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Ninguém fica indiferente diante do Palmeiras
JOSÉ GERALDO COUTO
da Equipe de Articulistas
É impressionante como a paixão clubística cega. Nas últimas semanas, na reta final de
Libertadores, Copa do Brasil e
Paulistão, foi grande o número
de leitores que se manifestaram
sobre o Palmeiras: uns apaixonadamente contra, outros
apaixonadamente a favor.
Às vezes, um mesmo texto escrito aqui era atacado por uns
como pró-Palmeiras e por outros como anti-Palmeiras.
Não era para menos: assim
como o Corinthians, o Palmeiras é um time altamente passional, diante do qual é impossível ficar indiferente.
É só lembrar o que ocorreu na
quarta-feira, contra o Deportivo Cali. A cada revés alviverde
(o gol do rival, o pênalti perdido por Zinho), espocavam no
céu de São Paulo quase tantos
fogos quanto nos gols palmeirenses. Duvido que haja tantos
colombianos na cidade.
Para não fugir da raia, expresso aqui minha opinião: o
Palmeiras é hoje o time mais
forte do Brasil -e o seria mesmo se tivesse perdido nos pênaltis para o Deportivo Cali.
No ano passado, quando conquistou a Copa do Brasil e a
Copa Mercosul, o time de Scolari já era competitivo, mas jogava um futebol sem brilho e
que dependia exclusivamente
de contra-ataques ou jogadas
aéreas com bola parada.
A volta de César Sampaio, a
ascensão de Alex, o reforço de
reservas de luxo, como Evair,
Jackson e Euller, além do entrosamento natural dos jogadores (reforçado, imagino, pela
orientação de Felipão), tornaram o Palmeiras um time muito mais completo, capaz de jogar um futebol empolgante e de
surpreender o adversário com
lances mais variados.
Além das jogadas aéreas
-que continuam sendo mortais-, o Palmeiras aprendeu a
tabelar, a triangular, a usar
seus atacantes como pivôs. Tudo isso graças à competência de
jogadores como Alex, Zinho,
Júnior e Paulo Nunes.
Enfim, tornou-se uma equipe
aguerrida e de alta qualidade
técnica, algo que o Corinthians
só tem conseguido ser de maneira intermitente, talvez por
não contar (ainda) com um
elenco de reservas à altura nem
com uma estrutura extracampo tão eficiente.
A decisão de amanhã, entre
Corinthians e Palmeiras, tem
um sabor estranho. Estarão os
palmeirenses, após a heróica
jornada de quarta, dispostos a
se matar em campo para reverter a enorme vantagem do rival
e conquistar um título de menor
importância relativa?
Não dá para saber. Quando
acabou o jogo contra o Deportivo, uns (como Alex) só pensavam no Corinthians; outros (como Paulo Nunes) tinham os
olhos voltados para Tóquio.
Se depender das torcidas e se a
rivalidade ganhar o primeiro
plano, vai ser um jogão.
Virou moda dizer que ""pênalti não é loteria, é competência". Não é bem assim. Se fosse,
Euller seria melhor do que Zinho, porque fez o seu, e Zinho
perdeu. Os nervos e o acaso
também pesam, e muito.
O pênalti, em última instância, é uma disputa técnica, mas
também psicológica, entre o
batedor e o goleiro.
Para que a competência
triunfe, é preciso ter ""pé-quente e cabeça fria", como diz a
música de Gilberto Gil.
E-mail jgcouto@uol.com.br
José Geraldo Couto escreve às segundas-feirase aos sábados
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