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OUTRO LADO
Pelé se cala; sócio afirma 'inocência'
DA SUCURSAL DO RIO
Procurado desde a última segunda-feira, o empresário e ex-jogador de futebol Pelé não se
manifestou sobre os negócios
envolvendo o projeto de 1995
com o Unicef-Argentina.
Foram deixados cinco recados em seu escritório de São
Paulo. Num dos telefonemas,
um assessor, José Fornos Rodrigues, o Pepito, foi avisado
sobre as informações recolhidas para a reportagem.
Uma secretária disse que, horas depois, ainda na segunda,
Pepito conversaria com Pelé.
Apesar de informado sobre
os telefones, o fax e o e-mail do
jornal, Pelé não respondeu. Por
fax, lhe foram enviadas 15 perguntas, não respondidas.
O empresário Hélio Viana,
seu sócio na Pelé Sports &
Marketing Ltda., fez breve declaração, na quarta-feira: ""Prefiro não me pronunciar sobre
esse assunto. Até porque a Pelé
Sports & Marketing Ltda. e o
Pelé estão totalmente inocentes
nessa história. Jamais recebemos qualquer recurso ou qualquer dinheiro. O máximo que
posso dizer é isso". Apesar de
divergências que os têm afastado nos últimos meses, Pelé e
Viana continuam formalmente
como sócios na PS&M Ltda.,
uma das maiores agências de
marketing esportivo do Brasil.
O empresário Roberto Seabra afirmou na terça-feira que
só quer falar sobre o projeto
Move the World nos autos do
processo aberto com a reclamação trabalhista dele contra a
PS&M Ltda. ""Por enquanto,
falo apenas na Justiça", disse.
O advogado Arnaldo Blaichman, defensor da PS&M Ltda.
no processo trabalhista, afirmou: ""A matéria está sub judice. Eu não posso falar sobre ela.
Há um juiz, um pedido de comissões do dr. Roberto nesses
eventos. Não posso falar nada."
Pelé, Viana e Seabra assinaram o convênio com o Unicef.
O contrato com a Sports Vision, que pagaria US$ 3 milhões à PS&M Inc., foi assinado
por Pelé e Viana. A Folha não
conseguiu localizar em Miami
os diretores das extintas Sports
Vision e Global Entertainment.
Em 1999, o argentino Guillermo Bassignani, que de 1994 a
1995 foi o presidente da Global,
enviou carta à PS&M Ltda.
Escreveu, no documento juntado aos autos pela empresa de
Pelé e Viana: ""Informamos que
o projeto Move the World,
idealizado por nossa empresa
em associação com a Sports Vision e o Unicef-Argentina, jamais se realizou em função da
quebra do Banco Patricios, que
pretendia investir no projeto.
Como nenhuma outra empresa se interessou, o evento foi
cancelado e os valores contratados com V. Sa. [PS&M Ltda."
não foram pagos".
De acordo com documentos
anexados ao processo, o dinheiro prometido era para a
PS&M Inc., das Ilhas Virgens, e
não para a PS&M Ltda., do
Brasil. A PS&M Inc. reconhece
que recebeu US$ 700 mil.
O Unicef na Argentina afirmou desconhecer que alguma
empresa tenha recebido dinheiro pelo projeto frustrado.
Julio Hurtado, coordenador de
programas, disse que ""efetivamente se firmou um convênio,
mas não se realizou a atividade". Por telefone, afirmou:
"Não se levou o evento a cabo
porque não se deram as condições. Essa é a notícia que temos. O Unicef nada recebeu".
Sobre o recebimento de US$
700 mil pela PS&M Inc., Hurtado falou: ""Não sabemos disso.
Para nós, até que vocês nos
chamassem, não havia nenhum problema".
(MM e SR)
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