São Paulo, quinta-feira, 18 de julho de 2002

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Paulistas e cariocas querem votação para derrubar calendário proposto

Rio e SP confrontam o Brasileiro da TV

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
MARÍLIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Inconformadas com o calendário da Rede Globo para o futebol brasileiro, as duas principais federações estaduais do país querem derrubá-lo em votação na Assembléia Geral da CBF.
A Federação Paulista e a do Estado do Rio não aceitam a redução dos campeonatos estaduais e o inchaço do Nacional, que passaria a ser realizado já no ano que vem em oito meses, em turno e returno e pontos corridos. Para os torneios estaduais e/ou regionais, a emissora só reservou dez datas.
"Sou frontalmente contra", disse à Folha Eduardo José Farah, presidente da FPF. "Se há uma nova proposta, ela tem de ser aprovada pela Assembléia Geral da CBF, tem de ser debatida e ir a votação. Não pode ser imposta de cima para baixo por uma rede de TV. Ela [Globo" é dona de que time?", questionou o dirigente.
Farah lembrou que, no ano passado, o ""pacto da bola", firmado entre CBF, Clube dos 13, João Havelange e Pelé, com apoio do Ministério do Esporte, definiu um calendário quadrienal para o futebol brasileiro. Entre 2002 e 2005, o Brasileiro aconteceria no segundo semestre, entre agosto e dezembro, e os torneios estaduais e regionais ocorreriam no primeiro.
A Federação do Estado do Rio, presidida por Eduardo Viana, o Caixa D'Água, também não aceita apenas dez datas para os estaduais e já iniciou um movimento contra o calendário da Globo.
A princípio, fará uma reunião na semana que vem para discutir a questão. Depois do encontro, pedirá a convocação da Assembléia Geral da CBF, formada pelas federações e pelos clubes que disputam a primeira divisão do Brasileiro. Lá, crê que a maioria é contra a redução dos estaduais.
Mas, pelo jeito, não é bem assim. Emídio Perondi, presidente da Federação Gaúcha de Futebol, e Onaireves Moura, da Paranaense, ambos fortes aliados de Ricardo Teixeira, lavam as mãos.
"A CBF deu força para isso ao passar a administração do Brasileiro [de 2003] para a Liga [Nacional de Clubes]. Agora o que eu vou fazer? O jeito é enterrar de vez as federações", declarou Perondi.
Para ele, com o calendário da Globo e a ênfase ao Brasileiro, não há saída para os clubes pequenos. "Eles vão fechar. No Brasil, existem dois clubes que decidem, o Flamengo e o Corinthians. O resto é o resto", acrescentou, lembrando que são os dois de maior torcida e, portanto, de maior importância para a audiência da Globo.
A Liga do Nordeste e as federações da região também não vêem muito o que fazer contra a proposta da emissora e já estudam algumas saídas alternativas.
Para elas, o fato de a Globo reservar dez datas em sua programação para jogos dos torneios estaduais ou regionais não significa que eles deverão ser enxugados.
Uma proposta é que eles continuem sendo realizados ao longo de todo o primeiro semestre e terminem na entressafra do Brasileiro, antes do início do returno, com a presença das principais equipes de cada Estado.
Presidente da Liga Centro-Oeste, Flávio Raupp é da mesma opinião. Diz que concorda com o calendário da Globo, embora faça algumas ressalvas. Uma delas é que o Grupo de Estudos Especiais do Ministério do Esporte teria definido 12, e não dez, datas para as disputas estaduais. Outra, que o calendário deveria entrar em ação em 2004 e não já em 2003.
A CBF, que acatou a proposta, não quis se manifestar sobre a repercussão do novo calendário.



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