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E depois dizem que a imprensa é mal-humorada
JUCA KFOURI
Colunista da Folha
Está vendo só, caro leitor. A
gente nem pode elogiar que a
resposta é imediata.
Sempre aparece algum ""Eurico Viana" para demonstrar cabalmente que a função da imprensa é mesmo de criticar.
Caí na asneira de reconhecer
a excelência deste Rio-São
Paulo e pronto!
Tivemos o primeiro
""W.W.O.O." da história do futebol mundial -um no Maracanã, o verdadeiro, e outro em
São Januário, a farsa.
Meu tio Helena tinha até me
dado a honra de chutar em gol
uma bola que deixei quicando
na área. Tudo em vão!
E volto aqui ao lengalenga de
sempre. O Vasco, sempre o Vasco, ou melhor, ""Eurico Viana",
sempre ""Eurico Viana", jogou
tudo por água abaixo, por um
capricho, porque tudo estava
indo bem demais e eles precisam do caos para reinar.
E o Rio-São Paulo virou Bangu-Carandiru.
Euriquices à parte, é preciso
analisar melhor essa questão
do mando de campo.
Em época em que os estádios
são estúdios, é perfeitamente
compreensível que cada clube
queira jogar em seu campo.
É claro que, se o regulamento
determina outra coisa, cumpra-se o regulamento.
Mas não faz mais sentido a
exigência de grandes estádios,
desde que se assegure as condições para que torcedores e atletas tenham as condições necessárias, seja onde for.
As bilheterias não são mais as
principais fontes de rendas dos
clubes, e quem tem um São Januário, uma Vila Belmiro, está
certo em querer jogar em casa,
como ocorre no mundo todo.
O palco do tristemente inesquecível Brasil x Itália, na Copa de 1982, foi o acanhado, e já
demolido, estádio de Sarriá.
Nem por isso, sem dúvida, o
advogado do Vasco tem o direito de perpetrar a jóia da semana, ao dizer que o ""gramado de
São Januário é confortável (!)".
E saboroso?
Fui sair em defesa de meu
querido ídolo Tostão, contra a
opinião de meu também querido colunista Tostão, e quase
sou linchado por botafoguenses
que não se conformam com a
idéia de ver Romário no lugar
de Jairzinho no ataque da seleção de 1970.
A favor de minha aparente
heresia, uma explicação: por
questões técnicas, desapareceram cinco linhas daquela nota
que ponderavam sobre os motivos da proposta.
Jairzinho foi o ""Furacão da
Copa", autor de sete gols em
seis jogos, deixou sua marca em
todas as partidas e, bem depois,
no fim da carreira, ainda foi
um extraordinário homem de
armação do Cruzeiro, campeão
da Libertadores de 1976, 11 gols
em 12 jogos.
Só que ele não entrou para a
história como gênio, como Tostão e Romário.
Mas, diante dos protestos, de
minha admiração por ele e das
alegrias que proporcionou, retiro sua retirada daquele ataque. Adiro à santa maluquice
do Matinas, agora respaldado
por tio Helena e pelo holandês
Van Gaal, e escalo cinco atacantes, com Jairzinho, Tostão,
Romário, Pelé e Rivellino;
mantenho Clodoaldo e Gérson;
e a defesa, com Carlos Alberto,
Brito, Piazza e Everaldo.
Dança o Félix, pobre goleiro,
porque com esse time não precisaria mesmo de ninguém para jogar com as mãos.
Juca Kfouri escreve aos domingos, às terças e às sextas-feiras
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