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FUTEBOL
Briga de gente grande
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
O empate de ontem com o
todo-poderoso Cruzeiro, em
pleno Mineirão, pode não ter
apagado o trauma da derrota para o River Plate, mas mostrou aos
corintianos o caminho da recuperação: aplicação tática, toque de
bola, equilíbrio emocional.
Se o Corinthians tivesse jogado
assim com os argentinos, talvez
seu destino na Libertadores fosse
outro. O jogo de ontem foi disputado palmo a palmo, com cada time "girando" a bola e esperando
a brecha do rival para dar o bote.
Numa partida equilibrada como essa, há duas principais maneiras de vencer a marcação adversária: a jogada de linha de
fundo e a tabela rápida pelo meio.
Ambas exigem entrosamento e
qualidade técnica por parte dos
executantes.
O gol corintiano foi do primeiro
tipo; o cruzeirense, do segundo.
No primeiro, Jorge Wagner chegou à linha de fundo, levantou a
cabeça e cruzou na medida para
a conclusão de Gil. No empate
cruzeirense, uma rápida troca de
passes curtos entre vários jogadores desnorteou a defesa alvinegra
e deixou Deivid na cara do gol.
Não foi um jogo de correria burra ou "chuveirinhos" inócuos, como tantos que temos visto. Foi
uma bela partida de futebol.
No primeiro tempo, a meu ver,
o Corinthians esteve ligeiramente
mais bem postado em campo que
o Cruzeiro. Quando joga com três
zagueiros (formação que abandonou nas últimas partidas por conta da contusão de Luisão), o time
libera para o apoio seus bons laterais, Maurinho e Leandro, que
passam a ser autênticos alas.
Ontem, com dois zagueiros e
três volantes (Maldonado, Wendell e Recife), o Cruzeiro ainda reteve seus laterais no primeiro
tempo, diminuindo assim suas
opções ofensivas.
Na segunda etapa, houve duas
mudanças cruciais: a entrada de
Zinho e a mudança de posicionamento de Maldonado, que passou
a ser quase um terceiro zagueiro.
Com isso, os laterais se soltaram
mais e o meio-de-campo ficou
mais criativo. Cansados, os times
passaram a dar mais espaços para os oponentes. O resultado foi
um jogo franco, empolgante e indefinido até o último momento.
As águas argentinas passaram.
O Corinthians enfrentou de igual
para igual o melhor time do Brasil e mostrou que ainda pode ser
chamado de Timão.
O São Paulo venceu o Paraná,
mas jogou muito mal. Sem organização, sem criatividade e principalmente sem alegria, o tricolor
teve menos chances de gol que a
equipe paranaense.
Para piorar, Ricardinho saiu
contundido e a torcida, pequena e
hostil, parecia estar torcendo contra, o que aumentou a intranquilidade dos jogadores. Kaká, por
exemplo, foi vaiado mesmo depois de ter feito o primeiro gol.
O Guarani fez bonito, enfrentando o Flamengo no Maracanã
como se estivesse no Brinco de
Ouro. Aos poucos, o técnico Pepe
molda a equipe de acordo com
seu gosto e sua sabedoria.
Justo o Cruzeiro
Na coluna de anteontem, quando mencionei os poucos clubes
que desafiaram a hegemonia
do "trio de ferro" paulista nos
anos 90, deixei de fora, imperdoavelmente, o Cruzeiro, ganhador de uma Taça Libertadores e de três Copas do Brasil,
entre outras conquistas. Devo
esse reparo a um punhado de
leitores atentos.
Alívio alviverde
O Palmeiras voltou a respirar.
A goleada de 4 a 0 sobre o São
Raimundo pode ser o começo
de uma reação consistente na
Série B. O bom resultado restaura, ao menos momentaneamente, a autoconfiança do
elenco e garante uma trégua
por parte da torcida. Mas a situação ainda é crítica e qualquer novo tropeço poderá romper esse equilíbrio delicado.
E-mail jgcouto@uol.com.br
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