São Paulo, quarta-feira, 19 de junho de 2002

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OITAVAS/ ONTEM

Turquia vence 1º mata-mata e elimina anfitrião

Aventura de japoneses em casa chega ao fim

RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL A MIYAGI

"A aventura acabou." Apenas nessa frase o técnico Philippe Troussier, do Japão, acertou ontem. A Turquia fez 1 a 0 no anfitrião da Copa em Miyagi e avançou às quartas-de-final -vai enfrentar agora o Senegal.
No primeiro mata-mata em Mundiais para japoneses e turcos, o francês que dirige o Japão foi decisivo. Escalou mal, mexeu mal e, após a partida, com a eliminação de sua equipe, chorou, como vários torcedores e jogadores.
""O mundo assistiu ao jogo. Não há dúvidas de que fizemos nosso melhor. Eu penso que estamos aptos a dar alegria às pessoas. Eu respeito nosso valor, que é um futebol agressivo", disse Troussier, que deixou o atacante Morishima, o melhor do jogo anterior, no banco até os 40min da etapa final.
O futebol do Japão foi tudo ontem, menos agressivo. Com o zagueiro Morioka, um dos mais experientes da equipe, na reserva, a Turquia fez seu gol em um lance dos mais simples -num escanteio cobrado quase na pequena área, Davala subiu sozinho e cabeceou para o gol.
Segundo o meia Nakata, maior ídolo japonês, faltou concentração e teria sobrado um pouco de "salto alto" no início da partida. "No começo, talvez", disse.
Antes do jogo, alguns jogadores japoneses já falavam de uma semifinal contra Brasil ou Inglaterra e até de uma possível final.
""Fomos desmerecidos. Mas o Japão tem um time muito bom. Fizeram um grande trabalho nos últimos anos. A Turquia irá representar o Japão agora no torneio", afirmou Senol Gunes, técnico turco, em uma tentativa de conquistar a torcida local para o confronto de sábado contra o Senegal.
No intervalo da partida, Troussier tirou o brasileiro naturalizado japonês Alex, que jogava bem, e o volante Inamoto, melhor atleta do time na competição. Colocou Ichikawa, não conseguiu o efeito esperado e o trocou também.
"Foi bom em termos táticos", disse Nakata sobre as alterações de Troussier, embora tenha tido problemas com o treinador antes da Copa. "Meu futuro na seleção depende do técnico", disse ele.
A chuva ontem, segundo turcos e japoneses, foi melhor para os europeus. "Depois do gol, nossa defesa jogou bem. A chuva foi boa para nós. É um grande dia para a Turquia", disse Unsal.
"Eles são muito bons com campo pesado. Conseguiram passar a bola rapidamente e bem", disse o atacante japonês Ono.
Davala, autor do gol turco, disse que o Japão não foi agressivo como afirmou o técnico Troussier. "Eles não foram perigosos na frente do gol", afirmou.
Gunes parece ter entendido melhor o que aconteceu com o time japonês, que nesta Copa conseguiu seus primeiros pontos e suas primeiras vitórias em Mundiais. "Eles são anfitriões. Tinham muita pressão. Nós tentamos fazer um jogo defensivo, e eles pensaram fazer o mesmo."
Os torcedores no estádio, apesar da frustração com a derrota, aplaudiram seus jogadores no final da partida -estes deram volta olímpica e saudaram os fãs.
"Nós poderíamos ter ido mais longe no torneio, mas aprendemos algumas coisas. A atmosfera, os fãs e os estádios foram muito bons. Eu sei que isso será uma grande experiência para o nosso time", afirmou Nakata.
Não está certo ainda o futuro de Troussier e do Japão até 2006.



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