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BOXE
Terminou em pizza
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
A pizzaria Conexão está para fechar (o último dia de
funcionamento será domingo). E
o leitor pergunta: "E daí? O que é
que isso tem a ver com boxe?".
Bom, para começar, o lugar tem
a sua importância histórica.
No passado, foi lá que funcionou a Bel-Boxe Empreendimentos Ltda., primeira firma de boxe
brasileira verdadeiramente organizada em termos empresariais,
ligada às carreiras dos campeões
Eder Jofre e Miguel de Oliveira e
de Juarez de Lima.
Por um período, a pizzaria funcionou como uma das sedes da
Confederação Brasileira de Boxe
Profissional. Um fato, no mínimo,
exótico. Quem ligava procurando
informações esportivas, ouvia
ofertas do tipo: "Você quer experimentar nossa promoção do dia?".
Hoje, o local mantém sua conexão (desculpem o trocadilho) com
o boxe: suas paredes são decoradas com fotos de boxeadores, algumas autografadas por campeões como Rocky Marciano,
Carlos Monzon e "Mantequilla"
Nápoles. Outras relíquias: um ingresso da revanche entre Eder Jofre e o japonês "Fighting" Harada, e as luvas, autografadas, com
as quais Jofre ganhou o cinturão.
Não há como negar que o lugar
possui uma atmosfera própria.
Mas a atração é seu dono,
Abraão Katzenelson, 80, ex-promotor das lutas de Jofre. É certo
que o lituano tem seus detratores.
A empresa americana especializada em cartéis Fight Fax o acusa
de manipular cartéis de seus boxeadores. Também, após romper
com Katzenelson no final da carreira e assinar com Kaled Curi,
Jofre disse que se arrependia de
não ter tomado tal decisão antes,
"pois teria ganhado mais".
Mas é inegável o fato de que foi
o mais habilidoso promotor, baseado no Brasil, com 65 anos dedicados ao boxe. Até hoje seu nome carrega força -foi assim que
assegurou ao brasileiro Giovano
Andrade luta pelo título dos supermoscas da OMB, em 1996.
Mauro, o filho, segue a tradição.
Porém, sem querer ser indelicado
ou ofender, Mauro não é Abraão.
Nem vai ser. Ninguém vai.
Um dos passatempos de Katzenelson é contar suas histórias.
Uma delas foi a de quando levou o brasileiro Juarez de Lima
para a Austrália enfrentar um
pugilista em ascensão. O empresário do lutador local, preocupado com a reação do público caso o
brasileiro caísse rápido, perguntou: "Mas ele aguenta uns quatro
assaltos?". A resposta deixou apavorado o promotor do australiano: "Aguenta quatro, cinco, dez
assaltos e até vence o combate".
O último caso que contou foi o
de quando, durante programação no Nordeste, disse a técnicos e
boxeadores que um dirigente
paulista tinha camisetas promocionais do evento para distribuir.
Àquela altura, o tal dirigente estava em seu respectivo quarto
dormindo, pois tinha um vôo pela
manhã. A toda hora iam bater à
porta do dirigente, que, muito irritado, perguntava: "O quê? Estão
loucos? Não tem camiseta nenhuma comigo, me deixem dormir!".
Quando voltavam para relatar
o que havia ocorrido a Katzenelson, este dizia que agora, sim, as
camisetas já haviam chegado ao
quarto do tal dirigente, que naquela noite, pelo jeito, não deve
ter conseguido mesmo dormir.
Katzenelson quer alocar o local
onde funciona a Conexão ou passar o ponto (rua Canuto do Val,
69, Santa Cecília). Já há interessados em montar outros restaurantes ou casas de diversões. Pena!
Popó 1
Está oficialmente confirmado: cinco brasileiros lutam na programação em que Popó defende seus títulos no próximo dia 3: Laudelino Barros, José Archak (está se naturalizando e já defendeu o Brasil), Valdemir Pereira e Juliano Ramos, além do próprio Popó.
Popó 2
Uma irônica coincidência: o site BoxRec lista Ulisses Pereira como
uma das vítimas do brasileiro Kelson Carlos. Se tivesse mesmo tal
nome, esse rival seria homônimo do técnico que hoje trabalha com
Popó, que, por sua vez, rompeu com a Oficina de Idéias, que hoje
gerencia a carreira de Kelson Carlos. Documentação da Confederação Brasileira de Boxe não registra essa luta. Consultado, o editor
do BoxRec alegou que tais informações tiveram origem no Brasil.
Feminino
São Vicente foi a campeã do primeiro Brasileiro feminino.
E-mail eohata@folhasp.com.br
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