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Nem centenário de carioca alivia ocaso dos Américas
"Franquia" idealizada por Belfort Duarte acumula fiascos e pode ficar sem representante até na Série B
PAULO COBOS
TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Tudo indicava que não poderia
piorar, mas, no dia em que é comemorado o centenário do clube
que deu origem a essa espécie de
franquia do futebol brasileiro, o
poço parece não ter fundo.
Por todo o país os Américas vão
muito mal. Tanto que em 2005 é
muito grande a chance de nenhum de seus representantes disputar uma das duas principais divisões do Campeonato Brasileiro.
No ano em que completa cem
anos de vida, o carioca, onde jogou Belfort Duarte, sinônimo de
jogo limpo e autor da idéia de espalhar Américas pelo Brasil, terminou sua participação na Série C
sem vencer em seis jogos. O paulista também fez feio: terminou na
vice-lanterna da sua chave.
Os Américas que estão na Série
B já vislumbram a Terceirona. O
mineiro figura na zona de rebaixamento. O potiguar estava na
mesma situação até ontem
-conseguiu, momentaneamente, respirar ao derrotar o Caxias.
Entre os outros sete Américas
na ativa, os resultados em 2004
são, na maioria dos casos, também decepcionantes.
O amazonense foi o vice-lanterna do Estadual. Pior fez o cearense, também penúltimo, mas jogando na segunda divisão.
O de Goiás foi o último colocado na segunda divisão de seu Estado. O pernambucano não passou da primeira fase na série de
acesso no Estado nordestino.
Tais resultados não combinam
com o passado dos Américas. Nada menos do que 11 Estados já tiveram um time com esse nome
como campeão. Ao todo, foram
quase 80 títulos americanos.
Os Américas mineiro e carioca
estiveram entre os 20 clubes que
jogaram a primeira edição do
Brasileiro, em 1971.
Com o cenário atual, a choradeira é geral.
"A nossa campanha neste ano
foi decepcionante", diz Marcos
Mesquita, supervisor do América-RJ. Sem receita, o clube montou um time barato, com média
salarial de R$ 1.500 mensais.
"O América-MG está muito endividado e não formou um elenco
apropriado para disputar a Série
B, que é muito mais difícil do que
a divisão principal. O time foi desmontado, e a reposição foi malfeita. Os times que se prepararam é
que estão lá na frente", diz Carlos
Alberto Silva, que foi técnico da
agremiação mineira durante boa
parte do torneio nacional.
"Acho que a CBF deveria repensar o número de rebaixados. Seis
times caindo é muita coisa", queixa-se Ricardo Bezerra, diretor de
futebol do América-RN.
Para o futuro, os representantes
dos Américas têm opiniões diferentes. "O América-RJ tem tudo
para se reerguer no futebol. Devemos pouco em relação aos grandes clubes [R$ 5 milhões]. Se você
formar um grande jogador, paga
essa pendência e ainda fica com
dinheiro em caixa", diz, otimista,
o supervisor Mesquita.
"Temos uma boa base, fomos
vice-campeões de juniores e ficamos na frente de Flamengo, Vasco e Botafogo", afirma Marinho,
técnico dos cariocas.
O caminho para revitalizar o
América-RN, que foi derrotado
na final do Campeonato Estadual
pelo bem menos badalado Potiguar, passa pela volta de uma
competição regional.
"A CBF acabou com a Copa
Nordeste, torneio que viabilizava
os clubes e tirava o prejuízo dos
estaduais. Isso quebrou muitos times daqui", afirma Bezerra, que
vê no horizonte dias negros para
seu clube. "Se o América-RN for
rebaixado, vai ser ruim para o time e também para o futebol do
Rio Grande do Norte. Não dá para
pensar em jogar a Série C."
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