São Paulo, terça-feira, 19 de junho de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTSAL

Sem a visão do olho esquerdo desde os dois anos, Nei já marcou 20 gols

Cego de um olho, ala é o artilheiro da Liga Futsal

ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Artilheiro da Liga Futsal, Sidnei Gomes, o Nei, originalmente pivô, atualmente ala do Banespa, tem chamado atenção não só pelos 20 gols marcados até aqui, mas também por enfrentar um problema que não o impede de superar os defensores adversários: não enxerga nada pelo olho esquerdo.
"Faz tanto tempo que não tenho visão deste olho que nem sei se é mais difícil atuar assim", disse o ala, que compensa a limitação com muito movimento do pescoço. "Tenho que ficar atento ao que acontece em quadra. Um erro pode custar um gol", completou.
Natural de São Simão (285 km ao norte de São Paulo), Nei perdeu uma das vistas quando tinha dois anos. Sua irmã Silmara, então com sete anos, brincava com uma faca. "Cheguei por trás. Ela não me viu e atingiu meu olho. Foi um acidente", lembra ele.
De família de jogadores, Nei, 29, tentou o futebol. Com 12 anos foi para São Paulo e chegou a treinar como atacante no Corinthians.
"Os garotos daqui já tinham uma base. A preparação no interior era mais fraca. Acabei mudando para a quadra", contou.
Seu irmão Silvinho foi ponta-direita no Palmeiras e no Mogi Mirim, nos anos 80. Já seu primo, o volante Gino, foi tido como revelação do Corinthians, mas não vingou. Joga no Paysandu (PA).
A carreira de Nei no futsal também foi atribulada. Começou no Água Branca, de São Paulo, que nem existe mais. Passou em seguida por Chevrolet/GMC, antes de peregrinar em times pequenos pelo interior do Rio Grande do Sul: Itaqui, Alegrete e Guaporé.
Voltou ao Estado de São Paulo e atuou no Altinópolis, antes de ir para o Banespa, em 1998.
"Nosso time está bem na liga por causa desse entrosamento. A base da equipe joga junta há dois ou três anos", afirmou ele.
Sua aventura no esporte também incluiu uma volta aos campos. Em 1991, Nei ajudou o São Simão, time de sua cidade natal, a não cair da Série A-2.
"Jogava na GM, que não sabia da dupla jornada. Ia para São Simão nos fins de semana. Jogava em troca das passagens. Aproveitava para visitar a família", disse.
Mesmo depois de passar por tantas equipes pequenas, que frequentemente deixavam de pagar salários, Nei é grato ao futsal.
"Devo a ele tudo o que consegui na vida: casa, carro, formar minha família [ele é casado e tem dois filhos"... Sem o futsal eu não teria nada. Ou poderia estar até melhor. Mas como vou saber?".
O destaque nesta liga não o faz sonhar com vôos mais altos.
Seleção brasileira? "É difícil. Depende do momento. O Brasil tem excelentes jogadores", desdenha.
Título? "Este ano, a liga está mais equilibrada. Muitos times são candidatos ao título. Nós somos um deles", afirmou.


Texto Anterior: Futebol - José Roberto Torero: Meus cumprimentos!
Próximo Texto: Finalista do basquete tem o mesmo problema
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.