São Paulo, sábado, 18 de setembro de 2004

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AUTOMOBILISMO

Após dizer que assumiria a Jaguar e investiria na categoria, montadora dos EUA surpreende e volta atrás

Ford anuncia saída da F-1 ao final do ano

TATIANA CUNHA
DA REPORTAGEM LOCAL

Foi uma semana movimentada para a F-1. Mas a notícia de ontem conseguiu surpreender a todos.
A Ford, uma das mais tradicionais fornecedoras de motor da categoria, que havia anunciado que iria estampar suas cores no grid em 2005, informou que vai deixar a F-1 ao final desta temporada.
O comunicado foi feito no mesmo dia em que a empresa norte-americana, terceira maior montadora do mundo, divulgou que seus lucros no terceiro quarto do ano e ao final de 2004 serão maiores do que havia sido previsto.
O principal motivo da surpresa foi o fato de a Ford ter anunciado há uma semana que iria assumir o lugar da Jaguar -uma de suas marcas- e estampar seu nome e suas cores nos carros verdes da equipe a partir do ano que vem.
No início da semana, David Pitchforth, chefe da equipe, havia colocado mais lenha na fogueira ao declarar que iria investir "muito tempo e dinheiro" em 2005.
A fábrica também havia dito que diminuiria sua participação no Mundial de Rali no ano que vem, participando apenas das etapas européias. Tudo com o objetivo de ajudar na criação da Ford Grand Prix na temporada 2005.
"A presença da Jaguar na F-1 foi um marketing muito valioso e uma maneira de exibir nossa marca, especialmente fora dos EUA e do Reino Unido", disse Joe Greenwell, presidente da Jaguar.
"É de consenso geral, porém, que é hora de nos focarmos 100% no nosso negócio principal."
A empresa anunciou também que irá colocar sua fábrica em Milton Keynes, na Inglaterra, à venda, incluindo a Cosworth. Além disso, divulgou o corte de mais de mil funcionários.
"Nosso foco agora é terminar a temporada de 2004 e assegurar o futuro dos negócios na F-1 sob o comando de uma outra empresa", declarou o vice-presidente da Ford, Richard Parry-Jones.
Um dos motivos alegados para a saída da montadora é que a categoria estava ficando cada vez mais cara -estima-se que Ferrari e Toyota gastem cerca de US$ 200 milhões por ano, cada uma.
"Para permanecer, teríamos que poder vencer. E não temos como justificar o investimento", declarou Jones. "É muito caro ser bem-sucedido na F-1. E o dinheiro gerado pelo esporte não é distribuído de maneira igual entre os que investem nele", completou, aproveitando para alfinetar os atuais dirigentes da categoria.
"No final das contas, não podemos culpar ninguém. O esporte é o que é. Nós tentamos mudar, mas outros interesses prevaleceram, e temos que levar em conta esta realidade", afirmou. "Espero que nossa decisão acelere o desejo por uma reforma na categoria."
Coincidência ou não, a única voz destoante ontem foi a de Bernie Ecclestone, que comanda comercialmente a F-1. "Era inevitável, não foi um choque para mim", afirmou. "Não dava mais para eles continuarem andando lá no final do grid, ao lado de carros como os da Jordan", completou.
O inglês foi mais longe. Disse que a equipe não tinha o investimento necessário para ser competitiva. "Na minha opinião, nem deveriam ter corrido neste ano."


Colaborou Fábio Seixas, enviado especial a Londres
Com agências internacionais


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