São Paulo, Sexta-feira, 19 de Fevereiro de 1999
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E depois dizem que a imprensa é mal-humorada

JUCA KFOURI
Colunista da Folha

Está vendo só, caro leitor. A gente nem pode elogiar que a resposta é imediata.
Sempre aparece algum ""Eurico Viana" para demonstrar cabalmente que a função da imprensa é mesmo de criticar.
Caí na asneira de reconhecer a excelência deste Rio-São Paulo e pronto!
Tivemos o primeiro ""W.W.O.O." da história do futebol mundial -um no Maracanã, o verdadeiro, e outro em São Januário, a farsa.
Meu tio Helena tinha até me dado a honra de chutar em gol uma bola que deixei quicando na área. Tudo em vão!
E volto aqui ao lengalenga de sempre. O Vasco, sempre o Vasco, ou melhor, ""Eurico Viana", sempre ""Eurico Viana", jogou tudo por água abaixo, por um capricho, porque tudo estava indo bem demais e eles precisam do caos para reinar.
E o Rio-São Paulo virou Bangu-Carandiru.

Euriquices à parte, é preciso analisar melhor essa questão do mando de campo.
Em época em que os estádios são estúdios, é perfeitamente compreensível que cada clube queira jogar em seu campo.
É claro que, se o regulamento determina outra coisa, cumpra-se o regulamento.
Mas não faz mais sentido a exigência de grandes estádios, desde que se assegure as condições para que torcedores e atletas tenham as condições necessárias, seja onde for.
As bilheterias não são mais as principais fontes de rendas dos clubes, e quem tem um São Januário, uma Vila Belmiro, está certo em querer jogar em casa, como ocorre no mundo todo.
O palco do tristemente inesquecível Brasil x Itália, na Copa de 1982, foi o acanhado, e já demolido, estádio de Sarriá.
Nem por isso, sem dúvida, o advogado do Vasco tem o direito de perpetrar a jóia da semana, ao dizer que o ""gramado de São Januário é confortável (!)". E saboroso?

Fui sair em defesa de meu querido ídolo Tostão, contra a opinião de meu também querido colunista Tostão, e quase sou linchado por botafoguenses que não se conformam com a idéia de ver Romário no lugar de Jairzinho no ataque da seleção de 1970.
A favor de minha aparente heresia, uma explicação: por questões técnicas, desapareceram cinco linhas daquela nota que ponderavam sobre os motivos da proposta.
Jairzinho foi o ""Furacão da Copa", autor de sete gols em seis jogos, deixou sua marca em todas as partidas e, bem depois, no fim da carreira, ainda foi um extraordinário homem de armação do Cruzeiro, campeão da Libertadores de 1976, 11 gols em 12 jogos.
Só que ele não entrou para a história como gênio, como Tostão e Romário.
Mas, diante dos protestos, de minha admiração por ele e das alegrias que proporcionou, retiro sua retirada daquele ataque. Adiro à santa maluquice do Matinas, agora respaldado por tio Helena e pelo holandês Van Gaal, e escalo cinco atacantes, com Jairzinho, Tostão, Romário, Pelé e Rivellino; mantenho Clodoaldo e Gérson; e a defesa, com Carlos Alberto, Brito, Piazza e Everaldo.
Dança o Félix, pobre goleiro, porque com esse time não precisaria mesmo de ninguém para jogar com as mãos.



Juca Kfouri escreve aos domingos, às terças e às sextas-feiras



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