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FUTEBOL
No grito e na bola
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
O Corinthians venceu no
grito e na bola. No final do
primeiro tempo, quando o São
Paulo atuava melhor, Fabinho,
marcador do Kaká, cansado de
correr por ele e pelo Vampeta, deu
o grito nos microfones: "Temos de
marcar o Ricardinho".
Mesmo que não tenha tido a intenção, foi um claro recado para o
Vampeta, que deveria marcar o
Ricardinho. Vampeta andava em
campo, e o meia atuava livre, iniciando todas as jogadas do São
Paulo. Numa dessas, Ricardinho
deu um passe de mestre para o
Luis Fabiano fazer o gol.
No vestiário, Geninho, que enxerga bastante o jogo, deve ter
apoiado o Fabinho. No segundo
tempo, Vampeta correu mais, e
Ricardinho sumiu por esse e outros motivos.
No primeiro tempo, o Corinthians estava também muito
apressado, afoito. A equipe perdia
facilmente as bolas. Senti falta da
paciência e do toque de bola da
época do Carlos Alberto Parreira.
Gil, não sei a razão, jogava pelo
meio e pela direita.
No segundo tempo, o Corinthians jogou com mais inteligência, velocidade, sem afobação e foi muito melhor do que o São
Paulo. Gil passou a jogar pela esquerda, como sabe. Os dois outros
gols, saíram do jeito que o time
gosta: de um cruzamento pelo alto, em lance de bola parada, e numa jogada individual do Gil.
O São Paulo criou as melhores
chances também do jeito que sabe, pelo meio. Não fez uma única
jogada pela lateral. Sem atacantes para marcar, Rogério e Kléber
ficaram livres para avançar e não
foram marcados. Se o Kléber estivesse bem, o Corinthians teria
chance de fazer mais gols.
Kaká, sem boas condições físicas, não teve mobilidade e velocidade para se deslocar e tentar a
jogada individual. Não deveria
ter atuado. Ou o problema não
era físico, e sim de apatia? Pouco
provável.
As escalações do Júlio Baptista,
na lateral, e do Gustavo Nery, na
zaga, não foram determinantes
na derrota, mas os dois confirmaram que não são da posição. Júlio
Baptista fez o que o Gabriel faria.
Gustavo Nery, com o seu potente
chute, fez falta na lateral esquerda. Fabiano continua tímido.
No sábado, Fumagalli deve ser
o substituto do Leandro. Não faz
diferença. Leandro é apenas um
jogador esforçado, tático, como
falam os técnicos. Não finaliza
(nem tenta) e não dá passes decisivos. Corre, marca, cisca e toca a
bola para o lado. Se entrar o Renato, e o Jorge Wagner jogar mais
adiantado, o time fica ainda mais
torto pela esquerda.
Com Leonardo na lateral direita, Júlio Santos na zaga, Júlio
Baptista no lugar do Maldonado
e, principalmente, se o Kaká estiver totalmente recuperado, o São
Paulo poderá jogar melhor. Os
torcedores não podem desanimar. Nada está decidido.
Modelos diferentes
Renato Gaúcho mostra a cada
partida que não era apenas um
excelente jogador. Era também
observador dos detalhes técnicos e
táticos.
Como na goleada anterior contra o Flamengo, o Fluminense jogou com duas linhas de quatro, uma marcação mais de perto e
dois atacantes. Essa é a melhor
maneira de se atuar defensivamente e no contra-ataque.
O Flamengo é uma equipe muito desorganizada. Pena que um
jogador habilidoso e vibrante como Athirson não tenha noção de
posicionamento. Ele novamente
abandonou a defesa e não fez
uma única jogada pela lateral. Só
pelo meio, onde se confundia com
Felipe. Falta orientação ao Athirson, o que se agrava pelos exagerados elogios que recebe. Ele deve
ter um bom marqueteiro.
Hoje, o Fluminense deverá
manter o esquema tático, provavelmente reforçado do Carlos Alberto. A principal preocupação do
Renato não deveria ser o Marcelinho, que é brilhante em jogadas
isoladas, principalmente em bolas paradas, e sim o Marques, que
é muito veloz, inteligente, habilidoso e solidário.
O Vasco atua num esquema parecido com o do Santos, com uma
linha de quatro defensores, dois
volantes, Marcelinho pela direita,
Leo Lima pelo meio, Marques pela esquerda (os três avançam e recuam para marcar) e um centroavante.
Levir Culpi disse que o Botafogo
também vai jogar dessa maneira.
Nenhum esquema funciona sem
bons jogadores. Além disso, esse é
um bom esquema para se jogar
no ataque. Time modesto tem de
jogar é no contra-ataque. O modelo do Botafogo deveria ser o do
Fluminense.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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