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PAN-AMERICANO
Modalidades não-olímpicas buscam conseguir alguma visibilidade em evento na República Dominicana
Nanicos fazem dos Jogos a sua Olimpíada
DA REPORTAGEM LOCAL
Para os esportes não-olímpicos,
o Pan-Americano de Santo Domingo (República Dominicana),
em agosto, é um evento especial,
que garante maior visibilidade.
Por isso, a competição continental torna-se mais importante
até que o Mundial de modalidades com menos expressão. É o caso de boliche, esqui aquático, hóquei em linha, patinação artística,
pelota basca, raquetebol e squash.
No Brasil, algumas modalidades nem sequer têm entidades
vinculadas ao COB (Comitê
Olímpico Brasileiro), como é o caso da pelota basca e do raquetebol
-em ambos os esportes, o país
não terá representante no Pan.
Para outras, porém, os Jogos de
Santo Domingo irão representar
o ápice do calendário esportivo.
"Para um atleta, a Olimpíada representa o momento mais importante. Nós, no entanto, não somos
esporte olímpico. Por isso, para
nós, o Pan-Americano funciona
como a nossa Olimpíada", exemplifica Geraldo Amaral, diretor
administrativo da Confederação
Brasileira de Hóquei e Patinação.
Uma boa participação no Pan-2003 pode representar mais visibilidade para o esporte e, talvez,
um patrocínio para a próxima
edição dos Jogos, que será no Rio,
em 2007. Esquecidas por quatro
anos, essas modalidades conseguirão aparecer na TV apenas na
competição de Santo Domingo.
"O Pan-Americano é o evento
mais importante para nós. Você
está me ligando. No Mundial, ninguém nos procura", afirma José
Raul Vasconcellos, diretor da
Confederação Brasileira de Esqui
Aquático, por telefone, à Folha.
Ciente de que uma boa performance no Pan será essencial para
se desenvolver no país, Katya
Cristina da Silva, 32, técnica da seleção brasileira de patinação artística, faz aposta em medalhas.
"Atualmente, os EUA e a Argentina estão na frente, mas podemos
surpreender. Temos chance de
medalha. A patinação do Brasil
está melhor a cada dia", acredita.
A dificuldade desses esportes
com poucos praticantes é que
competem contra países mais estruturados. A América do Norte é
o maior pesadelo durante o Pan.
"O problema básico é que duas
das maiores forças mundiais, Canadá e EUA, irão disputar o Pan-Americano. Sobra o bronze para
os "cucarachas". Brasil, México,
Argentina e Chile irão lutar pelo
terceiro lugar", disse Vasconcellos, da confederação de esqui.
"Nosso hóquei em linha melhorou nos últimos anos. É possível
até ganhar uma medalha de prata,
desde que EUA ou Canadá viagem com sua seleção B", disse
Amaral, dirigente da confederação de hóquei e patinação.
"O Canadá é o mais forte no
squash. Mas também tem os EUA
e o México. Mesmo assim, temos
esperança de fazer uma boa participação", contou Fernando Mont'Alverne, presidente da Confederação Brasileira de Squash.
Os esportes nanicos, também ligados ao COB, não foram beneficiados pela Lei Piva, que destinou
parte da arrecadação das loterias
para o fomento ao esporte.
"Não recebemos nada. O COB
prioriza o esporte olímpico. Mas o
Nuzman disse que vai liberar alguma verba para a gente disputar
o Pan", afirmou Vasconcellos.
Sem esses benefícios, cada atleta
se vira como pode. Fábio Rezende, 25, primeiro lugar no ranking
brasileiro de boliche, dá aulas da
modalidade em São Paulo para financiar sua carreira esportiva.
"O ideal é que eu tivesse 100%
de tempo para me dedicar à preparação. Infelizmente, não há
muito incentivo", lamenta Rezende, que já bancou várias vezes
suas despesas para ir competir.
"Por isso, qualquer medalha
que o Brasil conquiste no Pan-Americano vai ser motivo de
muita festa", completa.
(ADALBERTO LEISTER FILHO E EDUARDO OHATA)
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