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São Paulo, domingo, 19 de janeiro de 2003

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PAN-AMERICANO

Modalidades não-olímpicas buscam conseguir alguma visibilidade em evento na República Dominicana

Nanicos fazem dos Jogos a sua Olimpíada

DA REPORTAGEM LOCAL

Para os esportes não-olímpicos, o Pan-Americano de Santo Domingo (República Dominicana), em agosto, é um evento especial, que garante maior visibilidade.
Por isso, a competição continental torna-se mais importante até que o Mundial de modalidades com menos expressão. É o caso de boliche, esqui aquático, hóquei em linha, patinação artística, pelota basca, raquetebol e squash.
No Brasil, algumas modalidades nem sequer têm entidades vinculadas ao COB (Comitê Olímpico Brasileiro), como é o caso da pelota basca e do raquetebol -em ambos os esportes, o país não terá representante no Pan.
Para outras, porém, os Jogos de Santo Domingo irão representar o ápice do calendário esportivo.
"Para um atleta, a Olimpíada representa o momento mais importante. Nós, no entanto, não somos esporte olímpico. Por isso, para nós, o Pan-Americano funciona como a nossa Olimpíada", exemplifica Geraldo Amaral, diretor administrativo da Confederação Brasileira de Hóquei e Patinação.
Uma boa participação no Pan-2003 pode representar mais visibilidade para o esporte e, talvez, um patrocínio para a próxima edição dos Jogos, que será no Rio, em 2007. Esquecidas por quatro anos, essas modalidades conseguirão aparecer na TV apenas na competição de Santo Domingo.
"O Pan-Americano é o evento mais importante para nós. Você está me ligando. No Mundial, ninguém nos procura", afirma José Raul Vasconcellos, diretor da Confederação Brasileira de Esqui Aquático, por telefone, à Folha.
Ciente de que uma boa performance no Pan será essencial para se desenvolver no país, Katya Cristina da Silva, 32, técnica da seleção brasileira de patinação artística, faz aposta em medalhas.
"Atualmente, os EUA e a Argentina estão na frente, mas podemos surpreender. Temos chance de medalha. A patinação do Brasil está melhor a cada dia", acredita.
A dificuldade desses esportes com poucos praticantes é que competem contra países mais estruturados. A América do Norte é o maior pesadelo durante o Pan.
"O problema básico é que duas das maiores forças mundiais, Canadá e EUA, irão disputar o Pan-Americano. Sobra o bronze para os "cucarachas". Brasil, México, Argentina e Chile irão lutar pelo terceiro lugar", disse Vasconcellos, da confederação de esqui.
"Nosso hóquei em linha melhorou nos últimos anos. É possível até ganhar uma medalha de prata, desde que EUA ou Canadá viagem com sua seleção B", disse Amaral, dirigente da confederação de hóquei e patinação.
"O Canadá é o mais forte no squash. Mas também tem os EUA e o México. Mesmo assim, temos esperança de fazer uma boa participação", contou Fernando Mont'Alverne, presidente da Confederação Brasileira de Squash.
Os esportes nanicos, também ligados ao COB, não foram beneficiados pela Lei Piva, que destinou parte da arrecadação das loterias para o fomento ao esporte.
"Não recebemos nada. O COB prioriza o esporte olímpico. Mas o Nuzman disse que vai liberar alguma verba para a gente disputar o Pan", afirmou Vasconcellos.
Sem esses benefícios, cada atleta se vira como pode. Fábio Rezende, 25, primeiro lugar no ranking brasileiro de boliche, dá aulas da modalidade em São Paulo para financiar sua carreira esportiva.
"O ideal é que eu tivesse 100% de tempo para me dedicar à preparação. Infelizmente, não há muito incentivo", lamenta Rezende, que já bancou várias vezes suas despesas para ir competir.
"Por isso, qualquer medalha que o Brasil conquiste no Pan-Americano vai ser motivo de muita festa", completa. (ADALBERTO LEISTER FILHO E EDUARDO OHATA)

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