|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Skate balzaquiano
Com 30 anos de estrada, esporte do "carrinho" busca estabilizar estruturas para manter crescimento, mas sem perder a atitude original
VANER VENDRAMINI
FREE-LANCE PARA FOLHA
Há 30 anos cortando asfalto e cimento no país, o skate nacional,
depois de três ou quatro vezes "na
moda", mostra sinais de amadurecimento e busca trocar o rótulo
de brincadeira de moleque por
profissionalismo de moleque.
Pelo menos é o que se espera ver
na prática na abertura do Circuito
Brasileiro de skate deste ano, que
acontece hoje, no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo.
Aumento da exposição na mídia, skatistas pipocando por todas
as regiões do país e uso de uma
imagem -as vezes deturpada-
do skate por empresas que não estão ligadas ao esporte são alguns
sintomas que mostram novamente o crescimento da popularidade do "carrinho" no Brasil.
A situação atual, entretanto, parece não deixar o skate nacional
tão vulnerável como no passado.
Segundo Alexandre Vianna,
presidente da Confederação Brasileira de Skate (CBSk), esse novo
crescimento seria a "consolidação
do que aconteceu nos últimos
anos. Uma das bases para isso foi
a solidificação da indústria nacional ligada ao esporte."
"Antigamente tivemos a Copa
Itaú. Hoje, temos o Crail World
Cup [etapa brasileira do circuito
mundial, com patrocínio principal de uma indústria de eixos de
skate"", declarou Vianna.
"Não que a gente não queira o
Itaú. Nós até queremos que o Itaú
vista de novo a nossa camisa. Mas
o importante é sempre ter as marcas de skate dentro das competições, para que a estrutura seja
mantida mesmo se os outros patrocinadores saírem", explicou.
"Em 1991, o skate morreu, mas,
nos últimos seis anos, tivemos vários resultados positivos internacionalmente, o que proporcionou
uma nova ascensão no esporte,
que culminou com o título mundial do Bob [Burnquist" no ano
passado", descreveu o skatista,
que também é editor da revista especializada "100% Skatemag".
Segundo a confederação, que
foi criada em 99, para manter o
crescimento do esporte no país é
necessário colocar cada vez mais a
palavra profissionalismo no dicionário do skate nacional. Para
desenvolver essa idéia, a entidade
começou o ano com o primeiro
Congresso Brasileiro de Skate, em
São Paulo. Outra novidade é um
manual de conduta e de regras para competições, assunto que foi
uma das discussões do congresso.
Outros temas discutidos em São
Paulo se relacionaram a uma visão mercadológica do esporte,
sem deixar de lado a filosofia que
mantém a "cultura do skate". O
suporte por parte do governo
também esteve em pauta.
"Somos uma das poucas confederações que se enquadram completamente na Lei Pelé. Assim,
quanto mais apoio tivermos dos
atletas filiados, mais força teremos para conquistar algo com o
governo", completou Vianna.
Uma das possibilidades é a busca por ajuda governamental para
montar delegações de atletas para
competições no exterior.
Para a etapa deste final de semana, um dos principais problemas
parece ter sido evitado: os atrasos
na montagem da estrutura, que já
estava completa e em uso na tarde
de ontem.
Porém outro problema relacionado ao horário surgiu com a crise energética, e a programação do
final das competições teve que ser
adiantada das 19h para as 18h.
O início do aquecimento dos
atletas também será adiantado, e,
com o horário pouco flexível, a
coordenação da prova terá que se
esforçar para controlar ao máximo as baterias.
Hoje, as eliminatórias têm início
hoje às 9h (street) e às 15h (vertical). As semifinais estão marcadas
para amanhã, e as finais devem
começar às 15h.
O ingresso para cada um dos
dias será 1 kg de alimento não-perecível ou um agasalho.
Alguns dos atletas que moram
no exterior com presença confirmada são Bob Burnquist, atual
campeão mundial de vertical,
Cristiano Mateus e Lincoln Ueda.
E-mail : outdoors@uol.com.br
Texto Anterior: Futebol - José Geraldo Couto - Circo no escuro Próximo Texto: Fora da trilha Índice
|