São Paulo, sábado, 19 de maio de 2001

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Skate balzaquiano

Com 30 anos de estrada, esporte do "carrinho" busca estabilizar estruturas para manter crescimento, mas sem perder a atitude original

VANER VENDRAMINI
FREE-LANCE PARA FOLHA

Há 30 anos cortando asfalto e cimento no país, o skate nacional, depois de três ou quatro vezes "na moda", mostra sinais de amadurecimento e busca trocar o rótulo de brincadeira de moleque por profissionalismo de moleque.
Pelo menos é o que se espera ver na prática na abertura do Circuito Brasileiro de skate deste ano, que acontece hoje, no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo.
Aumento da exposição na mídia, skatistas pipocando por todas as regiões do país e uso de uma imagem -as vezes deturpada- do skate por empresas que não estão ligadas ao esporte são alguns sintomas que mostram novamente o crescimento da popularidade do "carrinho" no Brasil.
A situação atual, entretanto, parece não deixar o skate nacional tão vulnerável como no passado.
Segundo Alexandre Vianna, presidente da Confederação Brasileira de Skate (CBSk), esse novo crescimento seria a "consolidação do que aconteceu nos últimos anos. Uma das bases para isso foi a solidificação da indústria nacional ligada ao esporte."
"Antigamente tivemos a Copa Itaú. Hoje, temos o Crail World Cup [etapa brasileira do circuito mundial, com patrocínio principal de uma indústria de eixos de skate"", declarou Vianna.
"Não que a gente não queira o Itaú. Nós até queremos que o Itaú vista de novo a nossa camisa. Mas o importante é sempre ter as marcas de skate dentro das competições, para que a estrutura seja mantida mesmo se os outros patrocinadores saírem", explicou.
"Em 1991, o skate morreu, mas, nos últimos seis anos, tivemos vários resultados positivos internacionalmente, o que proporcionou uma nova ascensão no esporte, que culminou com o título mundial do Bob [Burnquist" no ano passado", descreveu o skatista, que também é editor da revista especializada "100% Skatemag".
Segundo a confederação, que foi criada em 99, para manter o crescimento do esporte no país é necessário colocar cada vez mais a palavra profissionalismo no dicionário do skate nacional. Para desenvolver essa idéia, a entidade começou o ano com o primeiro Congresso Brasileiro de Skate, em São Paulo. Outra novidade é um manual de conduta e de regras para competições, assunto que foi uma das discussões do congresso.
Outros temas discutidos em São Paulo se relacionaram a uma visão mercadológica do esporte, sem deixar de lado a filosofia que mantém a "cultura do skate". O suporte por parte do governo também esteve em pauta.
"Somos uma das poucas confederações que se enquadram completamente na Lei Pelé. Assim, quanto mais apoio tivermos dos atletas filiados, mais força teremos para conquistar algo com o governo", completou Vianna.
Uma das possibilidades é a busca por ajuda governamental para montar delegações de atletas para competições no exterior.
Para a etapa deste final de semana, um dos principais problemas parece ter sido evitado: os atrasos na montagem da estrutura, que já estava completa e em uso na tarde de ontem.
Porém outro problema relacionado ao horário surgiu com a crise energética, e a programação do final das competições teve que ser adiantada das 19h para as 18h.
O início do aquecimento dos atletas também será adiantado, e, com o horário pouco flexível, a coordenação da prova terá que se esforçar para controlar ao máximo as baterias.
Hoje, as eliminatórias têm início hoje às 9h (street) e às 15h (vertical). As semifinais estão marcadas para amanhã, e as finais devem começar às 15h.
O ingresso para cada um dos dias será 1 kg de alimento não-perecível ou um agasalho.
Alguns dos atletas que moram no exterior com presença confirmada são Bob Burnquist, atual campeão mundial de vertical, Cristiano Mateus e Lincoln Ueda.
E-mail : outdoors@uol.com.br


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