|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
Relator vê problemas para votação de projeto criticado por ministério
Nem governo acredita em "moralização" para este ano
MARÍLIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Duas CPIs, um Código de Defesa do Torcedor, uma medida provisória. Mas a sequência de atos
de aspirações moralizadoras do
futebol deve naufragar, pelo menos neste final de governo.
Essa é a previsão do PSDB, partido do presidente da República,
que editou a medida, e do deputado licenciado Ronaldo César Coelho (RJ), relator do projeto de
conversão da norma em lei.
"É bem improvável que tenha
votação em Brasília", disse Coelho, que, depois de reeleito deputado pelo Estado do Rio, deixou a
Câmara para assumir a Secretaria
Municipal da Saúde carioca.
A improbabilidade, segundo o
relator do projeto de lei, está na
escassez de datas e no panorama
político nacional. Isso porque o
documento elaborado por Coelho
tem que ser votado em plenário
até 15 de novembro. Até lá, a
MP-39 trancará a pauta de votações da Câmara e, assim, nenhum
outro projeto poderá ser colocado
em discussão antes dela.
"Mandei ontem [anteontem]
aos líderes dos partidos e à Mesa
Diretora da Câmara a última versão do projeto, a 12ª. É [uma versão] enxuta, porque temos que levar em conta que o plenário foi
todo renovado [nas eleições] e,
para termos alguma chance de
passar, o texto tem que ser curto,
sem nenhuma controvérsia sequer", afirmou Coelho.
O pessimismo do deputado fica
ainda mais evidente quando ele se
lembra dos prazos. "Depois do segundo turno, vai nos restar apenas o dia 7. Duvido que tenha sessão na quarta seguinte à eleição
[dia 30" e na véspera do feriado
do dia 15, quando a medida provisória vai caducar. É uma pena,
mas vamos perder todo o trabalho que tivemos", afirmou.
Quando fala em caducar, Coelho evoca a norma que regula a vigência das medidas provisórias,
que impõem limite para que uma
delas se torne lei. Assim, caso os
deputados não votem a proposta
do tucano até 15 de novembro, a
medida perderá sua eficácia.
Neste caso, o governo não poderá voltar a editá-la, e a missão de
fazer alterações na Lei Pelé ficará
para o próximo governo.
Para ser aprovado, o projeto de
Coelho terá que receber em plenário 257 votos a favor -metade
mais um dos deputados.
Se contraria a vontade de Coelho, a não-conversão em lei da
MP-39 é contemporizada pelo
também tucano José Luiz Portella, secretário-executivo do Ministério do Esporte, voraz crítico do
projeto elaborado pelo deputado.
Para Portella, o texto é "inconstitucional". Segundo o funcionário do Ministério, nenhuma lei
pode obrigar os clubes a se tornarem empresas, como propõe Coelho para aqueles que têm faturamento anual superior a R$ 1,8 milhão. Outra crítica de Portella ao
projeto diz respeito ao fato de a
CBF e as demais federações terem
sido "esquecidas" pelo relator.
Coelho respondeu o ataque: "A
CBF não exerce atividade comercial, e eu não posso deturpar a
medida provisória e enfiar 200
novos assuntos no projeto".
Texto Anterior: O que ver na TV Próximo Texto: Projeto de lei, agora, fica órfão no Congresso Índice
|