São Paulo, domingo, 18 de julho de 2004

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FUTEBOL

O primeiro artigo da Copa América

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

"A Confederação Sul-Americana de Futebol organizará um torneio que se denominará "Campeonato Sul-Americano Copa América", no qual será obrigada a participar a principal seleção de cada federação nacional filiada." Eis o primeiro artigo do regulamento da competição.
Alguns podem entender que Brasil e Paraguai, por exemplo, estão descumprindo a regra básica da disputa por não terem utilizado a sua seleção principal -estão fazendo experiências agora, no Peru, com muitos jogadores.
Talvez a organização do torneio queira dizer que não pode é levar time sub-20 ou time olímpico. Mas até aí um país pode mandar uma seleção só com garotos e dizer que é a principal, que não houve limite de idade, que a nova geração é sensacional e pronto.
A simples presença desse item no regulamento mostra o quanto a Copa América está hoje desprestigiada. Lembra bem regras recentes do Campeonato Paulista que proibiam os clubes de jogar com ""time misto" -isso não impedia os grandes de escalar reservas algumas vezes para priorizar acertadamente a Libertadores.
Tratar da Copa América logo depois da Eurocopa parece meio covardia. Criticar o mais antigo torneio continental de seleções ainda em disputa é como bater em bêbado. Porém, para que a coisa melhore, é algo necessário.
O primeiro artigo do regulamento da Copa América diz ainda que, se algum país não comparecer ao torneio, receberá uma multa de US$ 50 mil (troco no futebol internacional) e será suspenso por dois anos de todas as competições organizadas pela Conmebol. Punição dura? Bem, o que a Argentina fez na Copa América passada na Colômbia?
Os argentinos desistiram oficialmente do torneio de 2001 poucas horas antes de seu início. Se a Conmebol agisse com rigor, os argentinos não teriam disputado normalmente todas as suas competições (e conquistado grande parte delas) nos últimos anos.
A imprensa noticiou que os cartões amarelos foram zerados para a segunda fase da Copa América para a surpresa e a alegria do correto técnico da seleção, Carlos Alberto Parreira. E isso no meio da disputa. A Nike até que dá bom exemplo para a Conmebol, sua parceira recente, pois no torneio que ela organiza para jornalistas em São Paulo houve rigor com suspensões -o artilheiro não jogará a final, por exemplo. Mas, como dizem, ""no pasa nada".
O presidente da Traffic, J. Hawilla, escreve no bacana media guide da Copa América que a importância do torneio ""é hoje equiparável à da Eurocopa". Infelizmente para ele, que possui os direitos do evento (certamente recebe menos do que receberia se tivesse os direitos da Euro), e para nós, que gostamos de futebol internacional, a distância entre as duas mais tradicionais competições continentais de seleções é abissal.
Diferentemente de algumas disputas da Conmebol, a Copa América se justifica. O produto deverá ser valorizado se algumas notícias, como o intervalo de quatro anos entre as edições, vingarem, mas muita coisa precisa mudar, começando pelo primeiro artigo.

Ranking de IDH
Como comparar um torneio de 16 seleções que tem 14 membros no grupo dos países com desenvolvimento humano elevado com um de 12 seleções que tem sete participantes no grupo dos países com desenvolvimento humano médio? Os únicos países que jogaram a Eurocopa que não aparecem no clube do desenvolvimento humano elevado são Rússia e Bulgária, justamente os dois mais bem colocados dentre os países com desenvolvimento humano médio.

Copa da Ásia
Começou ontem o torneio asiático de seleções. A disputa está ganhando corpo a cada edição. A deste ano é na efervescente China. A Ásia pós-Copa espera recorde de audiência e atenção maior dos demais continentes com seu torneio, que tem 16 times, como a Euro.


E-mail: rbueno@folhasp.com.br


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