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FUTEBOL
Muito para consertar
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
Ufa! O Brasil chegou ao quadrangular final do torneio
Pré-Olímpico, mas com muito
mais tropeços no caminho do que
imaginávamos.
Que ninguém se engane: contra
a Colômbia, o placar foi elástico,
mas o futebol foi curto. A rigor, o
Brasil só brilhou em dois momentos, os dos dois últimos gols.
No mais, foi o mesmo futebol
desorganizado e sem imaginação
que havíamos visto contra o Uruguai e contra o Chile. Mesmo jogando de novo com um a mais, o
time parecia impotente em campo para chegar ao gol adversário.
O que aconteceu com o grande
futebol que essa garotada parecia
prometer?
Eis uma pergunta difícil de responder. Algumas razões são mais
ou menos evidentes. Há, de um
modo geral, um espaço muito
grande entre a defesa e o ataque,
o que obriga os zagueiros a tentarem a todo momento a "ligação
direta", com resultados pífios.
Quando é o adversário que tem
a bola, o Brasil lhe concede muito
espaço, como aconteceu ontem,
até a providencial expulsão de
um colombiano.
Falta, em suma, uma compactação melhor da equipe, de modo
a facilitar a vida do jogador que
tem a posse da bola. Os erros tão
freqüentes de passes se devem
mais a essa má organização do
que a uma suposta deficiência
técnica dos atletas, pois em seus
clubes eles acertam muito mais.
Esse problema de articulação
diminuiu um pouco ontem, com
a entrada de Dudu Cearense. Em
compensação, o time sentiu a falta da criatividade de Diego (que,
aliás, ficou devendo nos dois jogos
anteriores).
Do ponto de vista individual, o
que é possível dizer assim, de bate-pronto (estou escrevendo logo
depois de terminado o jogo), é que
alguns jogadores estão rendendo
muito menos que em seus clubes.
Elano, por exemplo, está irreconhecível, errando passes a granel
e finalizando nas nuvens.
Marcel, apesar do gol de ontem,
me parece um jogador pesado e
tecnicamente limitado para
atuar com jogadores de toque de
bola leve e rápido como Robinho,
Diego e Daniel Carvalho.
Já que Dagoberto não desencantou, talvez fosse o caso de
apostar em Nilmar, que já tem
entrosamento com seu companheiro de clube Daniel Carvalho.
Mas o que mais preocupa, nessa
seleção, é a falta de iniciativa,
tanto dos jogadores dentro de
campo como do treinador no
banco.
Não dá para sentir muita firmeza, seja nas divididas, seja nas decisões de Ricardo Gomes. Se os
atletas por vezes se acomodam, o
técnico, por sua vez, demora demais para moldar o time de acordo com as circunstâncias da partida.
Parece que todos ficam à espera
de um lance fortuito de talento ou
de sorte que nos salve a pele. Contra a Argentina, na quarta-feira,
essa pode ser uma atitude perigosa.
Continuo esperançoso quanto à
classificação brasileira à Olimpíada, mas já perdi metade do entusiasmo. Se chegarmos lá, teremos muita coisa para consertar.
Paulistinha
Esvaziado de seu antigo peso, o
Campeonato Paulista que começa quarta-feira servirá como
uma espécie de pré-temporada
para os grandes clubes do Estado. Em princípio, o Santos e o
São Paulo são os favoritos ao título, porque contam com os
melhores elencos e contrataram bons reforços.
Machismo na Fifa
Num momento em que o futebol feminino busca conquistar
respeito e afirmação, foi infeliz
a sugestão do presidente da Fifa, o suíço Joseph Blatter, para
que as jogadoras passem a usar
shorts mais justos e sensuais. É
como se o dirigente dissesse
que as mulheres são incapazes
de criar espetáculo com sua técnica e portanto precisam usar o
corpo para servir ao voyeurismo masculino.
E-mail jgcouto@uol.com.br
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