.
Enquanto Gislaine Nunes calcula em R$ 1,48 milhão a multa rescisória, o clube diz que este valor é quase dez vezes maior do que o divulgado pela advogada.


Colaborou Rodrigo Bueno, da Reportagem Local



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