São Paulo, segunda-feira, 19 de janeiro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

Promotor agora diz que perigo não são as organizadas e lidera hoje reunião para acertar retorno de uniformizadas

"Microorganismo" é novo alvo nos estádios

TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

O homem que há dez anos decretou o fim das torcidas organizadas nos estádios em São Paulo agora recua e tenta trazer de volta os torcedores uniformizados.
O alvo desta vez são os chamados "microorganismos ou inimigos ocultos", apontados como responsáveis pela violência nas praças de futebol.
O promotor público Fernando Capez, principal responsável pelo movimento que comandou o fim das organizadas nos estádios, não vê a volta como um passo atrás. Segundo ele, houve uma mudança no quadro e agora o alvo é outro. "Hoje, os assaltantes, os traficantes, os ladrões que gostam de futebol formam um grupo de três ou quatro pessoas, se infiltram num grupo maior e cometem os roubos. Agora estamos lutando contra o inimigo oculto", afirma.
E o processo para a volta das organizadas, que está sendo feito em conjunto com a Federação Paulista de Futebol, o Ministério Público, a PM e as organizadas, tem mais um capítulo hoje.
Segundo o coronel Marcos Marinho, está marcada uma reunião, às 17h, no 2º Batalhão de Choque da Polícia Militar, e todos os chefes de torcida foram convocados para o encontro. Na pauta, regras que serão impostas às uniformizadas para que o retorno das torcidas ocorra sem problemas.
"Queremos que as torcidas virem entidades com estatutos e normas com punição para os seus associados. Outro ponto é mandar para a polícia um cadastro dos sócios (nome, RG e filiação) com fotos, que será atualizado semestralmente. Queremos o comprometimento dos chefes de torcida. Essa volta precisa ser feita com responsabilidade", afirmou o coronel Marinho, responsável pelo policiamento nos estádios.
De acordo com a iniciativa, as torcidas serão escoltadas desde um ponto estabelecido até o estádio e ficarão num espaço já predeterminado para a assistir à partida. Na volta, os torcedores continuam sendo monitorados até o ponto de dispersão.
"Se não for assim, com muito controle, as organizadas não voltam. Não temos pressa. É só mais uma reunião que nós teremos e que vêm acontecendo nos últimos dois anos", afirmou Capez.
Outra novidade que está na pauta da reunião é a criação do termo de ajustamento de conduta e um juizado especial de pequenas causas para julgar pequenos delitos que acontecem nos estádios, como lesões corporais leves, invasão de campo, incitação à violência e briga entre torcedores.
"Com o juizado, o caso já seria julgado e as penas poderiam ser aplicadas imediatamente", afirmou o coronel Marinho.
No entanto, um crime cometido por torcedores do Guarani, que perseguiram e mataram por espancamento um ponte-pretano em Campinas, na semana passada, pegou Capez de surpresa.
"Campinas é um caso à parte. O nosso trabalho é na capital, em São Paulo. Mas a volta das organizadas só vai acontecer se tudo estiver muito bom e de acordo", afirmou o promotor.


Texto Anterior: Futebol - José Geraldo Couto: Muito para consertar
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.