São Paulo, domingo, 18 de julho de 2004

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FUTEBOL

País dos contrastes

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Na Copa América, mesmo com o time reserva, o Brasil é forte candidato ao título. Já no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), medido pelas Nações Unidas, baseado em indicadores como expectativa de vida, educação e padrão de vida, o Brasil está no 72º lugar, atrás de Argentina (34º), Costa Rica (45º), Uruguai (46º), México (53º) e Venezuela (68º). Vergonha!
Contra a seleção olímpica do Paraguai, que estava reforçada por Gamarra e Paredes, o Brasil jogou no ritmo daquele enorme cágado que estava no hotel da seleção e que apareceu em todos os noticiários.
No primeiro tempo, a atuação do time brasileiro foi aceitável, como nos dois primeiros jogos. Edu, Kleberson e Gustavo Nery avançaram mais do que antes, e Felipe mostrou sua habilidade.
Na segunda etapa, o time piorou com a saída inoportuna do Felipe e ficou horrível após o segundo gol do Paraguai. Não parecia um time dirigido por Parreira, que normalmente mantém o padrão tático, mesmo nas derrotas.
Em qualquer time que tenha um típico centroavante, que se destaca pela finalização mas que participa pouco do conjunto, é comum ele marcar a maioria dos gols e o ataque atuar mal. Com dois centroavantes, isso é ainda mais freqüente. Com três, como no final do jogo contra o Paraguai após a entrada do Ricardo Oliveira, não dá.
Dos seis gols marcados pelo Brasil na Copa América, cinco foram feitos por Adriano e Luis Fabiano. Os dois são excelentes reservas para o atacante Ronaldo, mas a dupla não mostrou até agora nenhuma afinidade. Nos três jogos, eles não trocaram um único passe. Um não enxerga o outro. Os dois só pensam em fazer gol.
Falta à seleção um atacante mais técnico, que recue, troque passes e deixe espaços para o armador avançar e finalizar. Vágner Love e Ricardo Oliveira também não possuem essa característica. Na seleção titular, Ronaldinho Gaúcho e Kaká trocam muito de posição. Isso confunde a marcação. É preciso ainda que pelo menos um dos volantes chegue à área do outro time.
Nos melhores momentos do Cruzeiro em 2003, Aristizábal e Deivid se movimentavam para os lados, e Alex aparecia na frente pelo meio. No Santos, Luxemburgo repete essa estratégia, com Robinho e Deivid e mais Elano ou Diego vindo de trás.
Brasil e México têm chances iguais de vitória. Se o Brasil perder, alguns jogadores serão desvalorizados para a equipe, o que não significa que sejam ruins, que não tenham espírito de seleção e nem que o Parreira seja um mau treinador.
Com as ausências dos titulares, principalmente dos dois Ronaldinhos, Cafu e Roberto Carlos, o Brasil fica no nível de muitas outras seleções.

Evolução
Independentemente do resultado de ontem, o Corinthians melhorou com a recuperação física e técnica de vários jogadores, a contratação de Fábio Baiano e Zé Carlos e a evolução tática da equipe.
Se não fosse a irregularidade, as trocas constantes de posição, as freqüentes contusões e alguns momentos de "doidice", Fábio Baiano seria um excelente jogador. Todos os técnicos querem contratá-lo, com a esperança de que ele jogue como nos seus melhores momentos.
Por causa de sua velocidade e ótimos cruzamentos, Fábio Baiano deveria jogar pelos lados, de ala ou meia-direita. Porém ele prefere atuar pelo meio, na criação das jogadas. Fábio Baiano deve se achar um craque. Nessa posição, porém, ele se torna um jogador mediano, que às vezes faz coisas interessantes e surpreendentes.

Diferença
No Rio, mesmo sem contar com a rodada de ontem, Fluminense e Vasco continuam no grupo do meio, e Flamengo e Botafogo, no de baixo. Se não acontecer novos e importantes fatos, haverá poucas mudanças nas próximas rodadas.
Botafogo e Flamengo podem melhorar. O Botafogo tem atuado bem, para o nível do campeonato, mas falta algo mais, que não sei o que é. O Flamengo terá o reforço de Júlio César e Felipe após a Copa América. Porém o time já estava ruim com os dois.
Roger e Petkovic são os principais responsáveis pelas razoáveis campanhas de Fluminense e Vasco no Brasileiro. Felipe terá de fazer o mesmo.


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