ROBERTO FONSECA
da Reportagem Local

O paulista Ruben Carrapatoso, 17, é o campeão mundial de kart, título que o tricampeão mundial de F-1 Ayrton Senna não conseguiu atingir. Mas ainda assim o piloto se vê obrigado a folhear a lista telefônica de empresas em busca de patrocínio.
O brasileiro conquistou o Campeonato Mundial da categoria A (pilotos de 15 a 18 anos), no domingo, dia 13, na cidade de Ugento, Itália.
Para viajar, teve de usar dinheiro do próprio bolso para pagar passagens e estadia na Europa. Carrapatoso estima que o custo total da viagem fora de R$ 1.200.
"Como não tenho patrocínio, dependo do "paitrocínio' para pagar viagens e estadia", afirma.
Carrapatoso diz que, em 97, problemas financeiros quase o tiraram das pistas. "Meu pai não tinha mais como me financiar". Foi aí, segundo ele, que começou a procurar na lista telefônica vários nomes de empresas.
Mesmo sem ter nenhum conhecido, ligava pedindo patrocínio e afirma ter recebido 100% de negativas. "Até bateram o telefone na minha cara", conta.
Hoje, o piloto corre pela equipe belga Marechal Motor Sport, que fornece apenas o carro.
Depois da conquista do Mundial, seu preparador de motores na Bélgica, Roland Marechal, também passou a trabalhar como representante, enviando seu currículo a equipes européias.
Em 99, ele pretende se mudar para a Europa e disputar a categoria Super-A (pilotos com mais de 18 anos), que segundo ele é uma vitrine para outras categorias. "Muitos engenheiros de equipes de categoria maior observam as provas para buscar os melhores".
Sorte
Segundo Ruben, a vitória no Mundial afastou uma sequência de "falta de sorte". Ele já havia sido vice-campeão paulista duas vezes (e campeão em 95), vice brasileiro uma vez e quinto no Mundial de 97. "Neste Mundial, pela primeira vez, deu tudo certo".
Um exemplo de sorte, para o brasileiro, foi que o kart de seu principal rival na corrida final, o espanhol Fernando Alonso, quebrou na volta de apresentação.
Com a vitória, Ruben tornou-se o mais jovem piloto brasileiro a ser o primeiro do mundo na modalidade. Antes, já venceram o torneio o carioca Augusto Ribas (que deixou as pistas), aos 22 anos, em 1986, e o paulista Gastão Fráguas (que corre na F-Renault, na Itália), aos 18, em 95.
Carrapatoso começou no kart aos 11 anos. "Meu pai me levava para ver corridas", diz. No primeiro ano, fraturou o braço direito em acidente. "Até hoje minha mãe fica preocupada".



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