São Paulo, quarta-feira, 18 de setembro de 2002

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FUTEBOL

Ricardo Teixeira quer técnico pentacampeão na última apresentação da seleção brasileira no ano, em novembro

CBF convidará Scolari para mais um jogo

FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

A CBF vai convidar Luiz Felipe Scolari para mais um jogo-despedida. O presidente da entidade, Ricardo Teixeira, fará a proposta ao técnico gaúcho no fim do mês.
O amistoso, que serviria para mais um adeus de Scolari, será disputado em novembro, com local e adversário indefinidos. A CBF já recebeu propostas da Coréia do Sul e dos Estados Unidos, mas ainda não fechou acordo. É certo, no entanto, que a apresentação será feita no exterior.
A cúpula da CBF optou pelo treinador pentacampeão por três motivos: evita que os atletas recepcionem mal o escolhido, assegura a convocação dos campeões na Ásia -o que valorizaria a apresentação do time- e não "desfalca" o banco de reservas de clubes brasileiros, que estarão na reta final do Nacional.
Teixeira pretende convencer Scolari dizendo que quer, com o jogo, homenageá-lo aos olhos do mundo pela campanha na Ásia.
O presidente da CBF disse a interlocutores que sua maior preocupação é com a recepção dos jogadores a um outro técnico. O dirigente avalia que Scolari foi o técnico que melhor soube agrupar os jogadores em toda a sua gestão, que já dura 13 anos.
A preocupação para evitar o racha da "Família Scolari" foi determinante para que a idéia de chamar Pelé fosse descartada. O ex-ministro de FHC é visto com reservas por grande parte da delegação que foi à Copa-2002 e, além disso, está rompido com Teixeira.
Zagallo, que chegou a ser apontado como homenageado, "queimou-se" por outro motivo. A cúpula da CBF não gostou da divulgação da notícia de que o técnico recebeu US$ 500 mil da Dar el Ssada, representante da federação líbia, que negociou amistoso da seleção asiática com a CBF.
Ninguém na entidade ficou convencido da explicação do tetracampeão, que disse que o dinheiro foi pago a troco de uma série de entrevistas dadas aos líbios.
A avaliação na CBF é que não seria bom para a seleção ligar sua imagem a uma pessoa envolvida em tal escândalo.
A conversa entre Teixeira e Scolari deve acontecer no fim do mês. O presidente da CBF pretende falar com o técnico gaúcho quando voltar de viagem à Suíça, onde o dirigente participa de reunião do Comitê Executivo da Fifa.
Embora pretenda contar com Scolari em novembro, Teixeira descarta a volta efetiva do técnico ao comando do time nacional.
O gaúcho anunciou sua saída da seleção em 9 de agosto. Duas semanas depois, Scolari fez o que seria sua última partida como técnico do Brasil, em derrota para o Paraguai (0 a 1), em Fortaleza. Mais do que a despedida do pentacampeão, o jogo ficou marcado pelo apoio da CBF ao presidenciável Ciro Gomes (PPS).
Desde que saiu da CBF, Scolari tem preenchido seu tempo dando palestras -pelas quais cobra em média R$ 35 mil-, gravando comerciais de TV e promovendo seu livro, "Felipão, a Alma do Penta", escrito pelo jornalista gaúcho Ruy Carlos Ostermann.
Amanhã, o técnico estará em São Paulo, para autografar a obra, e dará entrevista coletiva, a primeira desde o jogo no Ceará.
O treinador espera aproveitar a "onda" criada pelo penta até o início do próximo ano, quando pretende voltar a trabalhar diretamente no futebol. Scolari disse que seu desejo é dirigir um time na Europa, mas não descarta assumir o comando de uma seleção nacional que não a brasileira.
Ontem, ele não foi localizado pela reportagem para comentar a decisão de Teixeira de convidá-lo.



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