São Paulo, quinta-feira, 19 de janeiro de 2006

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Para tentar hexa, Parreira aprende guerra de Scolari

Técnico lê mesma obra que guiou comandante do penta e vê pouca chance para novatos entre os 23

MARIO HUGO MONKEN
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

O técnico da seleção brasileira, Carlos Alberto Parreira, repetirá na Copa da Alemanha um pouco da estratégia usada por Luiz Felipe Scolari na conquista do pentacampeonato mundial em 2002.
Assim como ocorreu com seu antecessor, o treinador começou a ler o livro "A Arte da Guerra", do filósofo chinês Sun Tzu, escrito há mais de 2.500 anos e que traz a idéia de que um Estado, na época, só possuía chances de prosperar através da batalha.
Para Parreira, a próxima Copa do Mundo será uma "verdadeira guerra". "Temos que estar preparados, com espírito guerreiro. Ninguém vai querer dar de mão beijada o título para o Brasil", disse ontem, em entrevista à Folha na sede da CBF, no Rio.
No último Mundial, Scolari reproduziu para os atletas trechos do livro, que ensina a bater os oponentes com o uso do intelecto.
Frases extraídas da publicação, como "defendemo-nos quando nossa força é insuficiente; atacamos quando ela é sobeja", eram ditas ao time antes dos jogos.
O destaque dado pelo técnico à obra durante a competição foi tanto que, depois da Copa, exemplares passaram a ser vendidos com um adesivo que trazia, sem autorização do treinador, a inscrição: "O livro do Felipão".
Parreira teve ontem seu primeiro dia de trabalho no ano e declarou que já tem praticamente fechada a relação de jogadores que poderão ir à Copa do Mundo.
"Vamos ter dificuldades para fechar o grupo. Temos um elenco de jogadores que esteve conosco nos últimos três anos, mas não há vagas para todo mundo", disse.
O treinador afirmou que o atacante Fred, atualmente no Lyon (França), aumentou suas chances de disputar o Mundial devido à contusão de Ricardo Oliveira.
Deu pouca chance a atletas como o atacante Nilmar, do Corinthians, e o goleiro Rogério, do São Paulo. "A tendência é que a seleção seja convocada toda lá fora."
Parreira afirmou que deverá viajar à Europa para assistir a duas partidas da Copa dos Campeões. Quanto ao time titular, falou que suas dúvidas persistem no meio-campo e no ataque. Na zaga, os contestados Lúcio e Roque Júnior continuam prestigiados.
O técnico também falou sobre a má fase do lateral-direito Cafu, atualmente na reserva no Milan. Segundo ele, o jogador, que detém o recorde de participações em finais de Mundial (três), não está totalmente garantido.
"Não é porque um jogador vai mal em uma partida que será desconvocado. A média de atuações ao longo do ano é que define. O Cafu é experiente, e isso conta em uma Copa do Mundo", disse.
Parreira disse considerar que a realização de apenas um amistoso -contra a Rússia, em Moscou, em março- durante os seis meses de preparação para o Mundial é muito pouco. Diante deste aspecto, a regra, que obriga o campeão do mundo a disputar as eliminatórias, foi fundamental.
"Foi ali que formamos uma base. Não sei o que seria da seleção sem essa disputa", declarou.
Para o treinador, equipes como o Japão, comandado por Zico, terão uma preparação melhor. "No período que antecede a disputa na Alemanha, eles vão jogar as eliminatórias da Copa da Ásia."


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