São Paulo, domingo, 19 de junho de 2005

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Parreira, 100, procura o embalo

Completando cem jogos à frente da seleção brasileira hoje, o técnico só conseguiu quatro vitórias seguidas

FÁBIO VICTOR
PAULO COBOS
ENVIADOS ESPECIAIS A HANOVER

Carlos Alberto Parreira, 62, completa hoje, contra o México, no segundo jogo do Brasil na Copa das Confederações, cem jogos como técnico da seleção. Mas, como se fora um novato, ainda busca um embalo que jamais conseguiu e que ajuda a explicar a desconfiança com que sempre foi visto por muitos torcedores.
O carioca Parreira treinou o time nacional pela primeira vez há 22 anos. E, em três passagens pelo cargo, o número máximo de vitórias seguidas que obteve foi quatro, uma marca ridícula quando comparada com as maiores séries de outros treinadores da seleção.
Apesar de permanecer muito menos tempo à frente da equipe, o antecessor imediato de Parreira, Luiz Felipe Scolari, o ""Felipão", teve como melhor marca nove vitórias seguidas. Vanderlei Luxemburgo alcançou 12. O guru Zagallo, 14.
Com uma geração talentosa e um esquema tático ousado, ele tenta acabar com o estigma de sucesso intermitente que acompanha seu trabalho num momento típico. Os quatro integrantes do setor ofensivo da seleção que entram em campo hoje à tarde no estádio de Hanover brilharam diante do Paraguai, empacaram contra a Argentina e foram muito bem na estréia da Copa das Confederações, na vitória de 3 a 0 sobre a Grécia, em Leipzig.
Talvez escaldados com o histórico, alguns dos jogadores mais experientes da seleção mostram receio em relação à euforia criada após a boa estréia contra os campeões europeus.
"Estreamos bem, mas não vamos nos deixar levar pelos elogios. Contra o Paraguai aconteceu isso, e a gente viu o que veio depois contra a Argentina", alertou o volante Emerson.
O chefe discorda. "O jogo da Argentina foi atípico. Aquilo foi um acidente que não deverá ocorrer de novo e que serviu de lição para nossa equipe. Não tem nada a ver com a situação de agora."
Parreira, que repete hoje o time da estréia contra os gregos em Leipzig, é apenas o segundo treinador a atingir a marca centenária na seleção. O primeiro foi o parceiro Zagallo, que segue afastado do cargo de coordenador por problemas de saúde -passou por uma cirurgia no intestino.
"Todo jogador de futebol, quando completa cem jogos por sua seleção, é motivo de orgulho. Para mim, sem dúvida alguma, dirigir a seleção brasileira também é. Fico muito satisfeito e orgulhoso", afirmou Parreira sobre o seu feito.
Muitos jogadores nem sabiam que o "professor" atingiria a marca na partida de hoje. "Estou sabendo agora. A maior homenagem que o grupo pode fazer é se empenhar ao máximo para vencer e dedicar a vitória a ele", disse o zagueiro Lúcio.
Para superar o seu colega de comissão técnica, Parreira terá que seguir no comando da equipe após a Copa de 2006, já que Zagallo tem hoje 37 partidas a mais, número que não será alcançado pelo time até o final do Mundial do próximo ano. A hipótese parece improvável, já que técnicos mais novos que ele, de renome internacional e muito bem relacionados com a CBF, como Luxemburgo, espreitam o cargo.
O Brasil lidera o Grupo B da Copa das Confederações, com o mesmo número de pontos que os mexicanos, mas com um saldo de gols melhor.
Segundo Parreira, terminar em primeiro ou segundo da chave é indiferente. "Para nós o importante é classificar, o que pode acontecer com uma vitória. Em que lugar, não importa, até porque no outro grupo estão Argentina e Alemanha, dois favoritos ao título como nós."
O Brasil encerra sua participação na primeira fase na próxima quarta-feira, quando pega o Japão de Zico em Colônia.
Na Copa das Confederações anterior, disputada na França, o Brasil, já treinado por Parreira, não passou da primeira fase. Assim, a garantia da classificação hoje já é um bom avanço.


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