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AUTOMOBILISMO
Schumacher é campeão na Áustria e encosta na liderança da F-1, com dois pontos a menos que Raikkonen
Alemão supera fogo, terra e água e vence
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A ZELTWEG
Nada foi capaz de parar Michael
Schumacher em Zeltweg. Nem a
terra, nem a água, nem o fogo.
Aqui não há figura de linguagem.
Passando por cima de todos os
obstáculos, o alemão venceu ontem o GP da Áustria, sexta etapa
do Mundial de F-1, e encostou de
vez na liderança do campeonato.
Tem, agora, apenas dois pontos
de desvantagem para Kimi Raikkonen, o líder, que chegou em segundo lugar. Rubens Barrichello
completou o pódio em Zeltweg.
Como se quisesse apagar a marmelada de 2002, na mesma pista,
quando a Ferrari obrigou Barrichello a abrir mão da vitória em
benefício de Schumacher, este
correu com determinação incomum. A exemplo do que fez em
Imola, no dia da morte de sua
mãe, entrou no carro 15 minutos
antes da largada e lá permaneceu,
imóvel, buscando concentração.
Após duas largadas abortadas
por problemas no Toyota de Cristiano da Matta, Schumacher, o
pole position, manteve a ponta.
Atrás dele, Juan Pablo Montoya,
Kimi Raikkonen e Barrichello.
Veio então a água. Na 12ª volta,
começou a chover na região do
circuito, que tem um dos asfaltos
mais escorregadios da categoria.
Com a pista úmida, os pneus
Bridgestone, da Ferrari, ficam em
desvantagem para os Michelin, de
Williams e McLaren. Mesmo em
dificuldades, perdendo tempo em
relação a Montoya -6s8 entre as
voltas 16 e 17-, o alemão segurou
a liderança. E pôde respirar no 18º
giro, quando a chuva cessou.
Mas veio a terra. Que subiu
quando Antonio Pizzonia escapou da pista, na mesma 18ª volta.
Schumacher atravessou a nuvem
de poeira e, com a visibilidade recuperada, precisou agir rápido
para evitar a traseira do Jaguar.
Faltava o fogo, o pior de seus
problemas na corrida. Foi na 23ª
volta, em seu primeiro pit stop.
A válvula da mangueira de reabastecimento espirrou gasolina
sobre partes quentes do carro e
houve um princípio de incêndio.
Mesmo com a correria nos boxes e com as chamas a 30 cm de
sua cabeça, Schumacher manteve
a calma. Esperou o fogo ser apagado e voltou à pista em terceiro,
atrás de Montoya e Raikkonen.
"Pelo espelho, eu vi o fogo subir,
o que obviamente não era legal.
Mas achei que os mecânicos estavam trabalhando rápido com os
extintores e decidi ficar no cockpit", afirmou o piloto alemão.
"Mas não sabia quanto tempo durou o incêndio. Achei que o carro
pudesse ter sido afetado."
Não foi. De volta à pista, Schumacher ultrapassou Raikkonen
na 32ª volta, instantes antes de
Montoya abandonar a corrida,
com um problema de motor.
O pentacampeão, assim, reassumiu a ponta. Bateu o recorde do
autódromo na 41ª volta e, ao cruzar a linha de chegada em primeiro, vibrou como raras vezes.
Talvez por ter provado, mais
uma vez, que não tem adversários. Talvez por ter mostrado que
não precisa de ajuda para vencer.
O público de Zeltweg, que o
vaiou após a marmelada do ano
passado, ontem o aplaudiu de pé.
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