|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Garantido em 2014, time faz giro do adeus
Brasil só deve voltar às arenas vizinhas no ano seguinte à Copa que abrigará
Exceção é Argentina, que deve sediar Copa América; seleção é sucesso de renda como visitante, porém não vence fora de casa há 5 jogos
DO ENVIADO A LIMA
DO ENVIADO A TERESÓPOLIS
A Copa de 2014 será no Brasil. Sorte da seleção e azar dos
vizinhos sul-americanos.
Como não faz mais amistosos na região (o último foi em
1999) e não vai disputar o próximo qualificatório por ser o
país-sede, o time nacional deve
ficar, na média, oito anos sem
atuar nos vizinhos (a exceção
deve ser a Argentina, provável
sede da Copa América em
2011). Isso significa que o Peru,
por exemplo, só deve ver o Brasil de novo a partir de 2015.
É nos vizinhos sul-americanos que o Brasil mais causa furor e mais sofre em campo.
Nas eliminatórias passadas, a
média de público do time como
visitante ficou em 46 mil pagantes. O único jogo que não teve ingressos esgotados foi o
contra a Bolívia, em La Paz (na
ocasião, a equipe andina já não
tinha chance de classificação
havia um bom tempo).
Isso numa época em que a seleção brasileira faz amistosos
com estádios vazios na Europa,
como aconteceu em recentes
confrontos na Suécia (contra a
seleção de Gana) e na Alemanha (diante da Turquia).
A notícia de que Ronaldinho
não tinha presença certa para o
jogo de hoje foi a principal
manchete sobre o jogo em Lima nos últimos dias. O coro do
torcedor local não era de alívio,
mas de lamentação por não poder ver o atleta duas vezes eleito melhor do mundo pela Fifa.
Estádios cheios de fãs rivais
assustam o Brasil. Já são cinco
jogos em eliminatórias (quatro
na edição passada e mais um
agora) como visitante sem vitória, a maior seca de triunfos da
história do time nessa competição. Em casa, o país nunca perdeu um jogo qualificatório para
Mundial -a primeira vez que
precisou disputar eliminatórias foi para a Copa de 1954.
"Temos que ter um pouco
mais de sorte fora. Acredito
que, se jogarmos da mesma forma que atuamos no Maracanã
no mês passado [goleada de 5 a
0 sobre o Equador], a vitória virá", diz o capitão Lúcio.
Técnico e jogadores repetem
o chavão de que os rivais se
transformam quando enfrentam o único time nacional cinco vezes campeão do mundo.
"Será cada vez mais difícil [as
eliminatórias]. Os times estão
melhorando nos últimos anos",
exagera o técnico Dunga, já que
os adversários de Argentina e
Brasil cada vez têm mais dificuldades em enfrentar a dupla.
O treinador, aliás, ficou satisfeito quando sua equipe somou
só um ponto contra a Colômbia, em Bogotá, no mês passado, em campo molhado.
"Todos os jogos fora de casa
são uma guerra. Os times querem ganhar da seleção e têm a
oportunidade porque contam
com os torcedores a seu favor.
É o jogo da vida deles, mas a
nossa motivação tem que ser
sempre para vencer e impondo
o nosso ritmo", diz Kaká, que
foi titular da seleção pela primeira vez em um jogo oficial
justamente contra o Peru, em
Lima, há quatro anos, pelas eliminatórias para o Mundial de
2006 -um empate de 1 a 1 que
ficou mais famoso pelas provocações dos torcedores à situação conjugal de Ronaldo.
Alguns dos integrantes da seleção, como o goleiro Júlio César, lembram que o Brasil ganhou as duas últimas edições
da Copa América: no próprio
Peru, em 2004, e na Venezuela,
nesta temporada. Mas nas duas
ocasiões o time nacional não
enfrentou os anfitriões.
Do lado peruano, a seca de vitórias brasileiras como visitante serve de ânimo. E dizem que
não faz falta para a equipe de
Dunga vencer em Lima nas eliminatórias como um todo.
"Eles vão ao Mundial da África do Sul do mesmo jeito, porque são capazes de ganhar os
nove jogos em casa", afirma José del Solar, o técnico peruano.
(PAULO COBOS E SÉRGIO RANGEL)
Texto Anterior: Juca Kfouri: No Peru, com foco no Uruguai Próximo Texto: Torcedores e racha político abalam Peru Índice
|