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+ESPORTE - PENSE
Tese retrata saga dos "marginais palestrinos" na capital paulista
DA REPORTAGEM LOCAL
Versão da dissertação de mestrado defendida no Instituto de
Filosofia e Ciências Humanas da
Unicamp, o livro ""Imigração e
Futebol -O Caso Palestra Itália", de José Renato de Campos
Araújo, faz uma análise do relacionamento do Palestra Itália
com a sociedade paulistana nos
primeiros anos de sua fundação.
Encarando o time como parte
de algo mais abrangente -o futebol como fenômeno de massa-, Campos Araújo tenta fugir
do viés oficial. Ele não está preocupado em relatar feitos e conquistas palmeirenses, mas em esmiuçar as relações entre uma associação de italianos no Brasil e a
sociedade que a abrigou.
Um dos pontos interessantes é
a importância do Palestra como
fator de referência para os italianos recém-chegados a São Paulo. O time de futebol serviu para
agrupar os imigrantes oriundos
de todas as regiões da Itália.
Mas, justamente por agrupar
os italianos, passou a gerar a antipatia da elite paulistana, que
não via os imigrantes com bons
olhos, muito menos sua participação em torneios de futebol.
E a importância que a elite dava ao esporte, numa época em
que os jogadores eram chamados de senhores no relato das
partidas, foi aumentando, especialmente após os anos 30.
Em 1933, por exemplo, a lista
de convidados para um jogo entre paulistas e cariocas reunia
nomes como os de Armando Salles de Oliveira, que governava o
Estado, e Antônio Carlos de Assumpção, prefeito da capital.
Como, coincidindo com a
maior atenção que o esporte já
despertava, o Palestra Itália começou a ser considerado um dos
grandes do futebol paulista, o time fez os italianos serem reconhecidos como ""indivíduos
briosos, capazes de enfrentar a
nata da sociedade paulistana".
Nesse sentido, o Palestra teria
ajudado a formar a identidade
do italiano em São Paulo. Mas,
ao mesmo tempo em que auxiliou os imigrantes a conquistar
seu espaço, o time teria sofrido,
no início de sua trajetória e
quando passou a obter títulos no
gramado, boicote da mídia e das
classes dominantes no Estado.
É interessante, aí, o trabalho de
pesquisa do autor, que faz um
balanço da cobertura jornalística
da época e constata tratamento
desigual dado ao Palestra.
Além de relatos desfavoráveis,
a escalação do time, ao contrário
das do adversário, que tinha até
nomes e sobrenomes publicados, era muitas vezes ignorada.
(JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO)
E-mail
mais.esporte@uol.com.br
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