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Paulistas e cariocas querem votação para derrubar calendário proposto
Rio e SP confrontam o Brasileiro da TV
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
MARÍLIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Inconformadas com o calendário da Rede Globo para o futebol
brasileiro, as duas principais federações estaduais do país querem
derrubá-lo em votação na Assembléia Geral da CBF.
A Federação Paulista e a do Estado do Rio não aceitam a redução dos campeonatos estaduais e
o inchaço do Nacional, que passaria a ser realizado já no ano que
vem em oito meses, em turno e returno e pontos corridos. Para os
torneios estaduais e/ou regionais,
a emissora só reservou dez datas.
"Sou frontalmente contra", disse à Folha Eduardo José Farah,
presidente da FPF. "Se há uma nova proposta, ela tem de ser
aprovada pela Assembléia Geral
da CBF, tem de ser debatida e ir a
votação. Não pode ser imposta de
cima para baixo por uma rede de
TV. Ela [Globo" é dona de que time?", questionou o dirigente.
Farah lembrou que, no ano passado, o ""pacto da bola", firmado
entre CBF, Clube dos 13, João Havelange e Pelé, com apoio do Ministério do Esporte, definiu um
calendário quadrienal para o futebol brasileiro. Entre 2002 e 2005, o
Brasileiro aconteceria no segundo
semestre, entre agosto e dezembro, e os torneios estaduais e regionais ocorreriam no primeiro.
A Federação do Estado do Rio,
presidida por Eduardo Viana, o
Caixa D'Água, também não aceita
apenas dez datas para os estaduais e já iniciou um movimento
contra o calendário da Globo.
A princípio, fará uma reunião
na semana que vem para discutir
a questão. Depois do encontro,
pedirá a convocação da Assembléia Geral da CBF, formada pelas
federações e pelos clubes que disputam a primeira divisão do Brasileiro. Lá, crê que a maioria é
contra a redução dos estaduais.
Mas, pelo jeito, não é bem assim. Emídio Perondi, presidente
da Federação Gaúcha de Futebol,
e Onaireves Moura, da Paranaense, ambos fortes aliados de Ricardo Teixeira, lavam as mãos.
"A CBF deu força para isso ao
passar a administração do Brasileiro [de 2003] para a Liga [Nacional de Clubes]. Agora o que eu
vou fazer? O jeito é enterrar de vez
as federações", declarou Perondi.
Para ele, com o calendário da
Globo e a ênfase ao Brasileiro, não
há saída para os clubes pequenos.
"Eles vão fechar. No Brasil, existem dois clubes que decidem, o
Flamengo e o Corinthians. O resto
é o resto", acrescentou, lembrando que são os dois de maior torcida e, portanto, de maior importância para a audiência da Globo.
A Liga do Nordeste e as federações da região também não vêem
muito o que fazer contra a proposta da emissora e já estudam algumas saídas alternativas.
Para elas, o fato de a Globo reservar dez datas em sua programação para jogos dos torneios estaduais ou regionais não significa
que eles deverão ser enxugados.
Uma proposta é que eles continuem sendo realizados ao longo
de todo o primeiro semestre e terminem na entressafra do Brasileiro, antes do início do returno,
com a presença das principais
equipes de cada Estado.
Presidente da Liga Centro-Oeste, Flávio Raupp é da mesma opinião. Diz que concorda com o calendário da Globo, embora faça
algumas ressalvas. Uma delas é
que o Grupo de Estudos Especiais
do Ministério do Esporte teria definido 12, e não dez, datas para as
disputas estaduais. Outra, que o
calendário deveria entrar em ação
em 2004 e não já em 2003.
A CBF, que acatou a proposta,
não quis se manifestar sobre a repercussão do novo calendário.
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