|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTSAL
Sem a visão do olho esquerdo desde os dois anos, Nei já marcou 20 gols
Cego de um olho, ala é
o artilheiro da Liga Futsal
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Artilheiro da Liga Futsal, Sidnei
Gomes, o Nei, originalmente pivô, atualmente ala do Banespa,
tem chamado atenção não só pelos 20 gols marcados até aqui, mas
também por enfrentar um problema que não o impede de superar os defensores adversários: não
enxerga nada pelo olho esquerdo.
"Faz tanto tempo que não tenho
visão deste olho que nem sei se é
mais difícil atuar assim", disse o
ala, que compensa a limitação
com muito movimento do pescoço. "Tenho que ficar atento ao que
acontece em quadra. Um erro pode custar um gol", completou.
Natural de São Simão (285 km
ao norte de São Paulo), Nei perdeu uma das vistas quando tinha
dois anos. Sua irmã Silmara, então com sete anos, brincava com
uma faca. "Cheguei por trás. Ela
não me viu e atingiu meu olho.
Foi um acidente", lembra ele.
De família de jogadores, Nei, 29,
tentou o futebol. Com 12 anos foi
para São Paulo e chegou a treinar
como atacante no Corinthians.
"Os garotos daqui já tinham
uma base. A preparação no interior era mais fraca. Acabei mudando para a quadra", contou.
Seu irmão Silvinho foi ponta-direita no Palmeiras e no Mogi Mirim, nos anos 80. Já seu primo, o
volante Gino, foi tido como revelação do Corinthians, mas não
vingou. Joga no Paysandu (PA).
A carreira de Nei no futsal também foi atribulada. Começou no
Água Branca, de São Paulo, que
nem existe mais. Passou em seguida por Chevrolet/GMC, antes
de peregrinar em times pequenos
pelo interior do Rio Grande do
Sul: Itaqui, Alegrete e Guaporé.
Voltou ao Estado de São Paulo e
atuou no Altinópolis, antes de ir
para o Banespa, em 1998.
"Nosso time está bem na liga
por causa desse entrosamento. A
base da equipe joga junta há dois
ou três anos", afirmou ele.
Sua aventura no esporte também incluiu uma volta aos campos. Em 1991, Nei ajudou o São Simão, time de sua cidade natal, a
não cair da Série A-2.
"Jogava na GM, que não sabia
da dupla jornada. Ia para São Simão nos fins de semana. Jogava
em troca das passagens. Aproveitava para visitar a família", disse.
Mesmo depois de passar por
tantas equipes pequenas, que frequentemente deixavam de pagar
salários, Nei é grato ao futsal.
"Devo a ele tudo o que consegui
na vida: casa, carro, formar minha
família [ele é casado e tem dois filhos"... Sem o futsal eu não teria
nada. Ou poderia estar até melhor. Mas como vou saber?".
O destaque nesta liga não o faz
sonhar com vôos mais altos.
Seleção brasileira? "É difícil. Depende do momento. O Brasil tem
excelentes jogadores", desdenha.
Título? "Este ano, a liga está
mais equilibrada. Muitos times
são candidatos ao título. Nós somos um deles", afirmou.
Texto Anterior: Futebol - José Roberto Torero: Meus cumprimentos! Próximo Texto: Finalista do basquete tem o mesmo problema Índice
|