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BOXE
O Melhor do Mundo 2
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
O lutador com mais habilidade e potencial não é, necessariamente, o melhor pugilista
do mundo aos olhos do público.
Foi o que demonstrou uma pesquisa realizada no último final de
semana pela emissora norte-americana de TV a cabo HBO.
Embora Roy Jones Jr. (que
manteve o título unificado dos
meio-pesados com um show na
última semana sobre Richard
Hall) seja considerado pelos especialistas (inclusive por esta coluna) o melhor lutador do mundo
atualmente, os fãs discordam.
Os telespectadores que participaram da votação promovida pela HBO optaram por conferir a
honra ao campeão dos meio-médios pelo CMB (Conselho Mundial de Boxe), Oscar de la Hoya,
que acabou ficando com 43% dos
votos. Roy Jones teve de engolir a
segunda colocação, com 36%.
Na terceira posição ficou o ex-campeão dos pesos-pesados
Evander Holyfield, com 21%.
À primeira vista, o público foi
seduzido pelo marketing que envolve a figura de De la Hoya, pois
a velocidade das mãos e a pegada
de Roy Jones Jr. não têm paralelo.
Só para lembrar, foi justamente
Roy Jones Jr. que unificou os cinturões dos meio-pesados pela primeira vez em 14 anos. Fora isso,
ele raramente perde assaltos, tal a
facilidade com que domina os adversários (a única derrota aconteceu por desclassificação).
Mas, na realidade, são os adversários de um campeão que definem o seu lugar na história.
O fato é que De la Hoya foi beneficiado pela existência de um
rico elenco de coadjuvantes em
todas as categorias por que passou: Félix Trinidad, Júlio César
Chávez, Ike Quartey, John John
Molina, Hector ""Macho" Camacho, Pernell Whitaker, Jorge Paez
e Rafael Ruelas, só para citar os
campeões em seu currículo.
Algo parecido ocorreu com Muhammad Ali, principalmente nos
anos 70. É improvável que Ali fosse tão idolatrado hoje em dia se
não tivesse desenvolvido carreira
no período mais fértil entre os pesos-pesados, com rivais como
George Foreman, Joe Frazier, Ken
Norton, Jerry Quarry, Sonny Liston, Mac Foster, Oscar Bonavena,
Floyd Patterson etc.
Somente enfrentando adversários com o potencial para vencê-los os campeões podem mostrar
uma das maiores qualidades que
um pugilista pode ter: coragem,
fibra, estômago, colhões.
E quais os maiores nomes no
cartel de Roy Jones Jr.? Um valente, mas indisciplinado James Toney, Bernard Hopkins, um idoso
Mike McCallum e Virgil Hill, que
já estava em fim de carreira.
Mas nenhum deles chegou nem
perto de testar Roy Jones Jr, tal a
facilidade com que o boxeador
domina todos os seus adversários.
Não é culpa de Roy Jones Jr. não
contar com rivais à altura, que
exijam que ele demonstre até onde vão os limites de sua habilidade. Está fora de seu poder ter nascido em um período mais rico para suas categorias de peso, mas ele
acaba sendo punido (assim como
ocorria com Whitaker, que no auge de sua carreira foi imbatível)
pela falta de desafios de peso.
E isso afeta também a maneira
como os historiadores analisarão
sua carreira no futuro. Mas isso
não deveria ser razão para os fãs
não perceberem que estão presenciando o desenrolar da carreira
de um lutador muito especial.
Brasil 1
Roberto Messias, membro da
equipe de Popó, anunciou a
data em que Luís Cláudio, irmão do campeão dos superpenas pela Organização
Mundial tentará o cinturão
dos supergalos pela mesma
entidade: dia 17 de junho, no
México, contra Marco Antonio Barrera. Popó, aliás, é favorito na proporção de 6 para
1 nas bolsas de apostas para
vencer Lemuel Nelson, em
sua estréia na HBO.
Brasil 2
Laudelino Barros foi vítima
de um erro durante o ""Desafio Brasil x França", na última
semana. Descobriu-se que
um jurado havia somado errado os pontos das papeletas,
conferindo, equivocadamente, a vitória ao francês.
Brasil 3
Acontece na terça, no ginásio
Baby Barioni, a final do torneio Forja de Campeões.
eohata@folhasp.com.br
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