São Paulo, domingo, 18 de novembro de 2001

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OUTRO LADO
Pelé se cala; sócio afirma 'inocência'

DA SUCURSAL DO RIO

Procurado desde a última segunda-feira, o empresário e ex-jogador de futebol Pelé não se manifestou sobre os negócios envolvendo o projeto de 1995 com o Unicef-Argentina.
Foram deixados cinco recados em seu escritório de São Paulo. Num dos telefonemas, um assessor, José Fornos Rodrigues, o Pepito, foi avisado sobre as informações recolhidas para a reportagem.
Uma secretária disse que, horas depois, ainda na segunda, Pepito conversaria com Pelé.
Apesar de informado sobre os telefones, o fax e o e-mail do jornal, Pelé não respondeu. Por fax, lhe foram enviadas 15 perguntas, não respondidas.
O empresário Hélio Viana, seu sócio na Pelé Sports & Marketing Ltda., fez breve declaração, na quarta-feira: ""Prefiro não me pronunciar sobre esse assunto. Até porque a Pelé Sports & Marketing Ltda. e o Pelé estão totalmente inocentes nessa história. Jamais recebemos qualquer recurso ou qualquer dinheiro. O máximo que posso dizer é isso". Apesar de divergências que os têm afastado nos últimos meses, Pelé e Viana continuam formalmente como sócios na PS&M Ltda., uma das maiores agências de marketing esportivo do Brasil.
O empresário Roberto Seabra afirmou na terça-feira que só quer falar sobre o projeto Move the World nos autos do processo aberto com a reclamação trabalhista dele contra a PS&M Ltda. ""Por enquanto, falo apenas na Justiça", disse.
O advogado Arnaldo Blaichman, defensor da PS&M Ltda. no processo trabalhista, afirmou: ""A matéria está sub judice. Eu não posso falar sobre ela. Há um juiz, um pedido de comissões do dr. Roberto nesses eventos. Não posso falar nada."
Pelé, Viana e Seabra assinaram o convênio com o Unicef. O contrato com a Sports Vision, que pagaria US$ 3 milhões à PS&M Inc., foi assinado por Pelé e Viana. A Folha não conseguiu localizar em Miami os diretores das extintas Sports Vision e Global Entertainment.
Em 1999, o argentino Guillermo Bassignani, que de 1994 a 1995 foi o presidente da Global, enviou carta à PS&M Ltda.
Escreveu, no documento juntado aos autos pela empresa de Pelé e Viana: ""Informamos que o projeto Move the World, idealizado por nossa empresa em associação com a Sports Vision e o Unicef-Argentina, jamais se realizou em função da quebra do Banco Patricios, que pretendia investir no projeto. Como nenhuma outra empresa se interessou, o evento foi cancelado e os valores contratados com V. Sa. [PS&M Ltda." não foram pagos".
De acordo com documentos anexados ao processo, o dinheiro prometido era para a PS&M Inc., das Ilhas Virgens, e não para a PS&M Ltda., do Brasil. A PS&M Inc. reconhece que recebeu US$ 700 mil.
O Unicef na Argentina afirmou desconhecer que alguma empresa tenha recebido dinheiro pelo projeto frustrado. Julio Hurtado, coordenador de programas, disse que ""efetivamente se firmou um convênio, mas não se realizou a atividade". Por telefone, afirmou: "Não se levou o evento a cabo porque não se deram as condições. Essa é a notícia que temos. O Unicef nada recebeu".
Sobre o recebimento de US$ 700 mil pela PS&M Inc., Hurtado falou: ""Não sabemos disso. Para nós, até que vocês nos chamassem, não havia nenhum problema". (MM e SR)


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