São Paulo, sexta-feira, 19 de maio de 2000


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+ESPORTE - PENSE

Tese retrata saga dos "marginais palestrinos" na capital paulista

DA REPORTAGEM LOCAL

Versão da dissertação de mestrado defendida no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, o livro ""Imigração e Futebol -O Caso Palestra Itália", de José Renato de Campos Araújo, faz uma análise do relacionamento do Palestra Itália com a sociedade paulistana nos primeiros anos de sua fundação.
Encarando o time como parte de algo mais abrangente -o futebol como fenômeno de massa-, Campos Araújo tenta fugir do viés oficial. Ele não está preocupado em relatar feitos e conquistas palmeirenses, mas em esmiuçar as relações entre uma associação de italianos no Brasil e a sociedade que a abrigou.
Um dos pontos interessantes é a importância do Palestra como fator de referência para os italianos recém-chegados a São Paulo. O time de futebol serviu para agrupar os imigrantes oriundos de todas as regiões da Itália.
Mas, justamente por agrupar os italianos, passou a gerar a antipatia da elite paulistana, que não via os imigrantes com bons olhos, muito menos sua participação em torneios de futebol.
E a importância que a elite dava ao esporte, numa época em que os jogadores eram chamados de senhores no relato das partidas, foi aumentando, especialmente após os anos 30.
Em 1933, por exemplo, a lista de convidados para um jogo entre paulistas e cariocas reunia nomes como os de Armando Salles de Oliveira, que governava o Estado, e Antônio Carlos de Assumpção, prefeito da capital.
Como, coincidindo com a maior atenção que o esporte já despertava, o Palestra Itália começou a ser considerado um dos grandes do futebol paulista, o time fez os italianos serem reconhecidos como ""indivíduos briosos, capazes de enfrentar a nata da sociedade paulistana".
Nesse sentido, o Palestra teria ajudado a formar a identidade do italiano em São Paulo. Mas, ao mesmo tempo em que auxiliou os imigrantes a conquistar seu espaço, o time teria sofrido, no início de sua trajetória e quando passou a obter títulos no gramado, boicote da mídia e das classes dominantes no Estado.
É interessante, aí, o trabalho de pesquisa do autor, que faz um balanço da cobertura jornalística da época e constata tratamento desigual dado ao Palestra.
Além de relatos desfavoráveis, a escalação do time, ao contrário das do adversário, que tinha até nomes e sobrenomes publicados, era muitas vezes ignorada. (JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO)
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