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AUTOMOBILISMO
Após dizer que assumiria a Jaguar e investiria na categoria, montadora dos EUA surpreende e volta atrás
Ford anuncia saída da F-1 ao final do ano
TATIANA CUNHA
DA REPORTAGEM LOCAL
Foi uma semana movimentada
para a F-1. Mas a notícia de ontem
conseguiu surpreender a todos.
A Ford, uma das mais tradicionais fornecedoras de motor da categoria, que havia anunciado que
iria estampar suas cores no grid
em 2005, informou que vai deixar
a F-1 ao final desta temporada.
O comunicado foi feito no mesmo dia em que a empresa norte-americana, terceira maior montadora do mundo, divulgou que
seus lucros no terceiro quarto do
ano e ao final de 2004 serão maiores do que havia sido previsto.
O principal motivo da surpresa
foi o fato de a Ford ter anunciado
há uma semana que iria assumir o
lugar da Jaguar -uma de suas
marcas- e estampar seu nome e
suas cores nos carros verdes da
equipe a partir do ano que vem.
No início da semana, David
Pitchforth, chefe da equipe, havia
colocado mais lenha na fogueira
ao declarar que iria investir "muito tempo e dinheiro" em 2005.
A fábrica também havia dito
que diminuiria sua participação
no Mundial de Rali no ano que
vem, participando apenas das etapas européias. Tudo com o objetivo de ajudar na criação da Ford
Grand Prix na temporada 2005.
"A presença da Jaguar na F-1 foi
um marketing muito valioso e
uma maneira de exibir nossa
marca, especialmente fora dos
EUA e do Reino Unido", disse Joe
Greenwell, presidente da Jaguar.
"É de consenso geral, porém,
que é hora de nos focarmos 100%
no nosso negócio principal."
A empresa anunciou também
que irá colocar sua fábrica em
Milton Keynes, na Inglaterra, à
venda, incluindo a Cosworth.
Além disso, divulgou o corte de
mais de mil funcionários.
"Nosso foco agora é terminar a
temporada de 2004 e assegurar o
futuro dos negócios na F-1 sob o
comando de uma outra empresa", declarou o vice-presidente da
Ford, Richard Parry-Jones.
Um dos motivos alegados para
a saída da montadora é que a categoria estava ficando cada vez mais
cara -estima-se que Ferrari e
Toyota gastem cerca de US$ 200
milhões por ano, cada uma.
"Para permanecer, teríamos
que poder vencer. E não temos
como justificar o investimento",
declarou Jones. "É muito caro ser
bem-sucedido na F-1. E o dinheiro gerado pelo esporte não é distribuído de maneira igual entre os
que investem nele", completou,
aproveitando para alfinetar os
atuais dirigentes da categoria.
"No final das contas, não podemos culpar ninguém. O esporte é
o que é. Nós tentamos mudar,
mas outros interesses prevaleceram, e temos que levar em conta
esta realidade", afirmou. "Espero
que nossa decisão acelere o desejo
por uma reforma na categoria."
Coincidência ou não, a única
voz destoante ontem foi a de Bernie Ecclestone, que comanda comercialmente a F-1. "Era inevitável, não foi um choque para
mim", afirmou. "Não dava mais
para eles continuarem andando lá
no final do grid, ao lado de carros
como os da Jordan", completou.
O inglês foi mais longe. Disse
que a equipe não tinha o investimento necessário para ser competitiva. "Na minha opinião, nem
deveriam ter corrido neste ano."
Colaborou Fábio Seixas, enviado
especial a Londres
Com agências internacionais
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