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BASQUETE
Primeiro brasileiro a jogar profissionalmente no exterior, ex-atleta estava em coma e teve infecção generalizada
Morre Ubiratan, 58, o maior pivô do país
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Melhor pivô da história do basquete brasileiro, Ubiratan Pereira
Maciel, 58, morreu ontem em
Brasília (DF), em consequência
de infecção generalizada. Ele estava em coma desde que sofreu três
paradas cardíacas, em fevereiro.
Inicialmente, a família o havia
transferido de Brasília para o Instituto do Coração, em São Paulo.
Em maio, Ubiratan retornou a
Brasília. Ficou no Hospital das
Forças Armadas, onde morreu.
Até o início da noite de ontem, a
família ainda não havia decidido
onde seria o enterro de Ubiratan.
Conhecido por Bira ou Cavalo
de Aço, o ex-pivô tinha um histórico de problemas cardíacos.
Primeiro jogador brasileiro de
basquete a assinar um contrato
profissional no exterior, Ubiratan
teve, há alguns anos, diagnosticada uma arritmia cardíaca. Era
contra-indicada toda atividade física que demandasse esforço.
Mesmo assim, continuava participando de torneios de veteranos. Ele dizia que preferia morrer
em quadra a deixar o basquete.
Único brasileiro até hoje a ser
cotado para entrar no Hall da Fama do basquete, nos EUA, Ubiratan ganhou quatro medalhas em
Mundiais jogando pela seleção.
Sua maior glória foi ter feito
parte da equipe campeã mundial
em 1963, em torneio disputado no
Rio. Nesse torneio, jogou ao lado
de Amaury Pasos, Wlamir Marques e Rosa Branca, entre outros.
Além do título mundial, Ubiratan também foi vice-campeão em
1970, na Iugoslávia -a seleção
brasileira perdeu o título para os
donos da casa. Nos Mundiais de
1967, no Uruguai, e 1978, nas Filipinas, foi medalha de bronze.
O pivô disputou três Olimpíadas: Tóquio-1964, Cidade do México-1968 e Munique-1972. Ganhou a medalha de bronze no Japão. Em 1968, o Brasil perdeu o
terceiro lugar para a ex-URSS.
Quatro anos depois, a seleção ficou só com o sétimo lugar.
Sua maior desilusão no basquete foi o fracasso no Pré-Olímpico
para os Jogos de Montréal (Canadá), disputado em 1976. Com a
mão quebrada, não pôde ajudar
seus companheiros, que fracassaram na tentativa de obter a vaga.
No final da carreira, teve problemas de relacionamento com dois
ex-treinadores da seleção brasileira: Ary Vidal e Claudio Mortari.
O primeiro teria chamado Ubiratan de "mercenário" em 1979. O
ex-pivô reagiu e disse que não jogaria mais pela seleção brasileira
enquanto Vidal dirigisse a equipe.
No ano seguinte, não foi convocado por Mortari para a Olimpíada de Moscou -o Brasil acabou
em quinto lugar. A mágoa ficou.
Poucos meses depois, após eliminar o Sírio da luta pelo título do
Paulista-1981, o pivô fez provocação, dando cambalhotas em frente ao banco do time rival, dirigido
por Mortari. Nesse ano, foi campeão pelo Tênis Clube de São José.
O ex-pivô começou no Floresta
(atual Espéria), após desistir da
carreira de jogador de futebol
-chegou a treinar no Corinthians, seu time de coração.
Ainda juvenil, se transferiu para
o clube do Parque São Jorge, no
qual ficou até 1970. Em seguida,
fez história ao assinar contrato
com o Splugen, de Veneza (Itália).
Voltou ao país em 1972. Atuou
pelo Trianon, de Jacareí, Palmeiras e Sírio. Em 1978, foi para o Tênis Clube, onde encerrou a carreira, em 1984, aos 40 anos.
No Palmeiras, acompanhou os
primeiros passos de um jovem jogador: Oscar Schmidt, que ficou
abalado com a morte do ídolo.
"Ele sempre será um espelho para
mim. Estou muito triste. A alegria
do Bira vai fazer falta, muita falta", afirmou o ala.
No Corinthians, Ubiratan participou de uma das melhores equipes da história do país, que contava também com Wlamir, Rosa
Branca, Amaury, Mical e Edvar.
Na década de 60, foram cinco títulos do Paulista (1963, 64, 65, 68 e
69) e três da Taça Brasil (1965, 66 e
69). "Foi o melhor time em que
atuei. Jogávamos 90 vezes e perdíamos só cinco", lembrava.
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