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FUTEBOL
Promotor agora diz que perigo não são as organizadas e lidera hoje reunião para acertar retorno de uniformizadas
"Microorganismo" é novo alvo nos estádios
TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
O homem que há dez anos decretou o fim das torcidas organizadas nos estádios em São Paulo
agora recua e tenta trazer de volta
os torcedores uniformizados.
O alvo desta vez são os chamados "microorganismos ou inimigos ocultos", apontados como
responsáveis pela violência nas
praças de futebol.
O promotor público Fernando
Capez, principal responsável pelo
movimento que comandou o fim
das organizadas nos estádios, não
vê a volta como um passo atrás.
Segundo ele, houve uma mudança no quadro e agora o alvo é outro. "Hoje, os assaltantes, os traficantes, os ladrões que gostam de
futebol formam um grupo de três
ou quatro pessoas, se infiltram
num grupo maior e cometem os
roubos. Agora estamos lutando
contra o inimigo oculto", afirma.
E o processo para a volta das organizadas, que está sendo feito
em conjunto com a Federação
Paulista de Futebol, o Ministério
Público, a PM e as organizadas,
tem mais um capítulo hoje.
Segundo o coronel Marcos Marinho, está marcada uma reunião,
às 17h, no 2º Batalhão de Choque
da Polícia Militar, e todos os chefes de torcida foram convocados
para o encontro. Na pauta, regras
que serão impostas às uniformizadas para que o retorno das torcidas ocorra sem problemas.
"Queremos que as torcidas virem entidades com estatutos e
normas com punição para os seus
associados. Outro ponto é mandar para a polícia um cadastro dos
sócios (nome, RG e filiação) com
fotos, que será atualizado semestralmente. Queremos o comprometimento dos chefes de torcida.
Essa volta precisa ser feita com
responsabilidade", afirmou o coronel Marinho, responsável pelo
policiamento nos estádios.
De acordo com a iniciativa, as
torcidas serão escoltadas desde
um ponto estabelecido até o estádio e ficarão num espaço já predeterminado para a assistir à partida. Na volta, os torcedores continuam sendo monitorados até o
ponto de dispersão.
"Se não for assim, com muito
controle, as organizadas não voltam. Não temos pressa. É só mais
uma reunião que nós teremos e
que vêm acontecendo nos últimos dois anos", afirmou Capez.
Outra novidade que está na
pauta da reunião é a criação do
termo de ajustamento de conduta
e um juizado especial de pequenas causas para julgar pequenos
delitos que acontecem nos estádios, como lesões corporais leves,
invasão de campo, incitação à violência e briga entre torcedores.
"Com o juizado, o caso já seria
julgado e as penas poderiam ser
aplicadas imediatamente", afirmou o coronel Marinho.
No entanto, um crime cometido
por torcedores do Guarani, que
perseguiram e mataram por espancamento um ponte-pretano
em Campinas, na semana passada, pegou Capez de surpresa.
"Campinas é um caso à parte. O
nosso trabalho é na capital, em
São Paulo. Mas a volta das organizadas só vai acontecer se tudo estiver muito bom e de acordo",
afirmou o promotor.
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