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BOXE
Vestibular para esperança branca
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
Todas as gerações têm a sua.
Se tudo correr da maneira
como sua equipe planeja, o combate de hoje não será o mais importante da carreira do norte-americano "Baby" Joe Mesi, mas
um vestibular para que se torne a
mais nova "esperança branca".
Além da cor da pele, o invicto
Mesi tem outros ingredientes comuns às "esperanças brancas":
agressividade, sempre caminhando para a frente e cartel cheio de
nocautes (21 em 23 combates).
No lado negativo, "Baby" Joe
nunca enfrentou ninguém digno
de nota (até o momento) e, ao
menos pelo que pôde ser constatado por meio dos combates que foram exibidas no Brasil, mostra
uma movimentação "mecânica".
Pode-se deduzir que, graças à
pigmentação de sua pele, assinou
um contrato com o lutador e multicampeão que se tornou promotor de lutas "Sugar" Ray Leonard.
(Por que tal dedução? É que outros lutadores, com o mesmo nível
de técnica, não foram "agraciados" com o mesmo tratamento).
"Baby" Joe Mesi ainda não merece ser chamado de "esperança
branca". Ainda não está mesmo
no nível dos antecessores Tommy
"The Duke" Morrison ou "Gentleman" Gerry Cooney (que por sua
vez já não eram fantásticos).
É que, por mais protegido que
um pugilista seja e por mais riscos
que sua equipe corra ao testá-lo,
chega um momento em sua carreira em que tem de enfrentar alguém minimamente perigoso.
Morrison teve o seu Pinklon
Thomas (um ex-campeão que fazia sua primeira luta depois de
apanhar de "Iron" Mike Tyson).
Cooney, o seu Jimmy Young
(outro veterano, responsável pela
aposentadoria de George Foreman em sua primeira carreira).
(Para sermos corretos, vale lembrar que Mesi já enfrentou alguém "de nome", "Smokin" Bert
Cooper, em julho de 2001, mas
Cooper já estava tão decadente
que nem dava mais para encará-lo seriamente como um teste).
Aí, sim, depois de passar por um
"vestibular", o candidato a "esperança branca" justifica investimento maior da parte de sua
equipe. Digamos, uma capa na
"Times" (Cooney) ou um papel
em um filme (no caso de Morrison, o papel de Tommy "Machine" Gunn no filme "Rocky 5").
O nigeriano David Izon, prata
em Barcelona-92, que hoje estará
do outro lado do ringue é um bom
teste para Mesi. Apesar de veterano, Izon (27 vitórias, 23 nocautes
e 4 derrotas) é um rival respeitável. Tão respeitável, que, curiosamente, Izon foi anunciado como
rival de Tyson algumas vezes. No
entanto o encontro acabou cancelado. Em seu lugar, Mike enfrentou o polonês Andrew Golota.
Depois, Izon foi cogitado para
enfrentar Lennox Lewis pelo título, mas o inglês selecionou o norte-americano Hasim Rahman (e
todos sabem o que aconteceu).
O nigeriano possui uma fantástica resistência ao castigo e grande capacidade de recuperação.
Em algumas de suas vitórias, os
rivais de Izon esgotaram as próprias energias de tanto bater nele.
Constam no cartel profissional
de Izon, Darroll Wilson (o primeiro a derrotar o então promissor
Shannon Briggs), Lou Savarese,
Derrick Jefferson, Terrence Lewis
(vitórias), Fres Oquendo, Michael
Grant e David Tua (derrotas).
Esses ingredientes tornam o
combate entre Mesi e Izon um dos
mais atraentes com previsão de
exibição para o Brasil (a ESPN
International programa VT, na
próxima sexta-feira, às 22h30).
Brasil 1
O brasileiro Rogério Cacciatore enfrenta Mads Larsen no dia 25, na
Dinamarca. Larsen é ranqueado pelo CMB, pela AMB e pela OMB
como meio-pesado. No caso da FIB, como supermédio.
Brasil 2
O meio-pesado Laudelino Barros, o Lino, obteve na sexta-feira
passada sua mais importante vitória, sobre o veterano Marcos
Duarte, no sétimo assalto, em Santo André (SP). Foi, de longe, o
mais difícil adversário de Lino, pois Duarte já enfrentou ex-campeões mundiais como Jorge "Locomotora" Castro e Bruno Girard.
Ranking
A AMB invalidou o último ranking dos pesados e emitiu outro, alegando que "errar é humano". O pesado Kirk Johnson foi elevado
de décimo a oitavo. Curiosamente, Johnson, que recentemente foi
desqualificado em disputa de título, havia entrado com ação legal.
E-mail eohata@folhasp.com.br
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