São Paulo, sexta-feira, 19 de julho de 2002

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Pentacampeão leva uma semana para anunciar intervenção no menisco

Denílson opera à surdina joelho que doeu na Copa

DA REPORTAGEM LOCAL

O atacante Denílson, 24, pentacampeão com a seleção brasileira na Ásia, disputou o Mundial com dores no joelho e foi submetido em segredo a uma cirurgia no local na quarta-feira da semana passada, em São Paulo.
Espécie de "primeiro reserva" da equipe de Luiz Felipe Scolari -entrou em cinco dos sete jogos da seleção no Mundial-, o jogador do clube espanhol Betis, que está de férias no Brasil, sofreu uma artroscopia no hospital Albert Einstein, na capital paulista, para sanar uma lesão no menisco lateral do joelho direito.
Ele foi operado pelo cirurgião Moisés Cohen, especializado em traumatologia e ortopedia do esporte e um dos maiores especialistas brasileiros no ramo.
Segundo a assessoria de Denílson, as dores começaram um pouco antes da Copa, depois que ele sofreu uma entrada por trás do meia Luis Enrique, do Barcelona, numa partida válida pelo Campeonato Espanhol.
Durante o Mundial, ele resolveu, ainda de acordo com seus assessores, não relatar o problema aos médicos da seleção brasileira, pois as dores não o estariam incomodando muito.
Em apenas uma partida -Denílson não quis precisar qual-, o atacante teve dificuldades em atuar por causa do joelho.
Ele só não jogou contra a Costa Rica, na primeira fase (foi poupado por já ter levado um cartão amarelo), e diante da Inglaterra, nas quartas-de-final. Nos outros jogos, entrou em campo só no segundo tempo e não teve atuação destacada em nenhum deles.
Durante o Mundial, Denílson teve um período de estima em baixa que chegou a preocupar o técnico Luiz Felipe Scolari.
O jogador resolveu fazer a artroscopia às escondidas para não causar alarde em torno de uma cirurgia "tão simples", como definiu sua assessoria de imprensa.
Mas foi o próprio Denílson, o atleta da seleção que mais deu entrevistas e participou de eventos festivos após a conquista do penta, que deixou escapar o "segredo" numa entrevista a uma rádio paulistana anteontem.
O atacante agora se nega a fazer comentários sobre a cirurgia, se resumindo a dizer que está passando bem e que irá se apresentar ao seu clube na data programada, o próximo dia 30.
De acordo com Denílson, o Betis deu permissão para que a operação fosse realizada no Brasil e irá receber uma fita com imagens da artroscopia, além de relatórios sobre a sua recuperação.
O chefe do departamento médico da seleção brasileira, José Luiz Runco, não sabia da cirurgia de Denílson até o início da noite de ontem -foi informado pela reportagem da Folha.
Tratou, porém, de minimizar o problema. "Isso pode incomodar um pouco, mas não impede ninguém de jogar", afirmou Runco.
Diferentemente do que informa Denílson, o médico da seleção declarou que sabia da dor do atleta durante o Mundial.
"Ele tinha uma queixazinha no joelho direito, sim. Mas fazia o trabalho de fortalecimento muscular e melhorava. Em momento nenhum isso atrapalharia a participação dele na Copa."
Apesar das ressalvas de Runco, o episódio envolvendo Denílson reforça a obscuridade em torno de problemas médicos com jogadores da seleção.
Pelo menos dois jogadores titulares, o meia-atacante Rivaldo e o lateral-esquerdo Roberto Carlos, tiveram de tomar antiinflamatórios durante o Mundial.
Apesar da relevância, a informação só veio à tona depois que a Copa chegou ao final.
Um dia após a realização da artroscopia, Denílson iniciou fisioterapia na clínica de Moisés Cohen, tratamento que permanece em curso e deve durar pelo menos mais uma semana.
Uma das fisioterapeutas do centro é a filha de Pelé Flávia Cristina, que só recentemente foi reconhecida pelo ex-jogador.


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