São Paulo, domingo, 18 de novembro de 2001

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FUTEBOL

Schumacher x Senna

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Para o bem de quase tudo que envolve a Copa do Mundo, Alemanha e Brasil confirmaram suas esperadas classificações.
Esse quase tudo envolve torcedores de quase todos os países, amantes do futebol, Fifa, organizadores, patrocinadores, fornecedores de material esportivo, empresas de comunicação etc.
Se a Copa não tivesse uma das duas mais vitoriosas seleções do futebol, viveria uma experiência diferente, frustrante, negativa.
Não defendo aqui o establishment do futebol, que certamente comemorou as vitórias tranquilas que alemães e brasileiros conseguiram contra ucranianos e venezuelanos, mas a preservação de duas camisas que vão ficar à frente das outras ainda por um bom tempo apesar da crise.
Se o Brasil jogou todas as fases finais de Copa, a Alemanha só não fez isso porque não quis. As esvaziadas Copas de 1930 e 50 não atraíram os alemães, pois esses estavam à época mais empenhados em outras questões.
Pelo que fizeram nas eliminatórias, as seleções brasileira e alemã poderiam ficar ausentes do Mundial, mas isso seria um preço muito alto pago pelas duas ""escolas" e, também, pela própria Copa.
Se Holanda e Iugoslávia já deixam um vazio, o que dizer de uma Copa sem superpotências?
Alguns respondem a essa pergunta sugerindo a criação de uma proteção para as seleções que já foram campeãs mundiais, que teriam vaga automática na Copa. Se isso é ""legal" em um sentido, é também uma virada de mesa, como a que podem fazer para o Flamengo e outros times grandes ficarem na elite.
Mesmo com a marca da novidade, a primeira Copa do século 21 pode reunir pela primeira vez desde 1990 todas as equipes que já ganharam o título mundial -basta o Uruguai passar pela Austrália na repescagem.
Alemanha e Brasil não são favoritos em 2002. Argentina e França estão em um nível melhor. Inglaterra e Itália também estão à frente, mas ainda têm alguns detalhes a ajustar. O Uruguai, se for, será coadjuvante.
Mas como a coluna é uma celebração das vagas que alemães e brasileiros conseguiram no jogo final, vamos às estatísticas.
Na história da Copa, somando eliminatórias e fase final, a Alemanha é primeira e o Brasil é segundo em número de pontos (308 a 298) e vitórias (92 a 91).
Os alemães são primeiros também em número de jogos (142, seis a mais que os brasileiros, terceiros colocados no quesito) e em número de gols (349, 45 a mais que os brasileiros, também terceiros neste item). Os brasileiros têm a melhor média de pontos por partida (2,19, contra 2,17 dos alemães).
Se contarmos só a fase final da Copa, o Brasil deixa a Alemanha em segundo lugar em número de pontos (173 a 152), de jogos (80 a 78), de vitórias (53 a 45) e de gols marcados (173 a 162). Os brasileiros são líderes ainda em média de pontos por jogo (2,16, contra 1,95 dos alemães, quintos colocados neste quesito) e ficam à frente dos rivais em média de gols por jogo (com 2,16, estão em terceiro, contra 2,08 dos alemães, os sétimos).
É uma luta sem fim pelo topo dos rankings que mais expressam poder no futebol mundial. É como se Ayrton Senna e Michael Schumacher fossem imortais e duelassem, cada um ao seu estilo, ao longo dos séculos. Na Copa, curiosamente, Senna e Schumacher nunca se cruzaram.


6 seleções sempre
A Fifa entende que seis países participaram de todas as Copas. Além do Brasil, Bélgica, EUA, França, Iugoslávia e México se inscreveram para os 17 Mundiais. Algumas vezes, tais países nem chegaram a jogar, mas fizeram inscrições. Só o Brasil, porém, jogou todas as fases finais de Mundiais.


6 vitórias desta vez
Figo, Beckham ou Raúl? Mia Hamm, Tiffany Milbrett ou Sun Wen? Teremos agora dois premiados como melhor do ano pela Fifa. O melhor de 2001 foi talvez Verón ou Owen, mas Figo deve ganhar. Já as concorrentes jogaram mais com o nome neste ano.


13 derrotas de novo
O 3 a 0 da França na Copa-98 sobre o time de Zagallo foi a 13ª derrota do Brasil em fase final de Copa. No Brasileiro-2000, o Flamengo sofreu na quinta-feira sua 13ª derrota.

E-mail - rbueno@folhasp.com.br



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