São Paulo, terça-feira, 19 de abril de 2011

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ANÁLISE

A depreciação do automobilismo brasileiro cobra seu preço

FÁBIO SEIXAS
COORDENADOR DE PRODUÇÃO
DA SUCURSAL DO RIO


A F-1 correu em Interlagos em 7 de novembro. Autódromo tinindo, estrutura médica impecável, acesso rigoroso ao paddock, os melhores pilotos. No dia seguinte, tudo já estava desmontado.
No dia 21, no mesmo Interlagos, ocorreu uma rodada do Paulista de Automobilismo. Doze categorias em um só dia: de fuscas a DKWs, de antigos Stock Car a Gols bolinha, de picapes a fórmulas.
Sobre a barreira de pneus no fim da reta, na tomada para o S -local de escapadas e batidas-, havia um pedaço da arquibancada do GP, que estava sendo desmontada.
Um literal ferro-velho da F-1 esquecido bem no ponto que serve para absorção de impactos. Não é difícil imaginar o que aconteceria se um piloto tivesse batido por ali.
O Interlagos de verdade é esse, o do Paulista, não o que a maioria vê na F-1. É o circuito dos fuscas, não o das Ferrari. É a pista de Paulo Kunze, não de Alonso, Vettel e cia.
E Interlagos, aqui, vai além da estrutura física. Os acidentes e mortes recentes não são culpa só do traçado ou da falta de áreas de escape. Para correr no Paulista ou numa Copa Montana, basta um cursinho de pilotagem e a emissão de uma carteirinha.
Cursinho em carros com 100 hp. A Montana, que vitimou Gustavo Sondermann, usa motores de 340 hp.
Isso em São Paulo. Em outros circuitos do país, a situação é ainda mais precária.
O automobilismo brasileiro vai mal há muito tempo. E a depreciação chegou ao limite, a ponto de cobrar seu preço. Preço que vale vidas.


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