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Parreira, 100, procura o embalo
Completando cem jogos à frente da seleção brasileira hoje, o técnico só conseguiu quatro vitórias seguidas
FÁBIO VICTOR
PAULO COBOS
ENVIADOS ESPECIAIS A HANOVER
Carlos Alberto Parreira, 62,
completa hoje, contra o México,
no segundo jogo do Brasil na Copa das Confederações, cem jogos
como técnico da seleção. Mas, como se fora um novato, ainda busca um embalo que jamais conseguiu e que ajuda a explicar a desconfiança com que sempre foi visto por muitos torcedores.
O carioca Parreira treinou o time nacional pela primeira vez há
22 anos. E, em três passagens pelo
cargo, o número máximo de vitórias seguidas que obteve foi quatro, uma marca ridícula quando
comparada com as maiores séries
de outros treinadores da seleção.
Apesar de permanecer muito
menos tempo à frente da equipe,
o antecessor imediato de Parreira,
Luiz Felipe Scolari, o ""Felipão",
teve como melhor marca nove vitórias seguidas. Vanderlei Luxemburgo alcançou 12. O guru
Zagallo, 14.
Com uma geração talentosa e
um esquema tático ousado, ele
tenta acabar com o estigma de sucesso intermitente que acompanha seu trabalho num momento
típico. Os quatro integrantes do
setor ofensivo da seleção que entram em campo hoje à tarde no
estádio de Hanover brilharam
diante do Paraguai, empacaram
contra a Argentina e foram muito
bem na estréia da Copa das Confederações, na vitória de 3 a 0 sobre a Grécia, em Leipzig.
Talvez escaldados com o histórico, alguns dos jogadores mais
experientes da seleção mostram
receio em relação à euforia criada
após a boa estréia contra os campeões europeus.
"Estreamos bem, mas não vamos nos deixar levar pelos elogios. Contra o Paraguai aconteceu
isso, e a gente viu o que veio depois contra a Argentina", alertou
o volante Emerson.
O chefe discorda. "O jogo da Argentina foi atípico. Aquilo foi um
acidente que não deverá ocorrer
de novo e que serviu de lição para
nossa equipe. Não tem nada a ver
com a situação de agora."
Parreira, que repete hoje o time
da estréia contra os gregos em
Leipzig, é apenas o segundo treinador a atingir a marca centenária na seleção. O primeiro foi o
parceiro Zagallo, que segue afastado do cargo de coordenador
por problemas de saúde -passou por uma cirurgia no intestino.
"Todo jogador de futebol,
quando completa cem jogos por
sua seleção, é motivo de orgulho.
Para mim, sem dúvida alguma,
dirigir a seleção brasileira também é. Fico muito satisfeito e orgulhoso", afirmou Parreira sobre
o seu feito.
Muitos jogadores nem sabiam
que o "professor" atingiria a marca na partida de hoje. "Estou sabendo agora. A maior homenagem que o grupo pode fazer é se
empenhar ao máximo para vencer e dedicar a vitória a ele", disse
o zagueiro Lúcio.
Para superar o seu colega de comissão técnica, Parreira terá que
seguir no comando da equipe
após a Copa de 2006, já que Zagallo tem hoje 37 partidas a mais,
número que não será alcançado
pelo time até o final do Mundial
do próximo ano. A hipótese parece improvável, já que técnicos
mais novos que ele, de renome internacional e muito bem relacionados com a CBF, como Luxemburgo, espreitam o cargo.
O Brasil lidera o Grupo B da Copa das Confederações, com o
mesmo número de pontos que os
mexicanos, mas com um saldo de
gols melhor.
Segundo Parreira, terminar em
primeiro ou segundo da chave é
indiferente. "Para nós o importante é classificar, o que pode
acontecer com uma vitória. Em
que lugar, não importa, até porque no outro grupo estão Argentina e Alemanha, dois favoritos ao
título como nós."
O Brasil encerra sua participação na primeira fase na próxima
quarta-feira, quando pega o Japão
de Zico em Colônia.
Na Copa das Confederações anterior, disputada na França, o
Brasil, já treinado por Parreira,
não passou da primeira fase. Assim, a garantia da classificação
hoje já é um bom avanço.
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