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TÊNIS
Da bola medicinal à bolinha
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
Há um ano e dois dias, Lleyton Hewitt conquistava pela
primeira vez, com facilidade, o título em Indian Wells. Nas semifinais, não deu chance a Pete Sampras; na final, passeou sobre Tim
Henman. Há quatro dias, a cena
se repetiu: nas semifinais, nenhuma chance para Vincent Spadea;
na final, no dia seguinte, um passeio sobre Gustavo Kuerten.
Hewitt continua soberano, um
talento indiscutível, uma agilidade incrível e uma raça invejável. É
cada vez mais o tenista a ser batido. Contudo, em Indian Wells-2003, o personagem foi o seu adversário na final.
Há um ano, Kuerten levantava
cedo, vestia um shorts, uma camiseta, calçava o tênis, mas não ia
para a quadra de tênis. Poucas semanas depois de passar por uma
cirurgia, no calor do fim do verão
brasileiro, ele entrava em uma sala de fisioterapia em Camboriú e
esticava uma toalha velha que
ganhara em Wimbledon sobre
um colchonete.
Ali, deitado, olhando para o teto, sozinho, colocava os joelhos
para cima, pés ainda presos no
chão. Punha, então, uma velha
bola medicinal, amarela, entre os
joelhos. E começava, enfim, uma
série interminável e entediante de
exercícios físicos.
Naquela época, um 19 de março
como hoje, passava horas e horas
de seu dia em uma rotina chata e
cansativa. Suava em bicas. O médico lhe havia liberado para correr. Fazia caminhadas, corridas
leves, exercícios na bicicleta ergométrica e, no máximo, brincava
na piscina, um alívio naqueles
dias quentes e abafados.
"Para quem achava que eu iria
ficar de folga, estou trabalhando
bastante. Na verdade, só não estou fazendo mais porque ainda
não posso", dizia, na época.
Há três dias, o brasileiro acordava cedo novamente, mas para
selar uma vaga na final do primeiro Masters Series do ano. Superava com uma ótima atuação,
em um jogo atrasado por causa
da chuva na véspera, o tenista
que mais cresceu neste ano, o alemão Rainer Schuettler.
Nesse um ano, entre Camboriú
e Indian Wells, entre a bola medicinal e a bolinha de tênis, entre a
água da piscina e a água da chuva, Gustavo Kuerten se recuperou
aos poucos.
Ainda no primeiro semestre de
2002, conseguiu voltar às quadras
para jogar o Aberto da França, na
Roland Garros que tanto adora.
No segundo semestre, foi bem no
Aberto dos EUA, conquistou um
título na Costa do Sauípe e chegou à final em Lyon, é verdade.
Neste início de temporada, ganhou o primeiro torneio que disputou, além de fazer outras duas
semifinais. Mas foi agora em Indian Wells que o brasileiro fez a
campanha que o coloca de volta
às paradas de sucesso.
A boa vitória sobre Goran Ivanisevic e, sobretudo, a excelente
vitória sobre Roger Federer devolveram (a ele e a nós) a certeza de
que, daqui para a frente, ninguém é mais imbatível para
Kuerten. Que, agora, vem com
mais recursos: está mais experiente, consciente e vibrante.
Hewitt falou: "Bem-vindo de
volta às grandes vitórias; bem-vindo de volta às grandes finais,
Guga". Agora é para valer.
Entre os pequenos
A chuva atrapalhou, mas não tirou a empolgação dos tenistas na Copa Gerdau, em Porto Alegre. Na categoria 18 anos venceram os estrangeiros: o espanhol Daniel Gimeno-Traver e a ucraniana Kateryna Bondarenko. Na categoria 16 anos, o paulista André Miele sagrou-se campeão, assim como a boliviana Maria Fernanda Alvarez. Na 12
anos, venceram a catarinense Mariel Maffezzolli e o sul-mato-grossense Lucas Melgarejo. Nesta semana, o circuito infanto-juvenil tem
o Credicard MasterCard Junior's Cup, no Clube dos Caiçaras, no Rio.
Entre as mulheres
Maria Fernanda Alves obteve o título do Torneio de Matamorros, no
México. Competição pequena, é claro, mas digna de registro. Nanda
Alves bateu Joana Cortez na final. Foi campeã também nas duplas.
E-mail reandaku@uol.com.br
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